Estatísticas e Análises, Mundo | 21 de julho de 2015

Mamografias emitem muito menos radiação do que se pensava

Resultados apresentados em conferência surpreenderam especialistas
Mamografias emitem muito menos radiação do que se pensava

As mulheres que realizam mamografia recebem muito menos radiação do que se pensava, segundo um modelo simulado baseado em um pequeno grupo de mulheres. Estudantes da Universidade da Califórnia Davis descobriram que, ao examinar a radiação através de uma média simulada de tomografia computadorizada da mama, as doses na mamografia costumam ser superestimada numa média em torno de 30%.

“Nossos resultados sugerem que os danos da mamografia são menores do que se imaginava e, portanto, a sua eficácia é muito maior”, disse Andrew Hernandez, que liderou o trabalho, em entrevista ao site norte-americano Health Affairs. “Nossa pesquisa sugere agora que o risco de desenvolver câncer pelo rastreio mamográfico é 30% menor do que se pensava”. As descobertas foram apresentadas na conferência anual da American Association of Physicists in Medicine.

Com o intuito de determinar a quantidade apropriada de radiação necessária para as mamografias de triagem, os modelos atuais estimam a dose no tecido glandular, que pode ser danificado por radiação. Isso pressupõe que os tecidos glandular e adiposo são distribuídos uniformemente por toda parte. Mas a equipe coordenada por Hernandez e citou dois estudos anteriores que mostram que o tecido glandular é desigualmente distribuído (com a gordura também compreendendo uma porção do tecido mamário).

Os pesquisadores analisaram 219 mulheres de diferentes idades, com mamas de tamanhos e densidades diferentes, para estimar a radiação recebida durante uma mamografia, e descobriu que os modelos de limite atual superestimam as exposições de radiação em 25% a 35%, dependendo do paciente. Os novos modelos e medidas terão de passar por um processo de avaliação e validação antes de serem implementados na prática clínica, ressaltou Hernandez.

“Para uma determinada paciente, esses resultados poderiam ter até 50% de diferença ou poderia ser o mesmo, então acho que antes de implementar essas medidas de forma clínica, temos que validar ainda mais nossos métodos para mostrar a redução da dose de radiação”, afirmou Hernandez, em conferência de imprensa.

O novo método poderia controlar a dose de radiação para o feto. Ao combinar uma métrica de radiação já existente e uma nova métrica centrada no paciente, um outro grupo de pesquisa – da Escola de Medicina da UCLA – descreve uma fórmula para controlar a dose de “radiação fetal” para pacientes grávidas que realizam radiografia pélvica e abdominal.

O médico Michael McNitt-Gray, utilizaram o método CTDIvol (que controla a métrica de saída da radiação) em conjunto com a métrica que usa a radiação de acordo com o paciente, chamado Water Equivalent Diameter, para calcular a necessidade de cada paciente grávida. Isso deve ajudar a fornecer uma medida mais precisa para proteger o feto. “Isso significa que uma dose razoavelmente precisa para o feto poderia ser obtida simplesmente sabendo os dados da saída do scanner e o tamanho do paciente expresso neste diâmetro equivalente de água”, afirmou McNitt-Gray.

A equipe analisou dados de 18 pacientes grávidas com idade gestacional de 12 a 36 semanas, submetidas a exames (tomografias) clinicamente indicados. Eles usaram os dados de imagem da anatomia materna e fetal para criar seus modelos que simularam scans do abdômen e da pelve. McNitt-Gray destacou que esta técnica pode ser usada para determinar se o feto pode receber uma dose maior do que o recomendado pelas atuais normas. “Esperamos que esta seja uma ferramenta muito útil e prática para ajudar médicos em situações difíceis”.

Já a dose terapêutica de radiação recebida pelos pacientes com câncer de próstata, bem como a largura do reto, apontam para o risco do desenvolvimento de hemorragia retal após o tratamento do câncer da próstata, de acordo com os resultados de um grande estudo populacional coordenado pelo Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York.

O médico Joseph Deasy e sua equipe examinaram dados de 1.001 pacientes com cinco grupos de câncer de próstata e descobriram que pacientes têm um risco maior de ter hemorragias se o reto for exposto a uma dose elevada de radiação e se os pacientes têm um reto de largura reduzida.

Com esses fatores, os pesquisadores desenvolveram uma fórmula matemática para prever a probabilidade de sangramento retal. No geral, de 5% a 20% dos doentes com câncer de próstata tinham sangramento mesmo anos após o tratamento. “Esta fórmula tem potencial para ser usado em sistemas de planejamento de tratamento”, argumentou o Dr. Deasy.
Em conferência de imprensa, ele afirmou que uma dose de 45 Gy (unidade da radiação ionizante) foi a média – sendo 70 a 80 Gy uma alta dose – dos tratamentos, mas essa quantidade de radiação já seria um fator de risco para hemorragias.
Uma terceira variável foi descoberta e poderia determinar o risco de sangramentos: a utilização de Radioterapia com Intensidade Modulada (IMRT), que é uma forma mais específica de radioterapia. Segundo Deasy, trata-se de um método novo de terapia nos EUA, e os resultados não foram claros em relação a hemorragias.

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