Gestão e Qualidade | 12 de julho de 2024

Imunoterapia ganha relevância como pilar da luta contra o câncer

Abordagem ao paciente oncológico mudou graças à pesquisa clínica e aplicação de conceitos científicos.
Imunoterapia ganha relevância como pilar da luta contra o câncer

A imunoterapia consolidou seu papel no manejo do câncer. Nos últimos 13 anos, a aplicação de conceitos científicos, como biologia molecular e a pesquisa clínica incansável, trouxeram à prática do atendimento clínico oncológico este novo tratamento. Hoje é o quinto pilar na estrutura de abordagem do câncer, junto com a cirurgia, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia, e a terapia alvo molecular.

De acordo com o Dr. Sergio Jobim Azevedo, oncologista clínico integrante da Oncoclínicas RS (Oncoclínicas&Co), a pesquisa básica e molecular foi decisiva para o avanço da imunoterapia, ao possibilitar o reconhecimento dos mecanismos da doença oncológica a partir do conceito de que genes alterados causam câncer, e que quando uma neoplasia se desenvolve é porque o nosso sistema imunológico falhou. “Além disso, foi muito importante a parceria dos pesquisadores e da indústria farmacêutica em montar, desenvolver e apoiar a pesquisa clínica regrada e sistematizada em doenças do câncer”, afirma o especialista.

“A ciência e seus autores, entre eles dois Prêmios Nobel recentes nesta área, trouxeram para o dia a dia, com patrocínio público e privado, a manipulação ou modificação do sistema imunológico defeituoso do indivíduo de forma a retomar e recuperar efetivamente a luta do próprio paciente contra o próprio câncer”.


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O Dr. Azevedo destaca que a efetividade atual destes tratamentos é vista e medida em inúmeros pacientes com vários tipos de cânceres com aumento de sobrevida em comparação às terapias convencionais. Existem hoje conceitos de cura em tumores regularmente fatais até alguns anos atrás. Alguns pacientes com melanoma, câncer de pulmão de células não pequenas, por exemplo, com doenças metastáticas e incuráveis permanecem sem a doença quatro a cinco anos após início de tratamento. “Poucos tipos de tumores não são hoje passíveis de intervenção imunológica efetiva”, frisa.

Podem ser tratados cânceres prevalentes e raros, e há opções efetivas no uso da imunoterapia em vários cenários clínicos, tais como doença inicial, com metástase, pacientes com alto risco, antes ou depois de cirurgia, e até ao invés de cirurgia em estudos preliminares.

Desafio para identificar pacientes

No entanto, a imunoterapia não funciona para todos os pacientes e nem para todos os tipos de câncer. Por isso, a pesquisa básica e clínica busca identificar os indivíduos que devem responder aos tratamentos. Além disso, como existem toxicidades potenciais, foi preciso aprender sobre as consequências do sistema imune revigorado e que podem causar doenças autoimunes. Foi necessário, ainda, desenvolver uma expertise no manejo destas situações e efeitos colaterais.

“O desafio de persistir com a pesquisa clínica eticamente desenvolvida está presente. Precisamos manter os testes em humanos, regrados pelos comitês de ética em pesquisa”,afirma o Dr. Azevedo.“É uma oportunidade para a ciência, para a instituição, para o pesquisador, para a indústria e, mais importante de tudo, para os pacientes que podem estar em momentos difíceis, sem a alternativa ideal para seus tratamentos”, pondera.


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Riscos do controle de custos

“É crítico o reconhecimento do alto custo desta tecnologia”, salienta o oncologista. Ele considera que a justificativa usual da indústria sobre o alto custo do desenvolvimento destas drogas vale, talvez, para os primeiros um a dois anos em que um tratamento entra no mercado. “O custo da medicina no mundo está explodindo, quase impagável mesmo nas sociedades desenvolvidas”, acrescenta.

Para o Dr. Azevedo, o reconhecimento da eficácia ou efetividade de um tratamento, pela análise científica dos resultados apresentados, as análises de qualidade e segurança dos novos tratamentos não devem contaminar ou se confundir com conceitos de controle de custos. “Controlar custos na saúde pode causar segregação e discriminação entre a saúde patrocinada (saúde suplementar) e nossa saúde pública (SUS), que merecem as mesmas considerações”, finaliza.

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