Estatísticas e Análises | 7 de junho de 2024

Impacto-MR: novas pesquisas coletarão dados para reduzir as bactérias multirresistentes em UTIs do Brasil

O Ministério da Saúde e os hospitais BP, Hcor, Einstein e Sírio-Libanês, via PROADI-SUS, uniram-se para manter uma plataforma de coleta de dados para pesquisas a respeito da multirresistência bacteriana em pacientes internados em UTIs.
Impacto-MR novas pesquisas coletarão dados para reduzir as bactérias multirresistentes em UTIs do Brasil

Um dos problemas de saúde pública que o Brasil enfrenta é o das bactérias multirresistentes, ou seja, aquelas que se tornam resistentes a antibióticos e não podem mais ser combatidas com o uso de alguns desses medicamentos. Pensando nisso, o Ministério da Saúde, em parceria com os hospitais BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Sírio-Libanês, via Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), uniram-se para manter o projeto Impacto-MR, uma plataforma de coleta de dados para pesquisas a respeito da multirresistência bacteriana em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). De 2024 a 2026, os hospitais participantes terão atuações complementares dentro desse projeto.


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A BP, por exemplo, atuará na redução das taxas de infecção do Sistema Nervoso Central (SNC), avaliando casos relacionados a dispositivos de derivação ventricular externa (DVE) e cateteres de monitorização da pressão intracraniana (PIC). Já, o Hcor, coordenará o estudo ORACLE, focado nos cuidados de higiene bucal nos pacientes internados em UTI. “Acreditamos que um cuidado oral padronizado e constante reduzirá o número de infecções respiratórias e, assim, diminuirá a necessidade do uso de medicamentos que podem formar bactérias multirresistentes”, explica dr. Bruno Tomazini, médico-pesquisador do Hcor.


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O Einstein, por sua vez, dará continuidade a dois estudos sobre o potencial impacto na redução de infecções hospitalares associados à intensificação da higiene do ambiente da UTI – um deles, chamado ORG-CLEAN, será realizado com um novo agente desinfetante, o Organosilano; e o outro estudo, o Hy-Light, sobre os impactos da luz UV e do peróxido de hidrogênio em aerossol. Além disso, pretende também avaliar os efeitos do contato com um farmacêutico clínico via telemedicina, com o intuito de reduzir o uso de antimicrobianos em UTIs; investigar se o número de enfermeiros em relação à quantidade de pacientes afeta a taxa de mortalidade das pessoas internadas; e, ainda, analisar como o uso de antimicrobianos na produção de proteína animal para consumo pode afetar a saúde humana.


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Em paralelo, o Hospital Sírio-Libanês estará encarregado de dar continuidade ao estudo VATICAN, a primeira pesquisa mundial que avalia a necessidade do uso de antibióticos em pacientes com traqueobronquite associada à ventilação mecânica (TAV) e, pela primeira vez, apresentará o SAFE-REDUCE, um estudo que pretende melhorar a qualidade de cuidado das equipes assistenciais em UTIs, também buscando reduzir o uso dos antibióticos.


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“Os pacientes graves internados em UTIs estão mais suscetíveis à resistência bacteriana, uma vez que os antibióticos são amplamente utilizados nos cuidados nesse ambiente. Por isso, desenvolvemos a plataforma, que, a partir dos dados coletados, nos possibilitará conhecer melhor as diversas realidades e planejar ações para fornecer um melhor cuidado aos pacientes nas UTIs brasileiras, reduzindo tanto as infecções hospitalares quanto o desenvolvimento de microrganismos multirresistentes aos antibióticos”, argumenta Renata Mattos, gerente do projeto de pesquisa pelo Sírio-Libanês.

Segundo a profissional, há uma cultura médica de que os antibióticos não apresentam riscos – ou de que apresentam riscos mínimos –, e é aí que se dá o uso indiscriminado pela equipe, mesmo na menor suspeita de infecção.

Para se ter uma ideia, de acordo com estudos, cerca de 70% dos pacientes internados em UTIs fazem uso de antibióticos e, aproximadamente, 50% desses medicamentos – usados sem a evidência de que há realmente uma infecção – são mantidos em uso por 72h ou mais.


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A plataforma, desenvolvida em 2018, é colaborativa entre os hospitais representantes do PROADI-SUS e os responsáveis por alimentá-la com dados e conclusões de seus subprojetos são as próprias instituições participantes, que têm o desafio de disponibilizar recursos para uma base de dados completa para que os profissionais consigam fazer avaliações epidemiológicas de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e à multirresistência bacteriana (MR).

Para mais informações, acesse a página do projeto.

PROADI-SUS  

O PROADI-SUS foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. 

Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; a qualificação de profissionais; as pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; a gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e a melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. 

 



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