Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 9 de setembro de 2021

Hospital Moinhos realiza procedimento inédito em Porto Alegre para portadores de esôfago de Barrett

Terapia conhecida como ablação minimiza risco de complicações  
Hospital Moinhos realiza procedimento inédito em Porto Alegre para portadores de esôfago de Barrett

Pacientes portadores do esôfago de Barrett, que é uma complicação do refluxo gastroesofágico, possuem um novo tratamento no combate à doença. A Unidade de Endoscopia do Hospital Moinhos de Vento realizou, pela primeira vez em Porto Alegre, uma ablação endoscópica por radiofrequência. O paciente, um homem de 50 anos, possuía a enfermidade e displasia de alto grau.

Mundialmente difundida e já realizada no Brasil, a nova técnica consiste na ablação por radiofrequência de toda a extensão do esôfago comprometido. “Com dispositivos colocados por meio de um endoscópio e com visualização direta, é possível cauterizar de forma controlada a mucosa doente. Um gerador específico entrega de forma precisa e automática a quantidade de energia exata para alcançar a erradicação da parte enferma e, ao mesmo tempo, minimizar o risco de complicações”, explica o chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo, Fernando Wolff.

O procedimento é destinado a pacientes com esôfago de Barrett que apresentaram alterações conhecidas como displasias de alto grau — ou, até mesmo, câncer precoce que já foi tratado. Após a resolução dessas alterações também por endoscopia, muitas vezes, há um risco aumentado de novas transformações em câncer. Por isso, é importante tratar a mucosa afetada. “Antes da radiofrequência, o que podíamos fazer era acompanhar esses pacientes com exames endoscópicos seriados para a detecção precoce do adenocarcinoma esofágico. Esse tratamento, nesse momento, geralmente é cirúrgico”, alerta a gastroenterologista Luiza Haendchen Bento. Ela acrescenta que o grande diferencial é que a ablação de todo o epitélio atingido impede que o problema evolua para um tumor.

Menos invasiva e com recuperação rápida

A opção é menos invasiva e com menor incidência de eventos adversos. Pode ser feita ambulatorialmente ou com poucos dias de internação para manejo inicial da dor e da dificuldade para engolir — problema que pode ocorrer em alguns casos. O paciente, que realizou o procedimento no final de julho, conforme Luiza, passa bem e agora segue um acompanhamento médico rigoroso. “A doença do refluxo é muito prevalente: estima-se que 12% da população seja acometida por esse mal. Cerca de 10% dos pacientes que procuram o médico por doença do refluxo apresentam esôfago de Barrett. Mas não se sabe ao certo a incidência no Brasil e no RS”, conta Luiza.

 A tecnologia

Registrada na Anvisa (Reg. nº 10349000491, 10349000492 ) e fabricada pela Medtronic (empresa de tecnologia médica com sede nos Estados Unidos), a inovação possui capacidade de fornecer uma quantidade controlada de terapia ablativa, reduzindo significativamente o risco de complicações. O gerador e o cateter Barrx™ RF são projetados para trabalharem em conjunto para alcançar uma profundidade de ablação entre 500μm (mícron) e 1.000 μm, aproximadamente. Engloba dois procedimentos em um, fornecendo flexibilidade para escolher um cateter para tratamentos de áreas maiores ou os cateteres focais para áreas menores.

Esôfago de Barrett

A patologia é uma alteração da mucosa (revestimento interno) da porção do esôfago próxima da junção com o estômago, ocorrendo como uma complicação da Doença do Refluxo Gastroesofágico. Na maioria dos casos, a evolução é benigna, exigindo apenas acompanhamento endoscópico periódico. “Entretanto, em alguns pacientes, surgem alterações pré-malignas (displasia de alto grau) ou mesmo malignas (câncer de esôfago) dentro dessa mucosa alterada. Quando descobertas precocemente, essas lesões são tratadas por técnicas endoscópicas, e, após essa etapa, é necessário que todo esôfago de Barrett seja adequadamente tratado a fim de diminuir o risco de novas lesões de maior risco”, conclui Fernando Wolff.

 



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