Tecnologia e Inovação | 5 de dezembro de 2017

Hospital Moinhos de Vento lança cirurgia robótica na instituição

Tecnologia passará a operar na primeira quinzena de janeiro
Hospital Moinhos de Vento lança cirurgia robótica na instituição

O Hospital Moinhos de Vento lançou, oficialmente, o início da cirurgia robótica na instituição. O evento de inauguração teve como tema “O papel da robótica nas cirurgias minimamente invasivas” e contou com a presença de especialistas no assunto e gestores de instituições de saúde do Rio Grande do Sul, no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm.

Mesa de discussão – Créditos: Leonardo Lenskij

 

O DaVinci, como é chamado o robô, entrará em funcionamento na primeira quinzena de janeiro no hospital. A expectativa é realizar mais de 100 procedimentos no primeiro ano, ampliando esse número com o passar do tempo.

Mohamed Parrini – Créditos: Leonardo Lenskij

 

A abertura foi apresentada pelo Superintendente Executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, que classificou os 90 anos do Hospital como “uma história baseada em inovação”. “Somos a primeira instituição privada do Estado a oferecer a tecnologia, que vai elevar as competências técnicas do corpo clínico. Queremos ser um polo de educação e de parceria no desenvolvimento da Urologia e de outras especialidades”, diz. Parrini também afirmou que o programa já está em andamento e que alguns dos médicos da instituição iniciarão o treinamento em breve.

urologista e professor da Universidade do Sul da Califórnia, André Berger, compartilhou suas experiências como um dos brasileiros pioneiros em cirurgia robótica. O especialista, natural de Porto Alegre e radicado nos Estados Unidos há 10 anos, contou os benefícios desse tipo de inovação. “As cirurgias robóticas têm crescido no mundo. São feitas através de pequenas incisões, com cortes menores, diminuindo o sangramento do paciente e o tempo de recuperação. Assim, é possível voltar à rotina mais rapidamente. Além disso, a plataforma faz com que os cirurgiões explorem seus limites e ofereça opções em alta complexidade”, ressalta.

Dr. André Berger – Créditos: Leonardo Lenskij

 

Berger também explicou a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos na cirurgia robótica. “É uma questão de volume, tem muito mais sistemas robóticos disponíveis nos Estados Unidos, quase 3 mil sistemas. Versus menos de 40 no Brasil. Ao mesmo tempo, a tecnologia robótica já foi implementada lá há mais tempo. Basicamente, o que temos lá são mais pacientes sendo operados com a via robótica e, consequentemente, os cirurgiões tem uma chance maior de resolver expertise no procedimento”, conta.

Sobre os métodos de pagamento desse tipo de operação, o Urologista disse que no país norte-americano os planos de saúde cobrem a cirurgia robótica e os planos de saúde que cobrem esse tipo de procedimento são muito restritos, fazendo com que o paciente deva pagar de seu próprio bolso.

O cirurgião destaca que a tendência do Brasil é aumentar o número desse tipo de procedimento com o tempo. “Eu acho que é uma tendência natural, já tem um aumento do número de sistemas robóticos sendo implementados no Brasil. Consequentemente, daqui algum tempo esse tipo de procedimento vai ser incluído no Hall da ANS, ou seja, os convênios vão ter que cobrir esses procedimentos. E isso vai possibilitar com que mais pacientes tenham acesso a tecnologia e mais cirurgiões sejam treinados”, explica.

Antonio Luiz de Vasconcelos Macedo, cirurgião-geral do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do Comitê de Cirurgia Robótica da Associação Paulista de Medicina e membro-fundador da Clinical Robotic Surgery Association, disse que a cirurgia robótica faz muita diferença para o paciente e veio para ficar. “Os pacientes buscam por esta tecnologia, e temos que nos adaptar a essa realidade. Com certeza é melhor para eles e os resultados são sempre muito positivos. Cabe a nós, profissionais, nos aprimorarmos cada vez mais para operar cada vez melhor”, completou.

Dr. Antonio Luiz de Vasconcelos Macedo – Créditps: Leonardo Lenskij

 

Artur Seabra, chefe do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Moinhos de Vento, explicou o processo histórico da cirurgia minimamente invasiva. “(A cirurgia minimamente invasiva) Vêm sendo desenvolvida desde o final dos anos 80 no mundo inteiro, quando os cirurgiões começaram a trocar grandes incisões, grandes aberturas do abdômen ou do tórax, por pequenos furos e apoio de imagem transmitida através de uma ótica com transmissão para um monitor”, conta.

Seabra as classifica como “cirurgias que visam tratar a situação sem trazer dano importante para o paciente. Para ele, a robótica é o próximo passo desse tipo de procedimento. “A medida que os procedimentos por vídeo foram sendo realizados e se tornando mais complexos, a mão humana chegou em seu limite. Tem cirurgias que a gente passa a ter uma limitação física da execucação de movimentos pela rotação dos instrumentos e do próprio braço. O robô vem complementar o que o vídeo nos trouxe, a medida que a imagem que a gente tinha em 2 dimensões passou para 3. Então da uma sensação de profundidade adequada. E os braços robóticos, sob comando do cirurgião, conseguem fazer movimentos que a nossa mão não consegue fazer. A robótica é a evolução dos procedimentos minimamente invasivos”, conclui

O evento encerrou com uma mesa de discussão com a participação dos palestrantes, do cirurgião do aparelho digestivo Leandro Totti Cavazola, do urologista Milton Berger, e do chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento, Eduardo Carvalhal. Os especialistas destacaram o crescimento do número de cirurgias bariátricas com o uso da robótica, a importância da parceria do treinamento médico em centros de simulação realística, como o que já está em prática em outras instituições, e as diversas aplicações da robótica na cirurgia oncológica urológica.

Como funciona

A cirurgia robótica é a realização de procedimentos cirúrgicos com o auxílio de uma unidade de comando. O DaVinci reúne três componentes principais: um console ergonômico do cirurgião, um totem de quatro braços cirúrgicos interativos junto ao paciente e uma torre de vídeo de alta definição.

O cirurgião manipula, com seus dedos, controles que transferem remotamente todos os comandos às pinças, filtrando pequenos tremores ou movimentos muito bruscos. A visão se dá a partir de dois sistemas ópticos de alta qualidade que proporcionam uma visão em três dimensões com imagem em altíssima definição. Os detalhes dos tecidos podem ser ampliados com aumento digital, sem perder a definição. A imagem fica maior sem a perda de espaço de trabalho para o cirurgião e mantendo a compreensão da anatomia. Isso se traduz em maior segurança e precisão.

As pinças permitem liberdade de movimentos de 360 graus (ou até 720°, dependendo da configuração), muito mais amplos e precisos do que os realizados pela mão humana. Cada movimento é guiado diretamente pelo cirurgião com níveis elevados de segurança, impedindo movimentos autônomos do braço robótico, sendo esse um ponto importante da nova tecnologia. Em primeiro momento, o DaVinci será utilizado para procedimentos em áreas com maior prevalência – urologia, coloproctologia, ginecologia, digestiva, torácica e cirurgia geral.

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