Hospital Mãe de Deus anuncia obras que aumentarão em 30% a capacidade de atendimento
Investimentos iniciais de R$ 144 milhões e geração de mil empregos
A saúde do Rio Grande do Sul recebeu uma grande notícia na quinta-feira (24). Foi anunciada a expansão do Hospital Mãe de Deus, que aumentará em 30% a capacidade de atendimento do complexo, beneficiando diferentes áreas e especialidades clínicas, em um total de 37 mil metros quadrados de área ampliada. O investimento tem estimativa inicial de investimento de R$ 144 milhões. A conclusão das obras, que serão divididas em quatro etapas, é prevista para 2024, devendo gerar 1.000 novos empregos, em diversas áreas, nos próximos cinco anos.
O início das obras poderá ocorrer até o segundo semestre de 2019, mas ainda depende da liberação junto aos órgãos públicos.
Especialidades estratégicas do hospital, como Cardiologia, Traumatologia e Ortopedia, Neurologia, Oncologia e Cirurgia, serão algumas das principais áreas contempladas pelo processo de expansão.
Confira como serão as quatro etapas da expansão.
Etapa 1
Com valor estimado de R$ 41 milhões, a primeira etapa do projeto prevê a criação de dois novos prédios, ampliação da Emergência e avançado centro de radioterapia. Com isso, serão criados 105 novos leitos de internação e 20 leitos de “hospital dia” para casos de baixa complexidade, consultórios e novos acessos para internações. Nesta etapa, 20 novos leitos de CTI Neonatal acompanharão a expansão do Centro Obstétrico, que ganhará novas salas de parto humanizado e cirúrgicos. O novo prédio ainda contará com um heliponto, importante recurso para atender a pacientes de regiões distantes e no transporte de órgãos para transplante, entre outras demandas. São previstos 24 meses para a conclusão desta etapa.
Etapa 2
A segunda fase do projeto tem como principal destaque a construção de outro prédio na Rua Grão Pará, voltado a receber os Serviços de Imagem e Diagnósticos, que ganharão novos recursos em tecnologia. Esta área contará com acesso facilitado para pacientes eletivos (não internados) e comunicação com todo corpo do hospital.
Etapa 3
A terceira etapa inclui um novo Centro Cirúrgico com 20 salas operatórias e 40 leitos de recuperação, além de nova CTI Adulta com 60 leitos. Ambas as áreas estarão localizadas em mais um prédio que será construído, com acesso pela Rua Costa.
Etapa 4
Completando o projeto, a quarta fase prevê a intensa reforma da Torre Alfa, consolidando a modernização dos seus quartos de internação, que terão seus espaços ampliados, com novos banheiros, acessibilidade e conforto para pacientes internados.
Superintendentes destacam investimentos
A apresentação do projeto foi realizada pelo Superintendente Executivo do Hospital Mãe de Deus, Fábio Fraga, e pelo Superintendente Geral da AESC, mantenedora do hospital, Fernando Barreto. O Portal Setor Saúde entrevistou as duas lideranças, com exclusividade.
Fábio Fraga (Superintendente Executivo do Hospital Mãe de Deus)
- Radioterapia e Oncologia integradas
Entre as novidades previstas, estão a integração das áreas de Radioterapia e Oncologia, após a conclusão das obras de expansão. O superintendente executivo saudou a novidade, analisando os tratamentos atuais para pacientes com câncer. “O mais importante é realizar o tratamento com a multidisciplinaridade que o câncer exige hoje. Nós tivemos um passado, não muito distante, onde o paciente com o câncer era “um paciente condenado”, tinha o tratamento de uma forma muito agressiva. Hoje, temos a absoluta certeza que novos tempos estão por vir, e já vivemos esses novos tempos. O Hospital Mãe de Deus sempre se destacou no tratamento do câncer, e trazendo uma unidade moderna de Radioterapia para dentro do complexo, trazemos todo o nosso conhecimento, a integração das equipes, a facilitação para que esse paciente seja tratado de uma forma mais breve”, destacou.
Fraga explicou a expansão e a melhor qualidade que serão oferecidas. “Nosso foco hoje é fornecer uma medicina de qualidade, com acesso fácil e custo bastante adequado”, ponderou.
- Modelos de remuneração e eficiência no tratamento
O superintendente executivo também apontou as deficiências que os modelos de remuneração atuais trazem ao sistema de saúde. “Quando falamos de modelos de remuneração, de utilização dos serviços de saúde, nós temos que envolver todos os atores envolvidos (paciente, operadoras, hospitais). Infelizmente, o modelo atual acaba premiando a ineficiência. Hoje, grande parte dos modelos de remuneração trabalha nos pontos de “quanto mais se utiliza, maior o custo, e mais eu recebo”. Isso leva a uma insustentabilidade do setor. Nós não podemos receber o mesmo pagamento para um paciente que poderia ser tratado de uma forma muito mais rápida. Nós devemos caminhar para tentar acertar a remuneração do serviço dentro do desfecho. O que interessa para o hospital é atender o paciente de uma forma breve, com poucas complicações, com eficiência, possibilitando um breve retorno para a casa e, consistentemente, com um custo adequado. Remunerar de uma forma eficiente, tanto para quem paga, quanto para quem recebe”, ressaltou.
Fernando Barreto (Superintendente Geral da AESC)
- Entrega assistencial com qualidade
O superintende geral fez uma análise do que significará para o mercado o desenho conceitual da obra, ressaltando que as melhorias buscadas ultrapassam o ponto quantitativo (aumento de leitos e da área hospitalar), pois também visam elevar a qualidade do atendimento.
“Só o leito em si não representa muito, é um quantitativo. Eu acho que há uma proposta de qualidade assistencial e de serviços do Mãe de Deus, que, aí sim, com os novos leitos, nós conseguimos entregar. No fundo, nosso objetivo é alcançar uma resolutividade maior de situações que se busca em assistência. O leito é só uma das dimensões que, em paralelo, permite que viabilizemos a entrega assistencial com qualidade, ao custo que a pessoa possa ter acesso. Temos que ter sempre em mente que a saúde nunca possa ser elitizada, temos que fazer o máximo possível para que as pessoas possam ter acesso àquilo que temos a oferecer. Existe todo um processo que busca ganhar eficiência na entrega, para que fique mais barato para todo mundo, para que as pessoas possam pagar e sem nós ficarmos com uma porção de recursos obsoletos, ociosos, ou que as pessoas gostariam de ter, mas não podem”, salientou.