Mundo, Tecnologia e Inovação | 2 de julho de 2024

Hospital israelense trata pacientes que sofrem com tremor essencial com uso de ultrassom guiado por ressonância

Dispositivo garante eficácia na condição de saúde e garante mais qualidade de vida para portadores; no Brasil, Câmara estuda projeto de lei que trata do tema.
Hospital israelense trata pacientes que sofrem com tremor essencial com uso de ultrassom guiado por ressonância

Um Projeto de Lei que tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados busca classificar os portadores de Tremor Essencial (TE) como pessoa com deficiência, desde que sejam atendidas as condições previstas no Estatuto da Pessoa com Deficiência. O TE é uma doença neurológica que pode afetar diversas partes do corpo em diferentes intensidades, inclusive com tremores incontroláveis que limitam ou afetam movimentos. O avanço da legislação que trata do tema no Brasil segue enquanto a ciência evolui na busca de tratamentos eficazes. Um exemplo vem de Israel, onde um procedimento que usa um ultrassom focalizado guiado por ressonância magnética está conseguindo excelentes resultados.


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O procedimento, chamado de FUS (do inglês MRI-guided focused ultrasound), está sendo aplicado pelo Rambam Health Care Campus, localizado na cidade de Haifa, ao norte de Israel, considerado o maior hospital da região. Recentemente, um paciente de 57 anos e que há 30 anos convivia com fortes tremores nas mãos foi tratado com sucesso e experimentou atividades simples que antes não conseguia fazer, como pegar uma porção de espaguete com um garfo e martelar um prego.


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“O tremor essencial é vinte vezes mais comum que a doença de Parkinson. Os pacientes normalmente sofrem de tremores nas mãos, dificultando tarefas simples, e a condição pode piorar com o tempo”, explica a Dra. Ilana Schlesinger, diretora do Instituto de Distúrbios do Movimento do Departamento de Neurologia do Rambam.


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Para o tratamento dessa doença, descreve Ilana, “foi usado o ultrassom focalizado guiado por ressonância magnética, o FUS, para queimar com segurança áreas específicas do cérebro identificadas como a origem do tremor. O procedimento é relativamente curto, com duração entre uma e duas horas, e substitui a necessidade de cirurgia invasiva, sem qualquer necessidade de perfurar ou abrir o crânio cirurgicamente”.


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Um paciente pode sentir tremores em uma ou em ambas as mãos, contudo, cada lado é tratado separadamente. Pouco tempo após o procedimento, os tremores direcionados cessam e o paciente recebe alta. Em alguns casos, se necessário, após alguns meses um segundo procedimento pode ser realizado.

Alon Sinai, neurofisiologista do Instituto de Distúrbios do Movimento do Rambam, responsável por supervisionar o procedimento FUS, ressalta: “trata-se de um modo de tratamento altamente direcionado e a precisão é crucial. Por isso, durante sua realização, usamos imagens guiadas por ressonância magnética para avaliar a condição do paciente em tempo real. Desta forma, podemos alcançar os melhores resultados.”

Equipe do Rambam com paciente recuperando firmeza nas mãos3

Em Israel, o tratamento de Tremores Essenciais com FUS faz parte do rol de cobertura nacional de saúde e é usado como recurso eficaz para tratar outras condições neurológicas, incluindo doença de Parkinson, o que aconteceu de forma inédita em um caso em que o paciente sofria de rigidez muscular e problemas de mobilidade, além de tremores. O paciente não respondia às terapias médicas tradicionais e sofria de grave comprometimento funcional e o FUS trouxe a ele importante melhora e qualidade de vida.

O Rambam é um dos poucos centros médicos em todo o mundo a realizar FUS. O hospital israelense foi escolhido por uma startup do país para averiguar e implementar uma nova geração desse tipo de dispositivo, que deve ampliar a eficácia e a variedade de patologias neurológicas a serem tratadas.

 



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