Os resultados do projeto Coração Bem Cuidado, realizado no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), foram apresentados pela primeira vez na sessão de “Late Breaking Science”, durante o Congresso Europeu de Cardiologia (ESC Congress 2023), realizado em Amsterdã, na Holanda. O estudo realizado pelos hospitais Moinhos de Vento e Hcor, em parceria com o Ministério da Saúde, avaliou o uso do telemonitoramento em pacientes que receberam alta após internação por insuficiência cardíaca.

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A pesquisa reuniu 699 pacientes de 30 centros distribuídos por todo o país. Eles foram divididos em dois grupos: intervenção e controle. Para o grupo intervenção, os participantes receberam diariamente SMS (short message service) para monitoramento do status de seu tratamento. A depender das suas respostas, a equipe do centro realizava contato telefônico para novas orientações. Membros do grupo controle receberam acompanhamento clínico padrão, preconizado para Insuficiência cardíaca, em seu centro de referência.

“Tivemos acesso a informações de pacientes de todas as regiões do Brasil. Levar esses dados para a comunidade internacional com um estudo desenvolvido pelo Proadi-SUS é muito importante”, avalia a cardiologista e líder do projeto no Hospital Moinhos de Vento, Mariana Blacher.

Iniciada em 2018, a pesquisa se estendeu até 2023 e concluiu que não houve diferença nos desfechos clínicos entre os dois grupos. Entretanto, aqueles que receberam acompanhamento remoto, a intervenção do estudo, se mostraram mais cuidadosos em relação à condição de saúde e seu tratamento.

“A conclusão maior do estudo é que, embora essa estratégia de telemonitoramento tenha aumentado escalas de autocuidado na insuficiência cardíaca, ela não conseguiu se traduzir na melhora de indicadores específicos do problema ou de desfechos clínicos. Isso sugere que devemos focar nossa ação em estratégias que já foram consolidadas no tratamento”, explicou o coordenador do trabalho do Hospital Moinhos de Vento, Luís Eduardo Rohde, que participou do evento na Europa.

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Felix Ramires, médico e pesquisador responsável do Hcor, descreve o projeto como “fantástico” por conseguir reunir duas instituições referência em cardiologia e por trabalhar com 30 centros de pesquisa no Brasil abrangendo todas as regiões.

“Foi um estudo que atravessou a pandemia com a confiança dos pesquisadores e suas equipes. Realizar um trabalho assim, que atuou nas áreas mais remotas do país, em parceria com o Ministério da Saúde, foi uma grande experiência”, descreveu.

O Proadi-SUS é uma parceria entre o Ministério da Saúde e seis hospitais sem fins lucrativos: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio–Libanês.  Criado em 2009, seu propósito é apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde.