Tecnologia e Inovação | 15 de abril de 2016

Homem com paralisia volta a mover a mão graças a implante cerebral

Sistema desenvolvido nos EUA interpreta a atividade cerebral do paciente
Homem com paralisia volta a mover a mão graças a implante cerebral

Uma cirurgia para implante de um chip no cérebro fez um homem paraplégico mover os dedos pela primeira vez desde que teve paralisa. O jovem Ian Burkhart é tetraplégico há quase seis anos, devido a um acidente durante um mergulho que atingiu sua coluna vertebral. A lesão afetou os movimentos dos braços na parte inferior aos cotovelos e as pernas.

Graças a uma tecnologia inovadora desenvolvida nos EUA e um longo processo que iniciou em 2014, ele recuperou o controle da mão direita e dos dedos individualmente. O sistema, desenvolvido por uma equipe da Universidade de Ohio é capaz de interpretar a atividade cerebral do paciente. O estudo é conduzido pelo neurocirurgião Ali Rezai.

Um chip implantado no córtex motor do cérebro de Ian descodifica a atividade dos seus neurônios, quando ele pensa em movimentar a mão. Um pequeno cabo transmite esses sinais para um computador, que devolve impulsos elétricos que estimulam os músculos através de uma “manga” e provocam o movimento.

Burkhart admite que sentiu “um grande choque” ao poder mexer sua mão novamente. O paciente conseguiu mover os dedos individualmente e até tocar guitarra em um famoso jogo de videogame.

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Os cientistas levaram 10 horas para programar o computador para que ele entendesse os sinais cerebrais do paciente. Ele usou uma luva com 130 eletrodos, que estimula e contrai diferentes músculos do braço.

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Os resultados, publicados na revista Nature, confirmaram que o paciente recuperou a capacidade de pegar e mover objetos grandes, colocar líquidos em copos, passar um cartão de crédito. Os movimentos foram realizados em sessões de sete horas de acompanhamento, que o deixaram “completamente fatigado e exausto mentalmente”, diz a publicação.

“Você realmente tem que dividir cada parte do movimento e pensar sobre ele de forma muito concentrada”. Os especialistas – e o próprio Ian Burkhart – acreditam que, com a prática constante, o paciente será capaz de aprender novos movimentos de forma mais rápida.

Contudo, segundo a revista The Atlantic, ainda são necessárias muitas melhorias no sistema: reduzir o atraso entre o pensamento e a ação; melhorar a tecnologia para esta ser mais sensível à atividade dos neurônios e aumentar a qualidade do sinal; e fazer com que o paciente recupere movimentos mais complexos como afastar os dedos ou levar a ponta do polegar à dos outros dedos, para além do indicador.

A parte mais complexa é treinar o computador para que reconheça os sinais emitidos pelo cérebro. Não apenas o próprio Ian Burkhart, mas “o software também está aprendendo e se adaptando”, salientou o engenheiro Chad Bouton, um dos líderes do estudo. Os pesquisadores esperam que a tecnologia ajude milhões de pessoas com paralisia, vítimas de derrames ou com danos cerebrais.

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