Tecnologia e Inovação | 30 de agosto de 2016

Google inicia estudos para melhorar a diferenciação entre tecido cancerígeno e saudável

Parcerias adotarão a Inteligência Artificial
Google inicia estudos para melhorar a diferenciação entre tecido cancerígeno e saudável no tratamento de radioterapia

A Google DeepMind, laboratório de pesquisa em inteligência artificial localizado no Reino Unido, anunciou que está trabalhando em um projeto para melhorar o tratamento de câncer de cabeça e pescoço, para colaborar com o National Health Service (NHS), sistema de saúde britânico.

A unidade de pesquisas em Inteligência Artificial (IA) com sede em Londres é uma parceria com a University College London Hospitals (UCLH), que busca melhorar exames disponíveis para radioterapeutas, utilizando o aprendizado das máquinas. O projeto vai usar dados (scans) anônimos de até 700 antigos pacientes.

A radioterapia destrói células tumorais, enviando feixe de radiações ionizantes, minimizando danos às células saudáveis ​​ao seu redor. Os médicos focam o tratamento através de um processo chamado de segmentação. “Literalmente faz um desenho em torno de diferentes partes da anatomia do paciente em exames, deixando as máquinas de radioterapia saberem qual é tecido-alvo e qual tecido deve ser ignorado”, explica reportagem do jornal The Guardian.

O processo é particularmente penoso e lento para cânceres de cabeça e pescoço, tomando cerca de quatro horas do tempo de um médico. A DeepMind acredita que suas técnicas de IA podem reduzir esse tempo para uma hora.

“A nossa colaboração vai analisar cuidadosamente os scans anônimos de até 700 pacientes antigos da UCLH”, afirmou a empresa, em comunicado. Assim, espera-se “determinar o potencial de aprendizagem da máquina para fazer o planejamento mais eficiente para a radioterapia”. Os médicos “continuarão a ser os responsáveis ​​por decidir os planos de tratamento de radioterapia, mas espera-se que o processo de segmentação possa ser reduzido de até quatro horas para cerca de uma hora”.

Dr. Yen-Ching Chang, gestor clínico da radioterapia na UCLH, afirmou que “o desenvolvimento de aprendizagem da IA que pode fazer automaticamente a diferenciação entre tecido cancerígeno e saudável em exames de radioterapia vai auxiliar os médicos no planejamento de tratamento de radioterapia. Isto tem o potencial para liberar os clínicos para usarem mais tempo no atendimento ao paciente, em educação e pesquisa, os quais seriam um benefício para os pacientes e para as populações que atendemos”.

O co-fundador da DeepMind, Mustafa Suleiman, que liderou os esforços de saúde da empresa, acrescentou que “esta aplicação no mundo real da tecnologia de IA é exatamente a razão para termos criado a DeepMind. Estamos muito animados para trabalhar com a equipe de radioterapia da UCLH para explorar como a IA pode ajudar a reduzir o tempo que se leva para planejar o tratamento de radioterapia para pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Esperamos que este trabalho possa resultar em benefícios reais para pacientes com câncer em todo o país e para os médicos que os tratam”.

O trabalho colaborativo surge após o anúncio, feito em fevereiro, de que a DeepMind está trabalhando com o Royal Free Hospital no monitoramento de funções renais dos pacientes para ajudar a capturar e tratar a insuficiência renal aguda em pacientes hospitalizados. Da mesma forma, em julho foi divulgado um projeto de pesquisa em conjunto com o Moorfields Eye Hospital, que busca examinar a possibilidade do uso de IA para identificar doenças oculares em exames de retina. Os dois hospitais britânicos são ligados à NHS.

“Assim como acontece com as outras colaborações da NHS, o projeto irá levantar questões sobre acordos de compartilhamento de dados da DeepMind com o serviço de saúde”. A DeepMind reitera que vai “tratar os dados dos pacientes que estamos usando neste projeto com o máximo cuidado e respeito. Todos os exames serão anônimos e estarão de acordo com a política de Governança da Informação da UCLH antes de serem compartilhados”.

A UCLH acrescentou mais informações em uma publicação sobre dúvidas frequentes relacionadas ao projeto. “A UCLH garantirá rigorosamente que nenhum dado de identificação pessoal será incluído no banco de dados de exames entregues ao projeto DeepMind Health. Durante o curso do projeto deverão ser tomadas medidas rigorosas para proteger a segurança dos dados, e não poderão ser divulgados a qualquer outra pessoa que não sejam os pesquisadores e engenheiros que trabalham no projeto”.

Os dados que contribuírem para o estudo só podem ser utilizados para a pesquisa que explora a utilização de IA para identificar e diferenciar entre células saudáveis ​​e cancerígenas em imagens de radioterapia”, conclui o The Guardian.  A DeepMind Health deverá destruir, de forma segura, todas as cópias dos dados anônimos recebidos através do acordo.

VEJA TAMBÉM