O ano de 2021 do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) gerou muita tensão em certo período, principalmente a partir do final de fevereiro, com o maior número de casos de Covid-19 que o Grupo atendeu desde o início da pandemia. Mesmo com as dificuldades, o Diretor Presidente Cláudio Oliveira salienta que as equipes estavam bem treinadas e conseguiram dar respostas à altura. Ao projetar o ano de 2022, o 11º entrevistado da Série Especial do portal Setor Saúde, com CEOs de hospitais e operadoras do Rio Grande do Sul, informa que o Centro de Oncologia e Hematologia deverá ter sua obra concluída.

Além de analisar o ano de 2021, Oliveira anuncia que em 2022, além da entrega do Centro de Oncologia, uma série de ações na área de Recursos Humanos serão intensificadas. Ele aborda ainda os ensinamentos que a pandemia deixa e os principais gargalos a serem enfrentados. Para Oliveira é importante entender que nos próximos anos poderemos ver mais casos agravados de outras doenças, o que impactará na necessidade de aumento de recursos para a saúde. No final da entrevista, ele deixa um agradecimento especial aos profissionais da saúde.

Confira a entrevista completa.

2021: Equipes bem treinadas, cirurgias eletivas e aumento de custos

A pandemia, como era esperado, alterou as rotinas do GHC, uma estatal federal, com atendimento 100% SUS, vinculada ao Ministério da Saúde. Com 9.204 empregados do quadro próprio, na pandemia foi necessário buscar mais 1.039 contratos temporários. “Sabíamos que em 2021 ainda teríamos reflexos da pandemia, que a Covid ainda não deixaria totalmente a nossa rotina. Em final de fevereiro de 2021, iniciou o período de maior tensão e de maior número de casos que tivemos. Por sorte, as equipes estavam treinadas e conhecendo mais o comportamento do vírus e as suas consequências. Nosso ano foi de certa forma mais tranquilo após isso. A vacinação dos profissionais de saúde ocorreu sem maiores percalços e foi efetiva, diminuindo as taxas de contaminação entre os profissionais e o número de hospitalizações. Iniciamos mutirões de cirurgias eletivas e atendimentos das outras doenças, visto que era um problema que deveríamos enfrentar por causa da pandemia”, destaca Oliveira.

Outro desafio enfrentado durante a pandemia foi em relação ao aumento dos custos. “O Grupo Hospitalar Conceição é um dos maiores grupos hospitalares do Sul do País [Hospital Fêmina, Hospital Nossa Senhora da Conceição, Hospital Criança Conceição e Hospital Cristo Redentor], com isso, se torna responsável pela aquisição de grandes quantidades de produtos da área da saúde. Nosso almoxarifado central controla cerca de R$ 150 milhões em produtos e materiais por ano. Durante a pandemia visualizamos um aumento dos valores praticados, muito em consequência da alta procura de determinados produtos ou medicamentos, ainda mais com o aumento da inflação, outro fator preponderante para os aumentos de preços. ”

2022: Centro de Oncologia e Hematologia e Recursos Humanos

Para Oliveira, 2022 será um ano importante. “Finalizaremos a obra do Centro de Oncologia e Hematologia do GHC, neste Centro, atenderemos pacientes oncológicos, numa estrutura moderna e com o incremento da radioterapia, pois hoje temos somente quimioterapia, com 94 leitos.”

A edificação da estrutura iniciou no ano de 2018 e contará com sete pavimentos, em área projetada total de 14.380,70m². O Centro irá reunir no mesmo local unidades de diagnóstico (ambulatório e recursos de imagem) e tratamento (radioterapia e internações) necessárias para atendimento de pacientes com câncer. Além de ampliar a assistência destes casos pelo SUS, realizará transplantes de medula. A unidade visa humanizar o tratamento hospitalar, conforme a Política Nacional de Humanização (PNH).

Ele anuncia ainda algumas ações previstas visando a área de Recursos Humanos. “Seguiremos também trabalhando na conclusão dos planos de Recursos Humanos, tais como: Plano de Cargos Carreiras e Salários, Plano de Demissão Voluntária, Plano de Previdência Complementar, Dimensionamento da Força de Trabalho, com vistas a implementar estes planos e colocar o GHC num outro patamar”, projeto o Diretor Presidente.

No final de dezembro de 2021, o GHC lançou o Plano de Demissão Voluntária (PDV) para a adesão de funcionários com mais de 10 anos de atuação e aqueles com idade entre 60 e 74 anos. Em entrevista ao portal Setor Saúde no lançamento do PDV (20 de dezembro), Oliveira estimou o impacto na folha de pagamento por ano. “O impacto na folha de pagamento, com a adesão de 50 a 60%, gira em torno de R$ 70 milhões. Se tivermos a adesão de todos os 1.200 colaboradores, subimos para R$ 166 milhões de economia por ano. Mas sabemos que a adesão de todo contingente é bastante difícil, principalmente os profissionais médicos neste primeiro programa. ” Ele acrescentou que outros PDVs poderão ser lançados em breve.

Cerca de 1.200 funcionários se encaixam dentro do perfil elegível para o PDV. “Nossa expectativa é de adesão entre 50% e 60% deste público”, revelou Oliveira, ao reforçar que caberá ao servidor a decisão de optar ou não pelo plano.

Tendências que impactarão o setor da saúde com mais força nos próximos anos

“O setor da saúde está sofrendo os impactos da pandemia, a pandemia ainda não terminou. O surgimento de novas variantes, ainda nos deixa em alerta. Nos próximos anos devemos ver mais casos agravados de outras doenças, com isso, aumento de recursos para tratamento dos pacientes. O Sistema Único de Saúde (SUS), vem comprovando a sua efetividade e sua qualidade, com certeza iremos atender a todos com a devida prioridade”, afirma o executivo.

Reinventar e gargalos a serem enfrentados

Para Oliveira, é inegável que a pandemia colocou todos os gestores à prova, necessitando uma reinvenção por parte dos mesmos. Ele destaca, porém, que mesmo agora, ainda é necessário manter uma atenção especial em relação à oferta de leitos. “A pandemia quando iniciou colocou todos gestores à prova, tivemos que nos reinventar. O número de leitos de terapia Intensiva (UTI) deverá ter um olhar de mais atenção. As complexidades e os casos agravados [em função do represamento de cirurgias eletivas e consultas] são gargalos para atendimento dos casos de Covid. Os hospitais terão que aumentar a oferta de leitos e com isso, aumentam seus custos com a saúde. ”

Ele reforça: “Os principais gargalos são os atendimentos represados de outras doenças, como já mencionei. Isso aumentará a despesa com saúde e o financiamento do governo deverá ter especial atenção. E as campanhas de imunização para Covid também terão um grande dispêndio por parte do governo federal, ainda por mais este ano que se inicia (2022). Sendo fundamental para controle da pandemia, evitando avanço de novas variantes e novas ondas de Covid.”

No final da entrevista, o diretor presidente do GHC reforça o agradecimento aos colaboradores. “Quero desejar um excelente 2022 para todos, especialmente aos profissionais de saúde, tivemos dois anos de muita pressão e conseguimos responder à altura”, finaliza Oliveira.

FOTOS: Bárbara Machado, Mateus Luz (GHC)

Sobre a Série Especial Setor Saúde

Pelo quarto ano consecutivo, o portal Setor Saúde publica a sua série especial com executivos da saúde do Rio Grande do Sul. Neste ano, as entrevistas serão publicadas diariamente a partir do dia 20 de dezembro. Não haverá publicações no período de festas de Natal e Ano Novo (dias 24, 25, 26 e 31 de dezembro, assim como em 1º e 2 de janeiro). Acompanhe as nossas redes sociais (facebook, twitter, linkedin) para ficar atualizado sobre as publicações ou acesse www.setorsaude.com.br.