Tecnologia e Inovação | 16 de janeiro de 2015

Gene poderia explicar razão do câncer de pâncreas ser tão agressivo

Pesquisadores acreditam que o ATDC poderia ser um alvo forte para novas drogas
Gene poderia explicar razão do câncer de pâncreas ser tão agressivo
O câncer de pâncreas é uma doença com uma taxa de sobrevivência muito baixa. Uma das razões é por ser notoriamente difícil a sua detecção nas fases iniciais, e mesmo quando é diagnosticado precocemente, mata mais de um terço dos pacientes. Agora, um novo estudo pode ajudar a explicar as razões do câncer de pâncreas ser tão mortal.

O estudo, que foi publicado na revista Genes and Development, sugere que um gene chamado ATDC – também conhecido como TRIM29 – desempenha papel fundamental para ajudar os tumores pancreáticos pré-invasivos progredirem para um estado metastático atingindo outras partes do corpo.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por essa doença. Raro antes dos 30 anos, torna-se mais comum a partir dos 60 anos.Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC), os casos da doença aumentam com o avanço da idade: de 10/100.000 habitantes entre 40 e 50 anos para 116/100.000 habitantes entre 80 e 85 anos. A incidência é mais significativa em homens.

“Nós sabemos que os pacientes em estágio inicial de câncer de pâncreas tem uma taxa de sobrevivência de apenas 30%. Isto sugere que, mesmo nessa fase muito precoce, já existem células cancerígenas que se espalharam para partes distantes do corpo.”, segundo Dra. Diane M. Simeone, diretora do Centro de Câncer do Pâncreas na Universidade de Michigan, que participou da elaboração dos estudos.

A equipe já sabia que o ATDC está envolvido em cerca de 90% dos cânceres de pâncreas, promovendo o crescimento e a propagação dos tumores. O que não estava claro era como funcionava este mecanismo. A descoberta lança nova luz sobre essa área.

Para o estudo, ratos utilizados pela equipe foram criados de forma a desenvolverem câncer pancreático semelhante ao que surge nos seres humanos. Eles também estudaram amostras de tecido de câncer de pâncreas e lesões pancreáticas pré-invasivas.

Os pesquisadores descobriram que o gene ATDC foi expresso em um grupo de células pré-invasivas e também ajudou a desenvolver células-tronco do câncer de pâncreas – um pequeno grupo de células do tumor de pâncreas que estimula seu crescimento e disseminação.

Descobriram também que o ATDC parece estar envolvido em ajudar células cancerosas a mudarem de estado – um processo denominado “transição para epitelial-mesenquimal,” ou EMT, o que resulta em células que migram mais facilmente. Portanto, eles sugerem que ATDC incentiva o tumor invasivo e se espalhar precocemente no curso do câncer de pâncreas.

Os autores concluem que seus resultados são a prova de uma nova via molecular para a promoção da EMT no desenvolvimento do câncer de pâncreas, com o ATDC sendo um regulador próximo ao EMT.

Atualmente não há drogas que atacam esse caminho molecular e os pesquisadores propõem que o ATDC poderia ser um alvo importante para frear a doença. Eles já estão trabalhando em uma maneira de fazer isso através da criação de uma estrutura em 3D que pode ser usada como um modelo para o desenvolvimento de novas drogas.

A equipe diz que dados preliminares também sugerem que o ATDC pode desempenhar um papel semelhante em outros tipos de câncer, tais como do ovário, bexiga, colo-rectal e do pulmão , bem como o mieloma múltiplo.

No entanto, o Dra. Simeone diz que é importante se concentrar em câncer de pâncreas, pois novas opções de tratamento são extremamente necessárias em função das taxas de sobrevida associadas à doença. O câncer de pâncreas está prestes a se tornar a segunda maior causa de morte por câncer nos EUA em 2030, observa a pesquisadora.

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