Através de fundos soberanos para levantar cerca de R$ 1 bilhão, a Gávea Investimentos está em tratativas para comprar a participação dos médicos acionistas do laboratório Fleury. A gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, já fez contato com a Temasek, companhia de investimento do governo de Cingapura, e com o Abu Dhabi Investment Authority (Adia), fundo soberano do governo de Abu Dhabi.

O valor total da transação é avaliado em R$ 1,5 bilhão pelo mercado. De acordo com levantamento do jornal Estado de S. Paulo, a operação que a Gávea está estruturando poderá envolver mais de um fundo. A empresa, que já tem 30% de participação no laboratório mineiro Hermes Pardini, pretende adquirir o controle do Fleury, atualmente sob comando da Core Participações, cujos 24 médicos acionistas têm, juntos, uma parcela de 41,2% direta e indireta do negócio.

A Temasek está capitalizada e interessada em aumentar a participação em empresas brasileiras. A companhia é sócia na divisão de óleo e gás da Odebrecht – na qual a Gávea também é acionista – e da Netshoes, companhia de e-commerce. O tíquete médio de investimento da Temasek gira entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões. Por sua vez, o Adia busca investimentos em países emergentes como o Brasil. A Core Participações, principal controladora da rede de laboratórios, informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em março que negocia em caráter exclusivo a venda de sua participação direta e indireta para a Gávea.

As negociações envolvendo o controle do laboratório Fleury esquentam o mercado desde o início do ano. Os fundos de investimentos americanos Carlyle e KKR, além do gestor brasileiro Pátria, chegaram a avaliar a empresa, mas não seguiram adiante. Em fevereiro, executivos do Hermes Pardini entraram nas tratativas e atualmente aguardam resultados de auditorias independentes que foram realizadas no Fleury. A expectativa do mercado é de que as ações sejam vendidas por valores entre R$ 20 e R$ 22.