Gestão e Qualidade, Política | 5 de agosto de 2015

Gastos assistenciais e administrativos aumentam para planos de saúde

Custos podem chegar a 98,2% do total arrecadado por meio de mensalidades
Gastos assistenciais e administrativos aumentam para planos de saúde

Os custos com despesas assistenciais e administrativas alcançaram, no último ano, 98,2% do total arrecadado pelas operadoras de planos de saúde por meio de mensalidades. É o que informa a mais recente edição do “Boletim da Saúde Suplementar – Indicadores Econômico-financeiros e de Beneficiários”, publicado pela entidade que os representa, a FenaSaúde.

Os dados se referem aos últimos 12 meses, encerrados em março de 2015 e têm como base informações extraídas dos sistemas de informação da agencia reguladora do setor, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

As operadoras associadas da Federação Nacional de Saúde Suplementar comprometeram, em média, 98,2% da receita de contraprestações com a despesa total, equivalente a R$ 53,4 bilhões. Entre as operadoras não associadas à Federação, a despesa total consumiu 101,7% da receita de mensalidades, segundo a FenaSaúde.

O faturamento das operadoras de planos de saúde associadas à FenaSaúde chegou a R$ 54,3 bilhões no ano analisado, uma alta de 14,3% na comparação com o período anterior. O resultado operacional, apesar do crescimento das despesas, foi  positivo em R$ 1 bilhão. Já as empresas não associadas à Fenasaúde tiveram resultado negativo de R$1,3 bilhão. Para o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano, as operadoras vêm enfrentando uma escalada de crescimento das despesas assistenciais. “Isso tensiona as necessárias negociações entre as operadoras e empresas contratantes com vistas aos reajustes anuais”, destaca o presidente.

Em junho deste ano a ANS fixou em 13,55% o índice máximo de reajuste a ser aplicado aos planos individuais ou familiares contratados a partir de janeiro de 1999, ou adaptados à Lei 9.656/98. Segundo a entidade das seguradoras de saúde o índice é insuficiente para as operadoras cobrirem os aumentos das despesas. ”A variação da despesa assistencial per capita, inadequadamente chamada de inflação médica, é, em média, duas vezes superior à inflação que mede os demais preços da economia”, afirmou Coriolano.

As seguradoras estudam medidas para conter a inflação médica. Entre as propostas está a redução do ritmo de ampliação das coberturas obrigatórias, exigidas pela ANS; a remuneração dos profissionais por performance e não por número de atendimentos, como é atualmente; e a criminalização das indicações médicas abusivas.

Já o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS) médico Renato Merolli, analisando a conjuntura do setor, lembrou que manter um hospital torna-se uma tarefa dispendiosa quando se olha para números como o da tributação sobre medicamentos, que chega a 31%. “Os impostos, por sinal, são uma das principais razões do alto custo da prevenção e tratamento de doenças no País”.

Considerando o crescimento de 13,5% no número de empregos gerados pelo setor no último ano, e mais a participação de 10% do setor no PIB nacional,  ele aponta a saúde como prioridade. “São números que por si só deveriam colocar a Saúde com um lugar cativo na mesa de discussão sobre a economia brasileira”, ponderou o presidente da CNS.

Merolli lembra, ainda, que a carga tributária, segundo levantamento da Confederação Nacional de Saúde, responde por um terço do valor do serviço ou produto médico-hospitalar. “No caso dos planos de saúde,  os impostos que incidem no setor equivalem a 26,7% do faturamento das empresas, porcentual superior ao de outros segmentos como agricultura (15,2%), construção civil (18,2%) e siderurgia (19,9%). E a alta do dólar apenas traz mais preocupações para a sustentabilidade do setor. A cotação acima de R$ 3 representa um aumento de 25% somente nos custos hospitalares. Se o cenário permanecer assim, já se pode prever uma elevação significativa na inflação do setor”, alerta o dirigente hospitalar.

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