Estatísticas e Análises | 5 de fevereiro de 2016

Fiocruz diz que o Zika vírus tem potencial de infecção por saliva e urina

Mais estudos serão realizados para confirmar se é possível a transmissão via oral
Fiocruz diz que o Zika vírus tem potencial de infecção por saliva e urina

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou a presença do Zika vírus em amostras de saliva e de urina. “Essa comprovação tem um significado muito grande porque, até então, todas as evidências não significavam capacidade de infecção, muda o patamar e a forma que fazemos as pesquisas”, disse Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz.

A Fiocruz disse que a evidência de transmissão pelas excreções “sugere a necessidade de investigar a relevância de transmissão via oral”. Até então, a única via de transmissão do vírus, confirmada por autoridades sanitárias, é pela picada do mosquito Aedes aegypit. Estas vias alternativas de transmissão viral, foram constatadas pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Os estudos foram liderados pela pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório, em colaboração com a infectologista Patrícia Brasil, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). “Já se sabia que o vírus poderia estar presente tanto em urina quanto em saliva. Esta é a primeira vez em que demonstramos que o vírus está ativo, ou seja, com potencial de provocar a infecção, o que abre novos paradigmas para o entendimento das rotas de transmissão do vírus Zika. Isso responde uma pergunta importante, porém, o entendimento da relevância epidemiológica destas potenciais vias de infecção demanda novos estudos”, situa Myrna Bonaldo.

Segundo Paulo Gadelha, “a primeira medida é sempre a da cautela. O que sabemos hoje é que o vírus zika costuma apresentar quadro clínico brando, com maior preocupação em relação às gestantes por conta dos casos de microcefalia que têm sido acompanhados. Neste sentido, medidas de prevenção já conhecidas para outras doenças precisam de um olhar mais cauteloso a partir de agora, especialmente no caso do contato com as gestantes. Estamos empenhados em gerar evidências sobre o vírus Zika e vamos compartilhar estas evidências conforme avançarmos no conhecimento sobre o tema”, pontua, acrescentando que outras perguntas científicas permanecem em aberto, como o período de sobrevivência viral na saliva e urina, por exemplo.

A Fiocruz alerta que, com base nos conhecimentos disponíveis até o momento, as medidas de controle do vetor Aedes aegypti continuam sendo centrais. “Em uma situação como esta, em que estamos conhecendo mais a cada dia sobre este vírus, todos os aspectos precisam ser considerados. Muito ainda precisa ser investigado em relação à importância de cada via de transmissão para a propagação de casos. Porém, é fundamental que a vigilância ao vetor permaneça. Não podemos esquecer que ele é comprovadamente o vetor para os vírus dengue, chikungunya e zika”, reforça o presidente da Fiocruz.

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