Gestão e Qualidade | 13 de julho de 2022

Fila por transplante de córneas aumenta dez vezes no RS de 2019 a 2022

Um dos mitos que impacta na decisão dos familiares é o de que o rosto de quem doa córneas ficaria desfigurado. “Após a retirada, há todo um cuidado para que tudo fique idêntico ao que era. Não fica nenhuma marca que possibilite distinguir um paciente que doou e um que não doou”, explica a bióloga Claudete Ines Locatelli
Fila por transplante de córneas aumenta dez vezes no RS de 2019 a 2022

Dados da Central de Transplantes evidenciam o cenário dramático do transplante de córneas no Rio Grande do Sul. Enquanto em dezembro de 2019, último ano antes da pandemia, apenas 83 pessoas aguardavam por uma córnea, em maio de 2022 eram 943 gaúchos na fila. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o tempo de espera aumentou de dois para 16 meses.

Os transplantes de córneas costumavam ser “fila zero”, ou seja, o tempo de espera era aproximadamente o mesmo que era necessário para a realização de todos os testes e exames pré-operatórios. “A pandemia trouxe inúmeras dificuldades para o sistema de saúde, mas hoje já temos capacidade operacional plena. O que ainda não voltou a normalidade é o número de doadores”, explica a coordenadora do Programa de Transplante de Córneas do HCPA, professora Diane Ruschel Marinho.

Os transplantes em geral tiveram diminuição, mas o caso da Oftalmologia é dos mais emblemáticos pois a doação é possível na maioria dos tipos de mortes, quando o coração para de bater. Já os órgãos sólidos, como pulmões, rins ou coração, por exemplo, só podem ser doados em casos de morte encefálica, quando não são detectadas funções cerebrais mas o coração ainda bate. O grande desafio para as córneas permanece sendo a negativa das famílias, e para isso, o único remédio é a conscientização.


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Mito

Um dos mitos que impacta na decisão dos familiares é o de que o rosto de quem doa córneas ficaria desfigurado. “Após a retirada, há todo um cuidado para que tudo fique idêntico ao que era. Não fica nenhuma marca que possibilite distinguir um paciente que doou e um que não doou”, explica a bióloga Claudete Ines Locatelli.

Como para os demais transplantes, é de fundamental importância estimular o diálogo em casa sobre a vontade de doar órgãos e tecidos. Conforme estabelece a legislação, a doação só acontece após a liberação da família e, em um momento tão delicado, conhecer a vontade do ente querido ajuda na tomada de decisões.

Foto: Luís Miguel/HCPA



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