Estatísticas e Análises, Mundo | 14 de janeiro de 2019

Estudo indica contaminação dos cilindros de oxigênio por superbactérias em ambulâncias

A maioria dos equipamentos nas ambulâncias é desinfetada após cada paciente, mas cilindros costumam ser ignorados
Estudo indica contaminação de cilindros de oxigênio por superbactérias em ambulâncias

Os cilindros de oxigênio de ambulância provavelmente carregam a bactéria resistente a antibiótico Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA, na sigla em inglês). É o que sugere um estudo realizado nos Estados Unidos, apontando para a necessidade de desinfecção regular destes equipamentos médicos.

Pesquisadores testaram cilindros de oxigênio transportados em ambulâncias do serviço de socorro médico norte-americano (Emergency Medical Services – SEM, similar ao trabalho da SAMU no Brasil). Foram encontrados MRSA em todos os cilindros. Eles também vasculharam cilindros de oxigênio nos locais onde eram guardados, encontrando MRSA em 96% dos cilindros armazenados.

As infecções por MRSA são difíceis de tratar porque as bactérias são resistentes a antibióticos comuns (também conhecidas como superbactérias). Embora geralmente leves, as infecções por MRSA ainda causam milhares de mortes a cada ano.

Outros equipamentos nas ambulâncias, como monitores cardíacos e braçadeiras de pressão arterial, apresentaram resultados negativos para a contaminação por MRSA. Entretanto, o chão das três ambulâncias e a maçaneta da porta de uma ambulância deram resultado positivo.

“Cilindros de oxigênio são trocados muito rapidamente entre instalações, para serem recarregados, não são como peças normais de equipamentos ou suprimentos médicos, muitas vezes descartáveis”, escreveu o autor do estudo, Cody Gibson, pela Calhoun Community College, em entrevista à Reuters Health. “Como os cilindros de oxigênio são trocados entre as instalações, as bactérias podem se espalhar por grandes áreas”, observa Gibson.

A presença de MRSA nos cilindros pode ser devido à falta de protocolos universais de desinfecção para equipamentos de oxigênio, aponta Gibson.

A maioria dos equipamentos de ambulância é desinfetada após cada paciente conforme indicado pelas autoridades reguladoras, mas os cilindros de oxigênio muitas vezes podem ser ignorados.

Gibson entrevistou colaborados da EMS e descobriu que a equipe não estava ciente de quando os cilindros de oxigênio foram desinfetados pela última vez, enquanto outras superfícies que os pacientes contataram foram regularmente descontaminados com desinfetantes.

O Dr. David Tan, da Universidade de Washington em St. Louis, Missouri, que é presidente da Associação Nacional de Médicos da EMS, disse à Reuters Health: “Embora seja seguro dizer que não existe um protocolo ‘universal’ para a desinfecção de ambulância, há várias diretrizes disponíveis para que as agências desenvolvam suas próprias políticas e procedimentos para a desinfecção ambulatorial “, salienta.

“O MRSA também existe em casas de bombeiros e estações das ambulâncias da EMS”, disse Tan, “e o desafio é encontrar procedimentos e técnicas de desinfecção universalmente eficazes, especialmente em serviços da EMS com alta demanda, onde há pressão constante do sistema para responder ao próximo pedido de ajuda”, diz.

Mais discussão sobre o tema

O Dr. Michael David, professor assistente de Medicina e Epidemiologia da Escola de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, disse que a contaminação de cilindros de oxigênio de ambulância não é amplamente discutida. Mesmo que a amostra da pesquisa tenha sido pequena – 9 cilindros e três ambulâncias avaliadas -, os especialistas sugerem um maior cuidado com este equipamento.

“Este trabalho levanta o problema desses objetos específicos sendo contaminados por MRSA e resultando em um reservatório não previamente abordado de MRSA em ambulâncias”, disse o professor a Reuters Health. “Esta observação importante pode resultar em novos procedimentos para desinfectar com um antisséptico esses objetos, entre os períodos de uso”, concluiu.

O estudo não analisou as taxas reais de transmissão, ou seja, não está claro se alguém realmente foi infectado por bactérias nesses cilindros. Ainda assim, ele reforça: “O desenvolvimento de protocolos para equipamentos de oxigênio poderia ajudar a reduzir o risco de infecção do paciente devido à contaminação cruzada.”

Com informações do Medscape. Edição do Setor Saúde.

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