Estatísticas e Análises | 13 de outubro de 2024

Estudo do Hospital Moinhos de Vento analisa relação entre vírus respiratórios e variáveis climáticas no sul do Brasil

Levantamento analisou patógenos mais comuns em uma amostra de pacientes da instituição.
Estudo do Hospital Moinhos de Vento analisa relação entre vírus respiratórios e variáveis climáticas no sul do Brasil

Como está a relação entre a transmissão de vírus respiratórios e as variações climáticas em países subtropicais ao final da pandemia por covid-19? A questão foi o ponto de partida de um estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Moinhos de Vento, que coletaram dados de pacientes da instituição entre 2022 e 2023 –  incluindo o período antes e depois de a Organização Mundial de Saúde ter declarado o fim da crise sanitária. Conforme o trabalho, a associação existe, mas é menor do que se esperava.


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A análise foi feita a partir dos resultados de painéis respiratórios – exame capaz de detectar material genético de 24 patógenos. De acordo com o levantamento, os vírus mais comuns nesse período de transição da pandemia foram o rinovírus –  causador do resfriado comum –, e o vírus sincicial respiratório –  rotineiro em crianças até dois anos e idosos. Ambos tiveram uma correlação com o clima frio e úmido, porém ela foi classificada como muito fraca ou fraca. Outras variáveis, como retorno às aulas, parecem ter impactado mais na sazonalidade desses agentes infecciosos.


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Adicionalmente, observa Sérgio Renato da Rosa Decker, médico do Serviço de Medicina Interna e pesquisador do Hospital Moinhos de Vento e do Smith Center, nos Estados Unidos, o vírus causador da covid-19 segue no sentido oposto aos demais, e com taxa de correlação ainda menor, ou seja, é mais neutro a alterações climáticas.


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Embora existam pesquisas semelhantes, até agora poucas avaliaram a transmissão de vírus respiratórios em regiões de clima subtropical. “Esse é um dos grandes diferenciais do trabalho, principalmente, no contexto do aquecimento global. Essa relação tende a aparecer cada vez mais em países de clima temperado, que passarão a se comportar como as regiões de clima subtropical. Isso acaba impactando diretamente em políticas públicas de prevenção”, avalia.


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“Ao todo, foram incluídos 3.322 testes, dos quais 47% eram de pacientes mulheres e com pacientes de diversas faixas etárias. A taxa de positividade dos patógenos testados foi de 71,6%, sendo os mais prevalentes o sincicial respiratório (21,6%) e o rinovírus (17,2%). A positividade para influenza foi de 5,9% e de SARS‐CoV‐2 (causador da COVID-19), de 4,4%”, destacou o superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, Luiz Antonio Nasi.

Com o título “Tendências temporais em patógenos respiratórios após a pandemia de COVID-19 e variáveis climáticas: uma avaliação retrospectiva unicêntrica de 24 patógenos em uma região subtropical temperada”, o estudo foi publicado no Journal Medical Virology e pode ser acessado neste link.



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