Estatísticas e Análises | 27 de junho de 2023

Estudo do Einstein aponta embolização como alternativa para tratar hemorróidas sem dor e sem cirurgia

Redução no uso de analgésicos foi de 90%
Estudo do Einstein aponta embolização como alternativa para tratar hemorróidas sem dor e sem cirurgia

Um estudo publicado pelo Einstein concluiu que a embolização das artérias retais superiores, técnica realizada no centro de medicina intervencionista da organização, reduziu significativamente a dor de pacientes no tratamento da doença hemorroidária [1]. Esse é o primeiro ensaio randomizado publicado no mundo comparando a embolização com a cirurgia convencional para tratar o problema.

A incidência da doença hemorroidária sintomática varia de acordo com a população estudada, e embora muitos pacientes possam apresentá-la em algum momento de sua vida, o número de casos é impreciso, sobretudo em função do tabu que ainda envolve a saúde intestinal e anal. Porém, uma estimativa entre 4 e 5% da população geral é aceita pela maioria dos especialistas. Já na faixa etária acima dos 40 anos, a incidência pode ser cerca de 10 vezes maior.


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O tratamento varia de acordo com o grau da doença e pode ser conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. Muito frequentemente, os pacientes são submetidos primeiro a tratamento clínico ou em consultório para depois passarem por cirurgia. No entanto, o procedimento convencional ainda gera queixas relacionadas a dor e desconforto – por isso, ao longo do tempo, especialistas vêm buscando alternativas menos dolorosas de tratamento, como é o caso da embolização.

Nesse sentido, a pesquisa publicada pelo Einstein comparou duas técnicas para os casos que necessitam de cirurgia. No estudo comparativo e randomizado, foram analisados os resultados pós-operatórios de curto e médio prazos das duas opções escolhidas para tratar as hemorróidas. A intervenção em estudo foi a embolização das artérias retais superiores, e a cirurgia convencional foi empregada como grupo controle. Os objetivos foram estudar a segurança e eficácia da embolização e comparar a dor, desconforto e uso de analgésicos após os dois procedimentos estudados.


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Ao todo, participaram da análise 29 pacientes com sintomas de doença hemorroidária graus 2 e 3 e com indicação de tratamento cirúrgico, atendidos no Hospital Municipal da Vila Santa Catarina – Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, unidade de saúde da Prefeitura de São Paulo (SP) gerenciada pelo Einstein.

Os participantes foram aleatoriamente designados para os grupos de estudo. Catorze foram submetidos à cirurgia convencional e 15 à embolização das artérias retais superiores, que representa um procedimento minimamente invasivo.

De acordo com Felipe Nasser, médico assistente do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein, “a dor pela escala visual analógica e o uso de analgésicos foram avaliados 3 vezes ao dia durante os primeiros 7 dias do pós-operatório. Além disso, sintomas recorrentes e satisfação com o tratamento também foram analisados no 1º, 3º, 6º e 12º meses subsequentes”, explica.

A média de dor na primeira evacuação após o procedimento foi de aproximadamente 6 no grupo de cirurgia e zero no grupo de embolização. O uso médio de medicação para dor também foi maior no grupo de cirurgia (28,9 doses nos pacientes cirúrgicos, e apenas 2,4 doses nos que passaram por embolização). Uma queda de mais de 90%.


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No que diz respeito à abolição dos sintomas, o estudo demonstrou que para os pacientes estudados e seguidos por até um ano, embolização e cirurgia foram equivalentes.

Nasser ressalta que os melhores índices observados em relação a conforto e qualidade de vida podem ser decisivos para que se privilegie uma das técnicas e que essa decisão deve ser do paciente. Segundo ele, vale a pena salientar que o tratamento com embolização não impede a realização do tratamento cirúrgico convencional, em casos nos quais não ocorra melhora de algum dos sintomas.

“Embora o sucesso clínico seja equivalente, com o procedimento intervencionista minimamente invasivo nós podemos oferecer para o paciente um pós-operatório com menos dor e um retorno mais breve à rotina. Esse resultado nos deixa otimistas de que temos na embolização hemorroidária, sim, uma opção superior à técnica cirúrgica convencional, principalmente em pacientes cuja principal queixa seja o sangramento da hemorroida”, conclui.

É importante ressaltar que variáveis importantes associadas ao tratamento das hemorróidas não foram avaliadas ainda, como custo e recidiva dos sintomas. Para pacientes com risco cirúrgico ou anestésico elevado por conta de comorbidades, a embolização deve ser considerada como uma alternativa segura, eficaz e associada a menor dor.


¹ Falsarella PM, Nasser F, Affonso BB, et al. Embolization of the Superior Rectal Arteries versus Closed Hemorrhoidectomy (Ferguson Technique) in the Treatment of Hemorrhoidal Disease: A Randomized Clinical Trial. Journal of Vascular and Interventional Radiology: JVIR. 2023 May;34(5):736-744.e1. DOI: 10.1016/j.jvir.2023.01.022. PMID: 36736690.

 



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