Estatísticas e Análises | 14 de junho de 2017

Estudo classifica mais de 10% da população mundial como obesa

Brasil está acima da média mundial
Estudo classifica mais de 10 da população mundial como obesa

Mais de 10% da população mundial pode ser considerada obesa. Um aumento acentuado nos últimos 30 anos está levando a problemas de saúde generalizados e milhões de mortes prematuras, de acordo com um novo estudo, classificado pelo The New York Times como a pesquisa mais abrangente realizada sobre o assunto até hoje.

A pesquisa, publicada no início de junho, no The New England Journal of Medicine, mostrou que o problema tinha atravessado o globo, incluindo regiões que historicamente tiveram escassez de alimentos, como a África.

O estudo, compilado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation at the University of Washington e financiado pela Gates Foundation, analisou 195 países, essencialmente a população mundial, concluindo que as taxas de obesidade pelo menos dobraram em 73 países – incluindo a Turquia, a Venezuela e Butão – de 1980 a 2015, e “aumentou continuamente na maioria dos outros países”.

Analisando cerca de 1.800 conjuntos de dados de todo o mundo, os pesquisadores descobriram que o excesso de peso desempenhou um papel importante em quatro milhões de mortes em 2015, oriundas de doenças cardíacas, diabetes, doença renal e outros fatores relacionados. A taxa de mortalidade per capita aumentou 28% desde 1990 e, notavelmente, 40% das mortes estavam entre pessoas com excesso de peso, mas não suficientemente pesadas para serem classificadas como obesas.

O estudo classificou como obeso quem tem um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou superior e acima do peso (sobrepeso) como 25 a 29. O IMC é um valor derivado da massa (peso) e altura de um indivíduo. Ele é definido como a massa corporal dividida pelo quadrado da altura. Por essas medidas, cerca de 604 milhões de adultos e 108 milhões de crianças em todo o mundo são obesas, de acordo com o estudo. As taxas de obesidade entre as crianças estão aumentando mais rapidamente em muitos países do que entre os adultos.

Nenhum país conseguir diminuir os níveis de sobrepeso ou obesidade 

“Este estudo mostra o que sabemos: nenhum país do mundo reduziu os níveis de sobrepeso ou obesidade. Isso é espantoso dado os enormes custos econômicos e de saúde associados ao excesso de peso e à obesidade”, disse Barry Popkin, professor de nutrição na Universidade da Carolina do Norte.  A pesquisa, em grande parte, não aprofundou as causas da obesidade, mas os autores disseram que a crescente acessibilidade de alimentos embalados de baixo custo, pobres em nutrientes, foi um fator importante.

“O que as pessoas comem é um fator chave para se tornarem obesas”, disse Adam Drewnowsk, diretor do Centro de Nutrição da Saúde Pública da Universidade de Washington. Ele disse que falar sobre comer alimentos saudáveis é uma coisa, se alimentar deles é outra. “É muito bom falar sobre a necessidade de se alimentar de alimentos mais saudáveis, mas aqueles não saudáveis custam menos. Alimentos saudáveis geralmente custam mais. As pessoas comem o que podem pagar”, explica.

Carga de doenças diminuiu em países mais ricos

Em relação às implicações gerais da saúde do estudo, a boa notícia é que a carga de doenças causadas pela obesidade está caindo em algumas das nações mais ricas. Nos Estados Unidos, as taxas de mortalidade associadas à obesidade caíram de 63 por 100.000 em 1990 (o ano base para esta medida) para 61 por 100.000 pessoas, mostrando o reflexo dos medicamentos que lidam com os efeitos da obesidade, como a hipertensão arterial.

A má notícia é que esses remédios não estão disponíveis nos países em desenvolvimento ou estão disponíveis apenas para as pessoas mais ricas, levando a taxas crescentes de mortes associadas e sem uma solução clara.

No Brasil 

Segundo o estudo, a taxa de obesidade também aumentou nos últimos 30 anos no Brasil. A taxa de adultos (acima de 20 anos) obesos no país é de 18,95% para homens e 25,42% para mulheres. Número acima da média mundial. O número de crianças (2 a 19 anos) obesas é de 9,8% masculino e 8,12% feminino.

Para a junção de dados da pesquisa no Brasil, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de São Paulo e a Universidade Federal de Santa Catarina participaram como colaboradores.

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