Mundo, Tecnologia e Inovação | 1 de agosto de 2016

Estudo australiano indica que cirurgias robótica e tradicional têm resultados similares

Diferenças estão no pós-operatório imediato e no custo do procedimento
Estudo australiano indica que cirurgias robótica e tradicional têm resultados similares

Um estudo realizado pelo do Royal Brisbane & Women’s Hospital (Austrália) e publicado na revista médica Lancet, analisou as diferenças entre a cirurgia robótica e a tradicional, para o tratamento de câncer de próstata.

A cirurgia robótica surgiu nos anos 2000 e, desde então, muito se debate em torno das melhorias geradas pela tecnologia. Segundo os autores, os resultados são quase iguais. Três meses depois das cirurgias, os pacientes que se submeteram às duas técnicas apresentaram resultados semelhantes, principalmente em relação a continência urinária e função erétil.

Foi o primeiro estudo randomizado (dividiu aleatoriamente pacientes em cada um dos grupos) a comparar os dois tipos de cirurgia. Os pesquisadores australianos analisaram procedimentos feitos entre 2010 e 2014. Ao todo, 121 pacientes fizeram a cirurgia aberta e 131 fizeram a robótica, e todos foram acompanhados por três meses. Cada grupo foi operado por um mesmo cirurgião experiente.

Não foram registradas diferenças no número de pacientes que sofreram complicações após a operação. Embora os resultados funcionais tenham sido similares houve diferenças no pós-operatório imediato. Os pacientes da cirurgia tradicional indicaram mais dor nas primeiras 24 horas e na primeira semana, além de terem perdido o triplo de sangue na operação, terem passado mais tempo internados e a duração do procedimento foi maior.

A revista Lancet salienta que “estudos que mostram equivalência às vezes são interpretados como apoio a um retorno às práticas já existentes. Mas equivalência e não inferioridade deveriam ser vistas como positivas porque mostram que a inovação preservou o propósito da intervenção cirúrgica. São esses avanços em tecnologia aplicada, reduzindo o trauma do acesso e a invasão das cirurgias, que permitem melhorar a qualidade e a segurança das intervenções. Nosso desafio é demonstrar o caminho seguro e custo-efetivo junto com um impacto saudável e econômico”.

Como avaliou reportagem do jornal Folha de São Paulo, “o tempo de acompanhamento dos pacientes foi curto e o número de voluntários poderia ser maior – segundo comentário publicado junto com a pesquisa, foi uma decisão do Comitê de Monitoramento Independente de Dados parar de recrutar mais pacientes após quatro anos, na ausência de diferenças entre os principais resultados”.

Anuar Mitre, urologista do Hospital Sírio-Libanês, considera que os dados são interessantes, mas não acabam com a discussão. “Em congressos de urologia, ninguém aguenta mais esse debate. Chegamos num ponto que quem quer faz, vai da preferência do cirurgião e do paciente”. Pessoalmente, Mitre admite que realiza o procedimento convencional, a laparoscópica pura e a laparoscópica robótica. “A cirurgia é exatamente a mesma, mas as duas últimas são menos invasivas”. O especialista diz que “a cirurgia aberta não é pior, mas eu, como médico, prefiro ver o paciente com menos sangramento, levantando-se mais cedo e saindo antes do hospital”.

Estudos no Brasil

Um trabalho similar ao australiano já foi realizado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mas atualmente aguarda por resultados de longo prazo para ser publicado.

No Brasil, atualmente 23 robôs cirúrgicos estão em funcionamento, três deles no SUS – no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, no Inca no Rio de Janeiro, e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

A Folha de São Paulo estima que “nos hospitais de ponta, só a cirurgia aberta custe de R$ 17 mil a R$ 20 mil e a robótica, de R$ 27 mil a R$ 30 mil”, além de outros custos como internação. “O Icesp está fazendo um estudo para não só comparar as duas técnicas mas também avaliar custo-efetividade da robótica”. O projeto visa avaliar quanto custa a tecnologia e se é viável apostar nesse recurso.

O estudo irá além da urologia. Os pesquisadores avaliarão a diferença entre cirurgia robótica e tradicional também na ginecologia, na cirurgia torácica e na cirurgia gastrointestinal. “Até agora, já foram operados cerca de 120 pacientes em cada um dos grupos (robótica e aberta), mas o objetivo, segundo Nahas, é chegar a 190 em cada um. Os resultados devem sair daqui a 12 ou 18 meses”.

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