Estudo aponta que acreditação melhora a cultura de segurança do paciente no Brasil
Pesquisa inédita publicada na Global Journal on Quality and Safety in Healthcare e liderada pela Dra. Helidea Lima e pelo Dr. Leopoldo Muniz, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) revela impacto positivo da acreditação hospitalar na cultura de segurança do paciente, com destaque para abertura à comunicação e relato de eventos.
Publicado no Global Journal on Quality and Safety in Healthcare e destacado no editorial da revista, o estudo liderado pela Dra. Helidea Lima e pelo Dr. Leopoldo Muniz, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), analisou como a acreditação hospitalar influencia a cultura de segurança em hospitais brasileiros. A pesquisa envolveu 68 hospitais da Rede D’Or e contou com a participação de cerca de 32 mil profissionais de saúde.
A acreditação hospitalar, concedida por entidades como JCI, ACSA, Qmentum International e ONA, é um selo de qualidade que atesta o cumprimento de padrões rigorosos de segurança e assistência. No Brasil, menos de 5% dos hospitais possuem essa certificação.
Os dados foram coletados em setembro de 2022, por meio do questionário HSOPSC (Hospital Survey on Patient Safety Culture), adaptado para o português. O estudo obteve uma taxa de resposta de 91,4%, refletindo o engajamento com o tema. À época, 80% dos hospitais da Rede D’Or eram acreditados, número que hoje chega a 90%, com mais da metade certificados internacionalmente.
A cultura geral de segurança teve média de 65,1% de percepções positivas, com pontos fortes em apoio da gestão (77,5%) e aprendizado organizacional (81,8%). Hospitais acreditados apresentaram melhores resultados, especialmente em comunicação aberta, frequência de relatos de eventos e percepção geral de segurança, com diferenças de 3% a 4% em relação aos não acreditados.
Um dos principais desafios permanece: a resposta não punitiva a erros, com apenas 43,2% de avaliações positivas. O estudo revela que o medo de punições, a hierarquia rígida e a falta de retorno sobre relatos ainda limitam o avanço da cultura de segurança.
Outro ponto crítico é a subnotificação: 41,9% dos profissionais afirmaram não ter relatado nenhum evento de segurança nos últimos 12 meses, especialmente em hospitais sem acreditação.
Profissionais de enfermagem foram os que mais contribuíram com relatos de eventos, demonstrando maior engajamento com a segurança do paciente. Em contraste, os médicos apresentaram maior resistência em reportar incidentes, evidenciando a importância da enfermagem na construção de ambientes hospitalares mais seguros e colaborativos.
Embora a acreditação traga benefícios mensuráveis, os pesquisadores concluem que ela não é suficiente, por si só, para transformar a cultura organizacional. É preciso investir em lideranças engajadas, sistemas de relato não punitivos e capacitação contínua das equipes.
“A acreditação é um importante catalisador para a melhoria da qualidade assistencial, mas a transformação real exige o compromisso diário dos profissionais com uma cultura de segurança sólida e colaborativa”, afirma a Dra. Helidea Lima, pesquisadora do IDOR e uma das autoras do estudo.
Segundo a Rede D’Or, a acreditação funciona como direcionador externo para avaliação da qualidade técnica, sendo complementada pelo monitoramento de indicadores e transparência nos resultados.
O IDOR oferece programas voltados à formação de profissionais que desejam liderar transformações na saúde. O MBA em Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente oferece uma visão ampla e multidisciplinar, enquanto a Pós-Graduação em Experiência do Paciente foca na humanização do cuidado e na vivência do paciente.
Com um corpo docente experiente e atividades práticas na Rede D’Or, os cursos capacitam para implementar melhorias reais na segurança e qualidade da assistência.