Estimulação Magnética Transcraniana pode combater Alzheimer
Tratamento com correntes elétricas beneficiam a memóriaPesquisadores da Universidade Northwestern (EUA) descobriram que enviar pulsos elétricos para o cérebro pode aperfeiçoar a memória de pacientes e, consequentemente, ser um aliado no combate ao Alzheimer. O resultado foi publicado na revista especializada Science.
O tratamento, chamado de estimulação magnética transcraniana (EMT), não requer cirurgia ou anestesia e já é aplicado no Brasil desde 2012, mas apenas para tratar casos graves de depressão e esquizofrenia.
Os especialistas afirmam que a descoberta pode abrir portas para tratar diferentes problemas de memória, tanto os relacionados ao envelhecimento natural quanto decorrentes de outras complicações, como traumatismo craniano, AVC, parada cardíaca e estágios iniciais do Alzheimer.
Para a Science, um dos autores do estudo, o professor de medicina Joel Voss, ressaltou que “nós mostramos, pela primeira vez, que é possível alterar especificamente a função da memória em adultos sem a necessidade de cirurgia ou medicamentos, os quais não se comprovaram eficazes”.
No estudo chamado Targeted enhancement of cortical-hippocampal brain networks and associative memory (Alvo aprimorado do hipocampo-cortical das redes cerebrais e memória associativa, em tradução livre), os pesquisadores usaram a EMT para estimular uma região específica do cérebro, conectada ao hipocampo. Não é possível estimular diretamente o hipocampo com a técnica porque essa região está em uma parte muito profunda do cérebro.
Os 16 participantes (adultos saudáveis entre 21 e 40 anos) foram submetidos a um teste de memória no qual precisavam decorar palavras e imagens. Depois, passaram por uma sessão de 20 minutos de EMT diários, durante cinco dias e, a cada sessão, realizavam novos testes de memória.
Os resultados mostraram que todos os pacientes apresentaram melhora nas avaliações a partir do terceiro dia de estimulação magnética, algo que não ocorreu na semana seguinte, quando os voluntários foram submetidos a um tratamento falso (o que eliminou a possibilidade de ter ocorrido um efeito placebo).
Na França, o Hospital Besançon já tem longo histórico de uso da EMT. Lá, existe o tratamento que oferece 10 sessões (30 minutos cada) a pacientes incluídos em um projeto de pesquisa. A avaliação é realizada um mês depois. Um dos líderes do estudo, o psiquiatra Emmanuel Haffen, explicou ao jornal Le Figaro que a equipe tem obtido “resultados positivos em três testes que medem a memória visual, memória verbal e eficiência cognitiva anterógrada”.
A pesquisa francesa, no entanto, ainda está em estágio inicial, com uma quantidade pequena de participantes. Algumas perguntas seguem sem respostas, como a duração dos efeitos positivos, que aparentam ser efêmeros, e o modo de ação do EMT, pois há duvida se a estimulação cerebral atua sobre os sintomas depressivos (que muitas vezes acompanham o desenvolvimento do Alzheimer) e não propriamente sobre o declínio cognitivo.