Especialistas em saúde da América Latina alertam para risco de crise de AVC
Medidas de ação críticas são delineadas para reduzir AVCs provocados por fibrilação atrialDois novos relatórios publicados recentemente pela Action for Stroke Prevention, uma aliança de especialistas de saúde mundialmente renomados e associações de doentes, inclusive representantes do Brasil, México e Argentina, convocam formuladores de políticas e comunidades médicas e de pacientes a implementar ações específicas que podem ser tomadas no nível comunitário para prevenir acidentes vasculares cerebrais (também conhecidos como derrames ou AVC) que afetam milhares de pessoas com fibrilação atrial (FA) a cada ano em toda a América Latina.
Embora a maioria dos AVCs relacionados à FA sejam evitáveis, a FA é um ritmo cardíaco anormal subdiagnosticado e subtratado que aumenta o risco de AVC em cinco vezes em comparação com a população em geral.
Estima-se que milhões de pessoas na América Latina sofram de FA. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem com FA e, na Venezuela, acredita-se que existam 230 mil portadores de FA, com este número previsto para aumentar para um milhão até 2050.
No entanto, uma nova pesquisa da IPSOS MORI mostra que 77% das pessoas na América Latina não têm conhecimento da FA, destacando um desafio educacional crítico para os formuladores de políticas e profissionais da saúde.
Os acidentes vasculares cerebrais relacionados à FA são mais graves do que aqueles resultantes de outras causas.Isso significa que as pessoas que sofrem um acidente vascular cerebral decorrente de FA estão menos propensas a voltar para suas casas e precisarão de mais cuidados de suas famílias ou asilos.
De forma alarmante, os relatórios destacam que a primeira vez que muitas pessoas irão descobrir que têm FA é quando elas têm um acidente vascular cerebral, e aproximadamente 70% dos pacientes com FA conhecida que tiveram um acidente vascular cerebral causado por um coágulo sanguíneo não estavam recebendo terapia anticoagulante para evitar AVC relacionado à FA quando de sua ocorrência. Com o AVC impondo um enorme fardo financeiro sobre países da região da América Latina, é necessário fazer mais para reduzir o número desses AVCs sérios, caros, porém, evitáveis.
Recomendações feitas pelos relatórios incluem:
- melhoria da conscientização do público e compreensão da FA e do risco de acidente vascular cerebral relacionado à FA;
- implementação de metas e normas práticas eficazes para os profissionais de saúde, como, por exemplo, metas para controle de FA;
- criação de estratégias nacionais para o diagnóstico precoce da FA;
- desenvolvimento de estratégias de apoio à adesão às diretrizes clínicas e prestação de administração equivalente e adequada de terapia para pessoas com FA;
Falta de Conhecimento Aumenta o Risco
Uma pesquisa recente da IPSOS MORI destacou a necessidade urgente de agir sobre as recomendações da Action for Stroke Prevention. A pesquisa com 9.211 pessoas de 20 países em todo o mundo destaca que embora 41% das pessoas entrevistadas na amostra da América Latina (N=1700) terem medo de ter um AVC acima de algumas outras condições de saúde sérias, inclusive doença cardíaca, diabetes e colesterol alto, somente 1% têm medo de FA, apesar desta ser um principal fator de risco para um AVC grave.
A pesquisa da IPSOS MORI mostrou que, talvez não surpreendentemente, apenas 16% do público em geral no mundo está consciente de que o risco de AVC relacionado à FA pode ser reduzido com o tratamento anticoagulante. Isso destaca a necessidade da educação para permitir que os pacientes participem de suas próprias decisões de saúde.
As recomendações e ações identificadas pela Action for Stroke Prevention devem ser iniciadas agora, caso contrário, milhões de outras vidas serão devastadas pelo AVC relacionado à FA.