Estatísticas e Análises | 20 de janeiro de 2016

Enfrentando os múltiplos desafios depois do tratamento do câncer

Simpósio nos EUA apresenta estudos sobre os efeitos colaterais a longo prazo
Enfrentando os múltiplos desafios depois do tratamento do câncer

Durante o tratamento ativo do câncer, o foco de muitos pacientes é frequentemente e totalmente o câncer: como se livrar dele, como administrar os efeitos colaterais, como melhorar, etc. O futuro parece incerto e pode ser difícil pensar sobre o próximo passo a ser dado. Muitas pessoas podem estar ansiosas para se livrar dessa etapa, recuperar um sentido de normalidade em suas vidas e obter um descanso nos desafios associados ao tratamento. A transição para a “sobrevivência”, o período após o tratamento completo do câncer, pode trazer novos e inesperados desafios, como efeitos colaterais de longo prazo e assistência médica continuada. As informações são do Portal NewsMed.

Médicos e pesquisadores estão avaliando a experiência de pacientes que passaram ou estão passando por estes desafios após o tratamento para encontrar maneiras de se prepararem para melhor gerenciá-los. Algumas destas questões foram destacadas em três estudos apresentados esta semana no Cancer Survivorship Symposium: Advancing Care and Research, em São Francisco (foto).

A importância dos cuidados de acompanhamento

Uma maneira importante para os pacientes gerenciarem os desafios, tais como efeitos colaterais de longo prazo, é ter um acompanhamento médico continuado após o tratamento do câncer. Em um estudo, os investigadores encontraram lacunas nos cuidados de 354 adolescentes e adultos jovens que receberam tratamento para linfoma de Hodgkin. Embora a quase totalidade (96%) tenha ido às consultas oncológicas recomendadas e 70% tenha realizado os testes de laboratório recomendados nos primeiros cinco anos de acompanhamento, cerca de metade não recebeu todos os cuidados recomendados no primeiro ano após o tratamento.

Os pacientes tratados para linfoma de Hodgkin estão em alto risco de recorrência e recaída, bem como de graves efeitos tardios e de longo prazo, segundo informa o principal autor do estudo Erin E. Hahn, PhD, cientista da Kaiser Permanente Southern California. Segundo ele, é necessário manter de uma maneira sistemática os cuidados prestados após o tratamento, incluindo o rastreamento para efeitos tardios decorrentes do tratamento.

O custo dos cuidados de acompanhamento

O segundo estudo abordou os desafios associados ao custo dos cuidados de acompanhamento. Os pesquisadores descobriram que os sobreviventes do câncer de mama com baixa renda tinham maior probabilidade de receber os cuidados recomendados para a fase de sobrevivência quando recebiam aconselhamento personalizado e tinham planos de saúde.

Os cuidados com o câncer não acabam quando o tratamento termina. Os planos de assistência são uma ferramenta importante para manter os pacientes saudáveis no longo prazo, em termos de rastrear um segundo câncer e os efeitos colaterais de longo prazo. Pacientes de baixa renda enfrentam desafios únicos no acesso a este cuidado, disse Merry-Jennifer Markham, MD, porta-voz da American Society of Clinical Oncology (ASCO). Segundo ela, este estudo é um passo importante, demonstrando que os planos de cuidados personalizados em conjunto com o aconselhamento individualizado no planejamento da assistência de sobrevivência pode fazer uma diferença real para os pacientes.

Gerenciamento de efeitos colaterais no longo prazo

No estudo final a ser destacado, os pesquisadores descobriram que 45% das mulheres têm sintomas de neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) anos após o término do tratamento de um câncer. A NPIQ é um tipo de dano aos nervos causado pela quimioterapia. Ela está ligada a um pior desempenho físico, incluindo mudança de comportamento na maneira de andar dos pacientes, causando mais quedas. De acordo com o autor do estudo, Kerri M. Winters-Stone, PhD, professor e pesquisador no Oregon Health and Science University, em Portland, não existem atualmente tratamentos eficazes, mas “programas de exercícios de reabilitação podem preservar a função física e a mobilidade na presença de neuropatia para ajudar a evitar quedas e lesões resultantes da NPIQ”.

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