Em Erechim, Fehosul discute a realidade das instituições de saúde da região
Ipergs, SUS, Saúde Suplementar e negociações coletivas com trabalhadores na pautaApós visitar uma dezena de cidades (Bagé, Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Cruz Alta, Canoas, Santa Maria, Porto Alegre, Camaquã e Tramandaí), a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul), em parceria com o Sindicato do Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Planalto Médio e Alto Uruguai, promoveu em Erechim a primeira edição do Roteiros da Saúde do ano.
A gerente de relacionamento, administradora hospitalar Shirlei Gazave, fez a abertura da atividade apresentando os serviços da entidade representativa dos prestadores de saúde. O Ipe-Saúde, a Secretaria da Saúde do RS (SUS) e a Saúde Suplementar, além de questões envolvendo as negociações coletivas em dissídios coletivos com os trabalhadores fizeram parte das exposições, análises e debates entre os especialistas da Fehosul e os dirigentes da região.
Em relação ao Ipergs (Ipe-Saúde), as grandes ameaças segundo o médico Flávio Borges, diretor executivo da Fehosul, são o Preço de Referência de Medicamentos (PRM), proposta da Secretaria da Fazenda e a crise financeira do Estado. “A conta de medicamentos pode representar 70% do faturamento com o Ipergs para alguns hospitais. Ou criamos um novo modelo na qual ocorram reajustes de forma justa para os serviços, ou teremos uma quebradeira nos hospitais que prestam serviços aos beneficiários do Ipe-Saúde. Haverá uma desassistência em massa por parte dos prestadores, gerando uma imagem extremamente negativa para o governo junto aos servidores e seus familiares, prestadores e sociedade. Tecnicamente a proposta da Fazenda tem muitos equívocos, pois simplificaram o entendimento, concluindo que haveria uma redução dos custos, sem levar em conta aspectos específicos que impactam o contexto geral”, disse. Já em relação à crise do Estado, o diretor da Fehosul enalteceu que atualmente o Ipergs “paga em dia, mas se a crise do Estado vier a se aprofundar ainda mais, os reflexos poderão ser sentidos também na autarquia estadual”.
Sobre a SES, “a posição da Fehosul é que seja mantido a transparência, a aplicação dos 12% na Saúde, pagamentos em dia, eliminação da política 100% SUS, manutenção de incentivos, não aplicação de cortes lineares e busca pela assistência qualificada à população”. Além disto, Flávio Borges apresentou como vem sendo feita as negociações em relação ao cofinanciamento SUS, que a partir da reivindicação da entidade, conseguiu incluir o “cofinanciamento para todos os prestadores, como clínicas de diálise e oncologia, laboratórios, e claro, para os hospitais privados, que antes não recebiam a suplementação para os serviços SUS”, disse Flávio Borges.
Sobre a grave questão dos laboratórios de análises clínicas, a Fehosul, Sindilac e Confederação Nacional de Saúde vêm atuando em conjunto para conquistar reajustes no âmbito do SUS. “Há 20 anos estamos sem reajuste, isto é um absurdo, que precisa urgentemente ser revisto”, defendeu Flávio Borges. Já em relação às clínicas renais, três estabelecimentos já fecharam nos últimos meses: “Em Porto Alegre, Gramado e Cachoeirinha. Estamos em constante trabalho com a Sociedade Gaúcha de Nefrologia e Sociedade Brasileira de Nefrologia discutindo soluções e reivindicando reajustes junto ao SUS, Ipergs e operadoras”, finalizou Flávio Borges.
O assessor jurídico da Fehosul, José Pedro Pedrassani falou que o mercado, aos poucos, está dando sinais de que está sentindo a crise. “Os índices de absenteísmo [faltas ao trabalho] estão diminuindo, num claro sinal de que os profissionais estão valorizando a manutenção do seu emprego. Estamos sendo procurados por alguns sindicatos de trabalhadores, que corretamente, estão priorizando a manutenção do emprego na hora de negociar. Num momento de crise, esta sensibilidade é importante, pois o desemprego tende a aumentar ainda mais, em todos os setores. Se cada um for por um lado distinto, aumentaremos os impactos negativos gerados pela crise”. Pedrassani, porém, ressaltou que alguns sindicatos profissionais ainda não se deram conta da situação precária que vivem os estabelecimentos de saúde. “É preocupante quando sentamos para negociar e um sindicato pede, por exemplo, 15% de aumento salarial e diferentes tipos de benefícios para segmentos como o de clínicas e laboratórios, que reconhecidamente estão em situação falimentar”.
Dirigentes patronais costumam reclamar que existe “cegueira” por parte de alguns sindicatos dos trabalhadores. “É importante que cada região apresente a sua realidade, que se organize de uma forma coordenada. Somente assim, poderemos ajustar o mercado para que se mantenha o emprego e os serviços de saúde prestados à população”, defendeu Pedrassani.
Estiveram presentes dirigentes das seguintes instituições: Medicina Diagnóstica, Trindade, Agostini & Cia Ltda, CTCAN, Inst. Olhos Santa Luzia, Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, Clinica Nefro Urológica Alto Uruguai Ltda, Hospital Santo Antônio de Estação Ltda, Medicina Nuclear Erechim Ltda, Centro de Oncologia Erechim Ltda, Centro de Imagiologia Erechim, LABVITA, Santa Mônica, Clinica Renal Erechim e Clínica Onkós.