Em caso de quebra do Ipe, saúde pública entra em colapso
Alerta foi feito pelo diretor de Saúde do Instituto de Previdência, em audiência pública na Assembleia LegislativaA Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Nelsinho Metalúrgico, realizou na manhã desta quinta-feira, 28, audiência pública para tratar dos problemas financeiros e estruturais do Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul (Ipergs). Solicitado pela Federação Sindical dos Servidores Públicos do RS (Fessergs), o debate foi repleto de dados, projeções e alertas quanto à realidade do Ipe-Saúde. Segundo seus dirigentes, o risco de quebra financeira é uma possibilidade preocupante.
O evento lotou duas salas no quarto andar da Assembleia Legislativa e reuniu representantes de dezenas de instituições e sindicatos de todo o Rio Grande do Sul. Participaram, também, dirigentes de cerca de 30 hospitais, clínicas e laboratórios, convocados pela FEHOSUL. Além do presidente Cláudio Allgayer, a FEHOSUL esteve representada pelo presidente do SINDIHOSPA Leomar Bammann, pelo presidente do Sindicato dos Hospitais da Região Serrana, Fernando Pedroso – que usou da palavra para dizer que muitos hospitais do interior tinham acolhido solicitação do Ipergs e especializado seus atendimentos aos servidores públicos estaduais e que passam por dificuldades face a crescente defasagem remuneratória e preocupados com a possibilidade de não pagamento integral das faturas neste final de ano – pela dirigente do movimento Patologia Gaúcha, Tamara Mattos, pelo diretor-executivo, dr. Flávio Borges, e pelo assessor da presidência, Alcides Pozzobon.
O presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud, criticou a falta de equipe para fazer uma auditoria nas contas. Além disso, as eleições do próximo ano devem gerar impasses. ”O que nos preocupa é que depois de abril só vai se falar em eleição e não mais em soluções”. Por sua vez, o diretor de Saúde do IPE, Antônio de Pádua, ressalta que o instituto, com 1,1 milhão de beneficiários, ou 10% da população gaúcha, tem um dos maiores planos de saúde do Brasil.
Comparando o investimento anual (R$ 1,5 bilhão) com o custo de construção de uma plataforma de petróleo, Antônio de Pádua lembra que “o Rio Grande do Sul tem como característica a saúde de qualidade. Temos um atendimento de ponta, tão bom quanto em São Paulo ou no exterior, e isso é caro”.
Segundo ele, se não houver uma reformulação no sistema, os problemas serão graves. “Se o Ipe tiver que fechar as portas, a saúde pública do Estado entra em colapso”, alertou. Em sua explanação, o presidente da FEHOSUL, salientou que a situação de risco já se faz presente. “O ponto de quebra já está ocorrendo progressivamente”, considerou Cláudio Allgayer.
“Os problemas estruturais são conhecidos por todos e diagnósticos não faltam”. O presidente da FEHOSUL também abordou os recursos do Ipe, que são complementados pelo Estado e que, para fechar as contar de 2013, existem pendências que totalizam R$ 181 milhões. “É imprescindível que o governo fale quando e como vai repassar esses recursos”, ponderou. “Em 15 anos o Ipe concedeu dois reajustes e, nos últimos dois anos, nenhum. Além disso, a UFRGS apurou que a inflação médica do primeiro semestre foi de 5,2%, cerca de 30% acima da inflação geral”, acrescentou o dr. Allgayer.
Para o presidente da União Gaúcha da Previdência Pública e da Associação dos Juízes, Pio Dresch, o Ipe é “um elefante com cabeça de formiga” que precisa repensar suas estratégias. “ao longo do ano discutimos com ênfase no repasse de recursos, como se isso fosse resolver os problemas, a questão é muito mais séria. Precisamos ter a grandeza de pensar em salvar o Ipe e não partidarizar a busca pelas soluções”, concluiu.