Política | 29 de novembro de 2013

Em caso de quebra do Ipe, saúde pública entra em colapso

Alerta foi feito pelo diretor de Saúde do Instituto de Previdência, em audiência pública na Assembleia Legislativa
audiência pública

A Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Nelsinho Metalúrgico, realizou na manhã desta quinta-feira, 28, audiência pública para tratar dos problemas financeiros e estruturais do Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul (Ipergs). Solicitado pela Federação Sindical dos Servidores Públicos do RS (Fessergs), o debate foi repleto de dados, projeções e alertas quanto à realidade do Ipe-Saúde. Segundo seus dirigentes, o risco de quebra financeira é uma possibilidade preocupante.

O evento lotou duas salas no quarto andar da Assembleia Legislativa e reuniu representantes de dezenas de instituições e sindicatos de todo o Rio Grande do Sul. Participaram, também, dirigentes de cerca de 30 hospitais, clínicas e laboratórios, convocados pela FEHOSUL. Além do presidente Cláudio Allgayer, a FEHOSUL esteve representada pelo presidente do SINDIHOSPA Leomar Bammann, pelo presidente do Sindicato dos Hospitais da Região Serrana, Fernando Pedroso – que usou da palavra para dizer que muitos hospitais do interior tinham acolhido solicitação do Ipergs e especializado seus atendimentos aos servidores públicos estaduais e que passam por dificuldades face a crescente defasagem remuneratória e preocupados com a possibilidade de não pagamento integral das faturas neste final de ano – pela dirigente do movimento Patologia Gaúcha, Tamara Mattos, pelo diretor-executivo, dr. Flávio Borges, e pelo assessor da presidência, Alcides Pozzobon.

O presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud, criticou a falta de equipe para fazer uma auditoria nas contas. Além disso, as eleições do próximo ano devem gerar impasses. ”O que nos preocupa é que depois de abril só vai se falar em eleição e não mais em soluções”. Por sua vez, o diretor de Saúde do IPE,  Antônio de Pádua, ressalta que o instituto, com 1,1 milhão de beneficiários, ou 10% da população gaúcha, tem um dos maiores planos de saúde do Brasil.

Comparando o investimento anual (R$ 1,5 bilhão) com o custo de construção de uma plataforma de petróleo, Antônio de Pádua lembra que “o Rio Grande do Sul tem como característica a saúde de qualidade. Temos um atendimento de ponta, tão bom quanto em São Paulo ou no exterior, e isso é caro”.

Segundo ele, se não houver uma reformulação no sistema, os problemas serão graves. “Se o Ipe tiver que fechar as portas, a saúde pública do Estado entra em colapso”, alertou. Em sua explanação, o presidente da FEHOSUL, salientou que a situação de risco já se faz presente. “O ponto de quebra já está ocorrendo progressivamente”, considerou Cláudio Allgayer.

“Os problemas estruturais são conhecidos por todos e diagnósticos não faltam”. O presidente da FEHOSUL também abordou os recursos do Ipe, que são complementados pelo Estado e que, para fechar as contar de 2013, existem pendências que totalizam R$ 181 milhões. “É imprescindível que o governo fale quando e como vai repassar esses recursos”, ponderou. “Em 15 anos o Ipe concedeu dois reajustes e, nos últimos dois anos, nenhum. Além disso, a UFRGS apurou que a inflação médica do primeiro semestre foi de 5,2%, cerca de 30% acima da inflação geral”, acrescentou o dr. Allgayer.

Para o presidente da União Gaúcha da Previdência Pública e da Associação dos Juízes, Pio Dresch, o Ipe é “um elefante com cabeça de formiga” que precisa repensar suas estratégias. “ao longo do ano discutimos com ênfase no repasse de recursos, como se isso fosse resolver os problemas, a questão é muito mais séria. Precisamos ter a grandeza de pensar em salvar o Ipe e não partidarizar a busca pelas soluções”, concluiu.

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