Einstein incorpora tecnologias de reabilitação inéditas na América Latina
Para dar início ao projeto inédito o hospital realizará um estudo científico com 10 pacientes.Constantemente à frente da incorporação de novas tecnologias na América Latina que impactam positivamente a saúde dos pacientes, o Einstein adotará o uso de exoesqueletos dentro de sua área de reabilitação. As tecnologias importadas para a unidade hospitalar do Morumbi, em São Paulo, contemplam: dispositivos híbridos de assistência (HAL), que auxiliam na correção e movimentação do corpo em diferentes formas; o HAL Lower Limb Type, que visa promover a correta biomecânica da marcha humana, com correções dos movimentos de quadril, joelho e tornozelo; o Lumbar Type, que apoia os movimentos de flexão e extensão de quadril; e os dispositivos de Single Joint, que promovem auxílio para os movimentos de cotovelo e joelho. A tratativa e intermédio para trazer a solução foi feita pela Eretz.bio, hub de startups do Einstein. A novidade é exclusiva na América Latina e o Brasil passa a ser o pioneiro em seu uso.
De acordo com Sidney Klajner, presidente do Einstein, a organização está na vanguarda da incorporação de tecnologias sempre com foco em entregar excelência e segurança na assistência, promover acesso e melhorar a experiência do cuidado. “Para além disso, gerar conhecimento em saúde, seja no desenvolvimento de inovações, em pesquisas ou na capacitação profissional”, diz.
“Assim, mais do que implementar de forma inédita a tecnologia, estamos também investindo para nos tornarmos um centro de capacitação no uso das plataformas na área de reabilitação, a exemplo do que fazemos em cirurgia robótica, para disseminar o conhecimento prático, ampliando o número de profissionais aptos a realizar esse tipo de procedimento, com foco em qualidade e segurança do paciente”, completa.
Ao contrário das tecnologias conhecidas no país, que executam o movimento completo para o paciente, o exoesqueleto trazido ao Brasil pelo Einstein tem como diferencial perceber a intenção do movimento do paciente e potencializar seu micro sinal neurológico emitido, gerando o movimento. Dessa forma, as soluções tornam o paciente corresponsável e ativo no uso do equipamento durante o processo de reabilitação, auxiliando em novas conexões e reforços positivos ao aprendizado.
“Trata-se de um recurso terapêutico, não de locomoção. A proposta é utilizá-lo dentro de um contexto de reabilitação, aplicado por um profissional capacitado com o intuito de promover a neuroplasticidade dos pacientes que apresentem condições definidas como fraquezas, entre elas oito tipos de doenças neuromusculares; Mielopatia Associada ao HTLV-1, enfermidade com muitos casos relatados na América Latina; quadros de Parkinson; Lesão Medular; Esclerose Múltipla; e pós-AVC”, explica Milene Ferreira, gerente médica dos serviços de Reabilitação e Medicina Esportiva do Einstein. Ela destaca que, hoje, a Reabilitação Einstein realiza de 6 a 7 mil atendimentos/mês na alta complexidade.
E é exatamente com base nos tipos de condições de saúde que a nova tecnologia pode ajudar a tratar que o Einstein optou por incorporar o recurso. Diante do envelhecimento populacional no Brasil e do aumento de casos de doenças crônicas que podem incorrer nessa chamada fraqueza de movimento – uma lista que inclui não só AVC, Parkinson e esclerose, como também polineuropatias, doenças neuromusculares (Guillain-Barré, miastenia e outras) e lesões medulares incompletas) –, cada vez mais os pacientes deverão precisar de apoio para manter sua autonomia e mobilidade.
Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, os indicadores de envelhecimento da população brasileira atingiram níveis recordes, e pessoas de 65 anos ou mais já representam 10,9% do total de habitantes no país – dos 203,1 milhões de brasileiros, 22,2 milhões estão nesta faixa etária. Por outro lado, quando o assunto envolve condições de saúde, de acordo com a Sociedade Brasileira de AVC, o Acidente Vascular Cerebral é a principal causa de incapacidade em adultos no mundo.
No Einstein, o exoesqueleto poderá ser associado à terapia convencional, de fisioterapia neurológica – que trabalha com foco em ajustes posturais, controle de movimento, e treinos que facilitem a maior independência possível de forma segura para as atividades do seu dia a dia. Com o dispositivo, o profissional da reabilitação terá apoio para realizar uma sequência de repetição de movimentos corretos com o paciente, muito além do que a mão humana conseguiria fazer. O resultado associado prevê redução no tempo para atingir objetivos terapêuticos traçados. A tecnologia caminhará, cada vez mais, lado a lado aos recursos já disponíveis, para garantia de melhores resultados.
Estudos publicados em revistas de alto impacto, desenvolvidos em países como Estados Unidos, Turquia e Australia, mostram resultados importantes quanto a desfechos, não somente relacionados à qualidade de ganho de movimentos como, principalmente, a indicadores de funcionalidade da vida diária. Uma das pesquisas, por exemplo, mostrou ganhos em velocidade da marcha, algo importante para a redução do risco de queda em pacientes com mobilidade alterada após eventos que causem lesões medulares, por exemplo¹. Também há resultados de um estudo randomizado controlado de pacientes com oito tipos de doenças neuromusculares lentamente progressivas, como ELA, que comprovaram ganhos na distância percorrida durante um teste de caminhada de dois minutos (TC2M)².
Para dar início ao projeto, o hospital realizará um estudo científico com 10 pacientes. A proposta já foi submetida ao Comitê de Ética.
A expectativa é que, no futuro próximo, o Einstein também se torne um centro de referência da América Latina para capacitar outras instituições. Hoje, a organização já se destaca na capacitação de profissionais para execução de cirurgias robóticas, por exemplo. Entre os cursos de pós-graduação com maior presença de estudantes latino-americanos estão: cirurgia em urologia, cirurgia torácica e cirurgia do aparelho digestivo e coloproctologia, todas elas com o uso de robôs.
Outras inovações recentes do Einstein no cuidado ao paciente
O Einstein criou um programa de Inovação Cirúrgica, uma iniciativa entre a Eretz e a Rede Cirúrgica, especialmente para ser um radar de novidades, visando a incorporação, validação e desenvolvimento de novas tecnologias nada rede cirúrgica.
Em 2023, foi o primeiro hospital do Brasil a ter novo robô Hugo™ RAS, uma – incorporação ao seu parque robótico alinhada ao propósito de entregar saúde de qualidade e segurança ao paciente, que permite, a partir de seus braços modulares, mais flexibilidade no acesso às estruturas do corpo humano e maior amplitude de movimentos, entre outras vantagens ergonômicas e visão aprimorada da área a ser tratada.
Mais recentemente, o Einstein também foi o primeiro hospital do país a utilizar a plataforma Mazor™, tecnologia para o procedimento de artrodese da coluna lombar, uma cirurgia frequente na coluna vertebral, indicada para tratamento de algumas hérnias lombares com instabilidade, espondilolistese, deformidades vertebrais como a escoliose, além de fraturas e tumores.
Referências:
¹ Aach, M., Schildhauer, T. A., Zieriacks, A., Jansen, O., Weßling, M., Brinkemper, A., & Grasmücke, D. (2023). Feasibility, safety, and functional outcomes using the neurological controlled Hybrid Assistive Limb exoskeleton (HAL®) following acute incomplete and complete spinal cord injury – Results of 50 patients. The Journal of Spinal Cord Medicine, 46(4), 574–581. https://doi.org/10.1080/10790268.2023.2200362.
2 Nakajima, T., Sankai, Y., Takata, S. et al. Cybernic treatment with wearable cyborg Hybrid Assistive Limb (HAL) improves ambulatory function in patients with slowly progressive rare neuromuscular diseases: a multicentre, randomised, controlled crossover trial for efficacy and safety (NCY-3001). Orphanet J Rare Dis 16, 304 (2021). https://doi.org/10.1186/s13023-021-01928-9