Einstein adota tecnologia que combina robótica e quimioterapia aquecida para tratar tumores pleurais
Tratamento oferece mais precisão e menos efeitos colaterais, especialmente em casos avançados ou recorrentes.
O Einstein Hospital Israelita passou a realizar, em 2025, um novo tratamento cirúrgico de alta complexidade para pacientes com tumores na pleura, a membrana que reveste os pulmões e o interior do tórax, utilizando uma combinação de cirurgia robótica e quimioterapia hipertérmica intrapleural (HITHOC). A estratégia é indicada em casos de câncer de timo avançado ou que retorna após um primeiro tratamento, com o objetivo de ampliar o controle local da doença e reduzir as chances de nova progressão.
O câncer de timo avançado é uma forma rara e agressiva de tumor que se desenvolve a partir do timo, uma glândula localizada atrás do osso esterno, no centro do tórax, e que pode invadir a pleura. No tratamento realizado pelo Einstein, os médicos removem os tumores com o auxílio de um robô cirúrgico, que permite movimentos mais precisos e menos invasivos. Em seguida, aplicam diretamente na cavidade pleural uma solução de quimioterapia aquecida a cerca de 42 °C. O calor ajuda a potencializar o efeito dos medicamentos, atacando as células cancerígenas de forma localizada e com menos efeitos colaterais para o restante do corpo.
Núcleo de Alta Complexidade Cirúrgica do Einstein
O procedimento é realizado no Núcleo de Alta Complexidade Cirúrgica do Einstein, que reúne equipes de diferentes especialidades, como cirurgia torácica, oncologia, radiologia, terapia intensiva e enfermagem navegadora, para cuidar de cada paciente de forma integrada, com decisões compartilhadas desde o diagnóstico até o seguimento tardio.
“O Einstein tem investido continuamente em soluções cirúrgicas avançadas, especialmente em procedimentos que envolvem tecnologia robótica. Nosso foco é oferecer aos pacientes alternativas mais seguras, menos invasivas e com melhores resultados clínicos, principalmente em casos que exigem abordagens multidisciplinares”, ressalta Sérgio Araújo, diretor da Rede Cirúrgica do Einstein.
Para Rodrigo Gobbo, diretor do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein, a estratégia ilustra o impacto da medicina minimamente invasiva na experiência do paciente: “Os procedimentos intervencionistas e minimamente invasivos, como este, representam uma evolução significativa. Eles permitem intervenções mais precisas, com menor tempo de recuperação e menos efeitos colaterais, o que tem impacto direto na qualidade de vida do paciente e no retorno mais rápido às atividades habituais.”
A advogada Juliana Coimbra Garcia foi submetida ao procedimento após ser diagnosticada com câncer de timo em estágio avançado. Ela relata que a existência de uma estratégia integrada e conduzida por uma equipe especializada a deixou mais segura para enfrentar o processo: “Praticamente não tive os efeitos colaterais que são esperados numa quimioterapia. Não consigo dizer quando voltei a realizar as tarefas do dia a dia, porque nunca deixei de realizá-las.”
Ricardo Terra, cirurgião torácico do Einstein e integrante da equipe do Núcleo de Alta Complexidade Cirúrgica, explica que a combinação da tecnologia robótica com a quimioterapia hipertérmica permite abordagens mais precisas e eficazes, especialmente em cenários de recidiva ou invasão local avançada. “A maior vantagem da técnica, que estamos utilizando para timoma avançado e outras neoplasias pleurais, como o mesotelioma, é poder realizar a infusão do quimioterápico em dose concentrada, com menor toxicidade para o organismo e em seu estado de maior eficiência. Cada caso é discutido em equipe, o que aumenta a segurança do tratamento.”