Estatísticas e Análises, Mundo | 13 de outubro de 2020

Coronavírus pode sobreviver por até 28 dias em algumas superfícies e sob certas condições, diz estudo

Entretanto, pesquisadores avaliam que as pessoas são muito mais infecciosas
Coronavírus pode sobreviver por até 28 dias em superfícies, diz estudo

O novo coronavírus pode sobreviver em superfícies como notas de dinheiro ou telefones por até 28 dias em temperaturas frias e no escuro, de acordo com um estudo da agência científica nacional da Austrália (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation / CSIRO, na sigla em inglês). Os pesquisadores do CSIRO testaram a duração do SARS-CoV-2 no escuro sob três tipos de temperatura.


As taxas de sobrevivência do vírus caem quando as temperaturas estão mais altas. Os cientistas descobriram que a uma temperatura de 20ºC, o SARS-CoV-2 é “extremamente resistente” em superfícies lisas como telas de telefones celulares, sobrevivendo até 28 dias em cédulas de vidro, aço ou plastificadas. A 30º, a sobrevivência cai para 7 dias, e 24 horas em temperaturas de 40º.

O vírus sobreviveu a períodos mais curtos em superfícies porosas como o algodão “até 14 dias em baixas temperaturas e menos de 16 horas em altas”, de acordo com os pesquisadores. Isso é “significativamente mais longo” do que os resultados de estudos anteriores, que apontavam a sobrevivência do vírus em até quatro dias em superfícies lisas, de acordo com o relatório publicado na revista especializada Virology Journal (The effect of temperature on persistence of SARS-CoV-2 on common surfaces / O efeito da temperatura na persistência de SARS-CoV-2 em superfícies comuns).

Trevor Drew, diretor do Centro Australiano de Prevenção de Doenças, disse que o estudo foi realizado com amostras do vírus em diferentes materiais antes de submetê-los a um método “ultrassensível” que encontrou traços de vírus vivos capazes de infectar células em cultura.

“Isso não significa que a quantidade de vírus possa infectar alguém”, disse. Porém, se uma pessoa não tiver “cuidado com esses materiais e tocar neles e depois colocar as mãos na boca ou tocar os olhos ou nariz, eles podem se infectar até duas semanas após (esses objetos) terem sido contaminados”, alertou.


Ressalvas importantes

Drew salientou que as pessoas “são muito mais infecciosas”, reiterando que a principal via de transmissão é o contato próximo entre as pessoas.  Além disso, Drew disse que há algumas ressalvas. Entre elas, o de que o estudo foi realizado com níveis fixos de vírus que poderiam representar o pico de uma infecção típica, e não houve exposição à luz ultravioleta, que pode destruir rapidamente o vírus.

A umidade foi mantida constante em 50%, embora o aumento da umidade também prejudique o vírus, diz o estudo. De acordo com o CSIRO, o vírus se espalha principalmente pelo ar, mas mais pesquisas são necessárias para estabelecer a transmissão do vírus através de superfícies.


“Para desenvolver estratégias de mitigação de risco em áreas de alto contato, é essencial determinar o papel preciso da transmissão de superfície, o grau de contato de superfície e a quantidade de vírus e por quanto tempo (o vírus) continua viável ”, disse Debbie Eagles, da CSIRO.

Porém, Drew reforça que a mensagem principal é que “as pessoas são muito mais infecciosas do que as superfícies”. “No entanto, pode ajudar a explicar porque, mesmo quando as pessoas não estão infectadas, às vezes surgem novos surtos, mesmo em países considerados livres” do vírus, disse Drew.


Com informações do El Nuevo Heraldo. Edição do Setor Saúde.



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