Estatísticas e Análises | 15 de janeiro de 2018

Como o álcool causa danos ao DNA e aumenta o risco de câncer

Pesquisa inglesa analisou o efeito causado pela substância
Como o álcool causa danos ao DNA e aumenta o risco de câncer

De acordo com pesquisa publicada na Nature, denominada Alcohol and endogenous aldehydes damage chromosomes and mutate stem cells e financiada pela Cancer Research UK, o álcool prejudica o DNA nas células estaminais (capazes de se dividir) e aumenta o risco de câncer.

Pesquisas anteriores já analisaram as formas em que o álcool afetaria culturas celulares e poderia causar câncer. Entretanto, neste estudo, os pesquisadores utilizaram ratos de laboratório para mostrar como a exposição ao álcool provoca danos genéticos permanentes.

Cientistas do MRC Laboratory of Molecular Biology, em Cambridge, ministraram álcool diluído, quimicamente conhecido como etanol, aos ratos. O etanol é utilizado na formula das bebidas, como cerveja e vinho. Eles usaram análise de cromossomo e sequenciamento de DNA para examinar o dano genético causado pelo acetaldeído, um produto químico prejudicial produzido quando o corpo processa álcool.

Eles descobriram que o acetaldeído pode quebrar e danificar o DNA dentro de células estaminais do sangue levando a cromossomos rearranjados e alterando permanentemente as sequências de DNA dentro dessas células. Essas novas descobertas nos ajudam a entender como beber álcool aumenta o risco de desenvolver câncer, já que a doença pode ser originada quando células saudáveis se tornam defeituosas.

O cientista e autor do estudo, Ketan Patel, acredita que “alguns tipos de câncer se desenvolvem devido ao dano ao DNA em células estaminais. Enquanto alguns danos ocorrem por acaso, nossos resultados sugerem que beber álcool pode aumentar o risco desse dano”.

O estudo também examinou como o corpo tenta se proteger contra danos causados pelo álcool. A primeira linha de defesa é uma família de enzimas chamadas aldeído desidrogenases. Essas enzimas quebram o acetaldeído nocivo em acetato, que nossas células podem usar como fonte de energia.

Em todo o mundo, milhões de pessoas, principalmente no Sudeste Asiático, carecem dessas enzimas ou carregam versões defeituosas delas. Quando elas bebem, o acetaldeído se acumula, o que provoca uma aparência corada e mal-estar.

No estudo, quando os ratos que não possuíam a enzima receberam álcool, resultou em quatro vezes mais dano ao DNA em suas células em comparação com ratos com a enzima que funcionava completamente.

A segunda linha de defesa utilizada pelas células é uma variedade de sistemas de reparo de DNA que, na maioria das vezes, permitem corrigir e reverter diferentes tipos de danos. Entretanto, eles nem sempre funcionam e algumas pessoas carregam mutações que não conseguem realizar esses reparos efetivamente.

Patel acrescentou: “Nosso estudo destaca que não ser capaz de processar álcool de forma eficaz pode levar a um risco ainda maior de danos causados pelo álcool e até certos tipos de câncer. Também é importante lembrar que a eliminação do álcool pelo sistema não é perfeito e pode causar câncer de maneiras diferentes, mesmo em pessoas cujos mecanismos de defesa estão intactos”.

A professora e especialista em prevenção de câncer da Cancer Research UK, Linda Bauld, acredita que esta pesquisa reflete a o dano que o álcool pode fazer às nossas células, que vai muito além da ressaca.

“Sabemos que o álcool contribui para mais de 12.000 casos de câncer no Reino Unido a cada ano, então é uma boa idéia pensar em diminuir a quantidade que você bebe”, afirma.

 

Com informações da Science Daily e Nature. Edição Setor Saúde

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