Com transmissão ao vivo, Moinhos de Vento realiza cirurgia robótica em paciente com câncer
Prostatectomia foi feita utilizando o robô Da VinciUtilizando o robô Da Vinci, uma prostatectomia radical (retirada da próstata) em um paciente com câncer, de 55 anos de idade, marcou uma nova etapa da cirurgia robótica no Hospital Moinhos de Vento. No comando do equipamento, o médico André Berger realizou o procedimento na terça-feira, 13 de março. Cerca de 200 médicos de diferentes especialidades, reunidos no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm, na instituição, acompanharam ao vivo. O portal Setor Saúde acompanhou o evento e conversou com especialistas presentes. Em dezembro de 2017, o Hospital Moinhos lançou oficialmente a tecnologia em evento cobrido pelo portal Setor Saúde.
Brasileiro radicado há mais de 10 anos nos Estados Unidos e professor na University of Southern California (USC), Berger, um dos pioneiros da cirurgia robótica no Brasil, tendo realizado cerca de 2 mil operações, explicou cada movimento realizado no procedimento. Ao lado dele no bloco cirúrgico estavam os médicos Eduardo Carvalhal e Milton Berger, especialistas do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento.
https://youtu.be/HX5VcwOwSgc
O Dr. Mauro Weiss – urologista e Diretor Clínico do Hospital Moinhos de Vento – explicou que as cirurgias robóticas apresentam vantagens significativas para pacientes e também para os cirurgiões. “É bom para o paciente porque a cirurgia é realizada com muito mais delicadeza, apresenta menos riscos, o robô minimiza o sangramento, o paciente tem menos dor e a recuperação é mais rápida. Por outro lado, é vantajoso também para o cirurgião: temos mais tranquilidade e confiança para realizar o procedimento. Enxergamos melhor a anatomia, o robô faz movimentos muito maiores, por incrível que pareça, do que a mão humana. Conseguimos, com o robô, fazer movimentos de 180 e até 360 graus”, frisou.
Sobre a recuperação do paciente no pós-operatório, o Dr. Weiss salientou que a cirurgia robótica permite que em dois dias seja realizada a recuperação na internação, enquanto o procedimento tradicional deixaria o mesmo paciente entre quatro a cinco dias internado.
O superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Luiz Antonio Nasi, disse que a técnica robótica marca uma nova era na medicina. “A nossa iniciativa visa estimular os médicos e cirurgiões de um modo geral, mas especialmente os urologistas, porque hoje a cirurgia urológica, especialmente a prostatectomia, não se concebe mais não ser feita por uma cirurgia minimamente invasiva, no caso com a tecnologia robótica. Estamos na vanguarda em relação à esta intervenção para o câncer de próstata”, disse Nasi.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU – Seccional RS), Dr. Alexadre Fornari, analisou o quadro atual das cirurgias robóticas realizadas no Brasil. Fornari comparou os números dos EUA, onde mais de 80% das cirurgias de câncer de próstata já são realizadas com a tecnologia robótica, enquanto no Brasil menos de 10% das cirurgias são realizadas pela tecnologia robótica. O presidente da SBU (Seccional RS) indicou o alto custo do robô como um dos fatores do Brasil não possuir números expressivos. Porém, Fornari acredita que a perspectiva é boa, porque a tecnologia no futuro será mais acessível, o que permitirá uma maior popularização do procedimento.
https://youtu.be/1jBTQm1Kl-4
A avaliação foi também compartilhada pelo Dr. Weiss. “Não tenho dúvida que vai demorar um pouco e o custo ainda é muito alto. Mas, nos próximos anos, com o aumento da procura, os preços tendem a cair. É um quadro que tende a mudar”, avaliou Weiss.
O Hospital Moinhos de Vento informa que em breve o hospital terá procedimentos robóticos para especialidades como coloproctologia, ginecologia, otorrino, cirurgia do aparelho digestivo, torácica e geral. A estimativa da instituição é realizar anualmente entre 80 e 100 procedimentos utilizando o robô Da Vinci.
Treinamento
De acordo com o Dr. Weiss, o treinamento realizado pela equipe de profissionais do Hospital Moinhos de Vento ocorre em três etapas. Primeiro, é feita uma simulação virtual, disponibilizadas pela instituição para ocorrerem por no mínimo 3 meses. Depois, os profissionais fazem a simulação na sala de cirurgia, em modelos de plástico com realidade virtual. Finalmente, quando o profissional já se encontra plenamente treinado, a instituição o envia para um dos centros de certificações (na América Latina, existem atualmente um centro em Bogotá, já há anos estabelecido, e será inaugurado em breve uma nova unidade no RJ).
O Dr. Luiz Nasi ressaltou que alguns treinamentos foram realizados em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), instituição pioneira no procedimento com cirurgia robótica no RS, por meio do Programa Cirurgia Robótica.
No Brasil, robô Da Vinci opera desde 2008
Em 2008, o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, realizou a primeira cirurgia robótica com o Da Vinci no Brasil. O Dr. Weiss destacou o crescimento de adesão para este procedimento no país durante os últimos 10 anos. “Hoje, temos 39 robôs em operação no país. O robô Da Vinci do Moinhos é o 39º”, pontuou.
Weiss também apontou que foi significativa a evolução nos treinamentos nos últimos 10 anos. “O treinamento hoje é feito em altíssimo nível, em laboratórios de simulação médica. Quando os médicos chegam para operar, já estão com a técnica bem apurada, em condições de tirar do robô tudo o que a gente quer em um procedimento”, explicou.
No Rio Grande do Sul, a tecnologia da cirurgia robótica está presente desde 2013. Na ocasião, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre realizou o procedimento pioneiro no estado. Com o Moinhos de Vento, agora já são 2 instituições que realizam o procedimento no RS.
Da Vinci
Produzido pela empresa Intuitive Surgical, o robô Da Vinci é composto por três partes principais, com braços de trabalho e uma torre de vídeo com controles para as mãos e pedais. O cirurgião manuseia o console enquanto um auxiliar fica responsável pela troca de instrumentos, como pinças cirúrgicas.
A imagem da área da cirurgia vem de dois sistemas ópticos de alta qualidade, em três dimensões. Os detalhes dos tecidos podem ser ampliados digitalmente, sem perda de definição e de espaço de trabalho para o cirurgião. A tecnologia proporciona segurança em cada etapa da dissecção, ressecção e sutura dos tecidos. As pinças permitem liberdade de movimentos de 360° (ou até 720°, dependendo de configuração), muito mais amplos e precisos do que os realizados pela mão humana.
Benefícios da cirurgia robótica para o paciente
Menos tempo no bloco cirúrgico e de internação
Cortes menores e menor sangramento
Redução de possíveis complicações pós-cirúrgicas
Recuperação mais rápida
Alto nível de segurança e precisão no procedimento