Com mais de 700 novas contratações previstas, Hospital Tacchini projeta expansão histórica
Superintendente Hilton Mancio avalia conquistas em meio à pandemia e mira centenário da instituição, em 2024Antes dos primeiros casos confirmados de Covid-19 em Bento Gonçalves (RS), em março, a comunidade já podia observar o Hospital Tacchini em expansão. Em fevereiro, foi concluída a primeira etapa das obras de ampliação da UTI Adulto do Tacchini. Iniciada em julho de 2019, a obra resulta em mais 538m² de área, totalizando 1083m², dobrando o então espaço da instituição. À época, a projeção da direção do Tacchini era aumentar os leitos de UTI de 20 para 30. Entretanto, devido à pandemia da Covid-19, meses depois a instituição chegou a contar com 50 leitos de UTI, e, atualmente, conta com 45 leitos disponíveis.
Outro fato marcante para a instituição em 2020 foi a venda das operações das unidades das Farmácias Tacchimed (cinco unidades), para o grupo Dimed/Panvel. O superintendente executivo do Hospital Tacchini, Hilton Mancio, na oitava entrevista da série especial do Setor Saúde, que conta com a participação de executivos de saúde do RS, explica que a venda possibilita aceleração do processo de expansão dos próximos quatro anos: até o centenário do Tacchini, em 2024, a projeção é que a instituição dobre de tamanho, expandido a capacidade de atendimento, apresentando modernizações, com 730 novas contratações previstas nos próximos quatro anos.
O Hospital Tacchini faz parte do Tacchini Sistema de Saúde, também composto pelo Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), em Bento Gonçalves, pelo Hospital São Roque, em Carlos Barbosa, e o plano de saúde Tacchimed, com atuação em mais de 30 municípios da região serrana do Rio Grande do Sul.
Na entrevista, Mancio destaca os fatos mais marcantes de 2020 para o Hospital Tacchini. Apesar dos desafios impostos pela pandemia, a instituição decidiu não demitir colaboradores. Ainda, ressalta que a operadora de plano de saúde da instituição, Tacchimed, teve diminuição de sinistralidade em 2020. Leia a entrevista completa:
As estratégias do Tacchini para enfrentar a pandemia
“Se dependesse da vontade do Tacchini, jamais teríamos pandemia. Primeiro, pelo apreço às vidas humanas, e, depois, pelo potencial efeito catastrófico que o coronavírus teve sobre a sustentabilidade do sistema de saúde”, afirma Mancio.
O superintendente executivo aponta que, em março, o Tacchini entrou em “estado de prontidão” para encarar o grande desafio da saúde mundial no Século 21. “Ou seja, foram cancelados procedimentos eletivos, exames e tratamentos ambulatoriais, a fim de reduzir a ocupação. Dessa forma, o hospital abriu espaço para atender demandas urgentes, como é o caso da infecção pelo novo coronavírus”, explica.
As renúncias trouxeram um forte impacto para as finanças. Mancio aponta que, para o Tacchini, o impacto foi ainda maior, porque a instituição, desde o início da pandemia, adotou a estratégia de não demitir colaboradores.
“Para passar por esse período, fizemos uma série de adequações tanto nas áreas assistenciais quanto administrativas. Precisamos aprender rapidamente a manejar essa nova realidade e buscar formas de equilibrar as contas de uma estrutura que tem um custo operacional extremamente alto”, aponta Mancio.
Segurança do paciente
A partir de setembro, o Hospital Tacchini iniciou a implantação de novas etiquetas coloridas, que identificam seringas de medicamentos e vias de administração utilizados nas UTIs e bloco cirúrgico. De acordo com o Tacchini, a padronização vai ao encontro das regras aplicadas em instituições de saúde internacionais e tem como objetivo agilizar processos e evitar possíveis trocas ou erros de administração durante o tratamento.
Sala de Situação: estrutura criada para a pandemia se tornará permanente
Mancio destaca que, antes mesmo do primeiro caso de coronavírus ser registrado em um paciente da instituição, o Tacchini criou uma Sala de Situação, reunindo gestores e líderes de diversas áreas. Ele diz que, com a estrutura de gestão, foi possível aumentar a agilidade nas tomadas de decisão, inclusive prevendo e prevenindo uma série de situações. O superintendente executivo diz que, a partir de agora, essa estrutura será permanente no Tacchini.
“O outro ponto importante foi a união das pessoas. Esse sentimento se multiplicou de forma importante, tanto entre os colaboradores quanto na humanização dos nossos atendimentos. Muitas iniciativas que tivemos durante a pandemia surgiram como ideia de colaboradores. Um exemplo disso é o contato remoto entre pacientes e familiares”, detalha.
Além das estratégias traçadas pela gestão do Tacchini, cabe ressaltar o engajamento da comunidade, que ajudou as instituições do Tacchini Sistema de Saúde com doações durante 2020, como é detalhado em matéria publicada no Setor Saúde.
“Outro fator importante foi a racionalidade com que utilizamos os recursos como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testes, anestésicos, analgésicos, entre outros. A consciência coletiva foi essencial para que passássemos os períodos de escassez do mercado sem deixar nada faltar aos pacientes”, complementa.
Tacchini chega a 45 leitos de UTI e conta com Laboratório próprio para enfrentar a Covid-19
No início do ano, antes da pandemia ser anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Tacchini planejava expandir de 20 para 30 os leitos de UTI. Entretanto, com a demanda imposta pelos casos crescentes de Covid-19, a instituição chegou a abrir mais 20 leitos, chegando ao total de 50 leitos de UTI, dos quais 23 disponíveis desde junho a pacientes SUS. Entretanto, atualmente são 45 leitos de UTI disponíveis, por falta de profissionais para tornar os 50 leitos fixos. Todos os leitos possuem estrutura de isolamento, podendo assim estar disponíveis aos pacientes com Covid-19.
As expansões implementadas para enfrentar a pandemia permitiram ao Tacchini descentralizar ações. “Com a pandemia, o Tacchini atingiu 50 leitos de UTI, melhorou estruturas internas e implementou um segundo posto de enfermagem em alguns locais, permitindo que algumas ações fossem descentralizadas”, aponta Mancio.
Em julho, o Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do Hospital Tacchini foi validado pelo Laboratório Central do Rio Grande do Sul (Lacen-RS) para realizar o diagnóstico de coronavírus (Covid-19) por meio de exames RT-PCR, considerados padrão ouro na detecção da doença.
Conforme a instituição hospitalar, a validação traz ainda mais agilidade ao processo e faz com que o resultado de cada teste esteja disponível em menos de 4 horas. Em média, são realizados 70 exames RT-PCR por dia no LAC do Tacchini.
Além dos testes para detecção de Covid-19, o laboratório do Tacchini Sistema de Saúde, que conta com uma equipe multiprofissional à disposição, realiza cerca de 74 mil exames todos os meses. O Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Tacchini está situado na rua Saldanha Marinho, 506, no Centro de Bento Gonçalves.
Novo tomógrafo com Inteligência Artificial
Em novembro, O Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Hospital Tacchini colocou em funcionamento o seu primeiro tomógrafo com Inteligência Artificial. Disponível para utilização em pacientes particulares, conveniados e SUS, o novo equipamento possui imagens mais precisas, realizando exames com mais rapidez e qualidade de imagem superior.
O tomógrafo ainda diminui a dose de radiação e de contrastes em pacientes, mesmo em exames e casos complexos. As novas tecnologias corrigem ainda os borrões de imagem causados pela presença de algum tipo de prótese metálica presente no corpo do paciente. Dessa forma, o novo equipamento contribui para diagnósticos mais precisos e, ao mesmo tempo, aumenta a segurança do paciente.
Instituição dobrará de tamanho até o centenário (2024). São previstos 730 novos empregos
O superintendente detalha que o planejamento da instituição atual tem como alvo o ano de 2024, quando o Tacchini celebrará seu centenário, com projeções ambiciosas.
“Nossa visão não se resume a 2021, trabalhamos em quatro anos. Estamos focados em nosso plano de expansão, que tem previsão para ocorrer até 2024. Nele, está prevista a contratação de 730 pessoas, que vão trabalhar nos novos serviços que estarão à serviço da comunidade”, diz Mancio.
Com foco em expansão dos serviços, o Tacchini já prevê a inauguração do Hospital Dia, no prédio do Medical Center, no primeiro semestre de 2023. “Obviamente, toda a estrutura hospitalar que já está em funcionamento seguirá demandando investimentos constantes, que vão ocorrer ao natural, mas nosso foco é na expansão dos serviços”, afirma.
Venda da rede de farmácias garante recursos para expansão no próximo ano
Em outubro, o Tacchini anunciou a venda de suas cinco unidades das Farmácias Tacchimed (todas de Bento Gonçalves) para o grupo Dimed/Panvel. A negociação vai permitir ao Tacchini Sistema de Saúde concentrar suas ações na área hospitalar. A previsão é de que, dentro de poucos anos, o Hospital Tacchini terá à disposição 120 novos leitos, irá duplicar o serviço de Hemodiálise, implantar uma unidade de reabilitação no nível dos melhores serviços do país, além de incorporar novos serviços para os beneficiários do plano de saúde Tacchimed.
O superintendente destaca que os recursos para expansão da estrutura hospitalar estão garantidos para 2021 após a venda das farmácias. “Cabe ressaltar que, por uma decisão estratégica de manter o foco na atividade hospitalar, vendemos nossa rede de farmácias. Dessa forma, iniciamos ainda neste ano nosso processo de expansão. A primeira etapa, que vai até o final de 2021, está garantida com esses recursos”, diz.
Mancio explica que o planejamento de investimentos pode ser mais ou menos largo, de acordo com o cenário econômico, mas ele invariavelmente vai ocorrer. “O que temos que fazer é agir com responsabilidade”, ressalta Mancio.
Diminuição de sinistralidade da operadora Tacchimed
“Cabe ressaltar que enquanto o Hospital teve uma perda gigantesca, a operadora Tacchimed teve uma diminuição de sinistralidade e de alguma forma conseguimos passar por esse período de forma a equilibrar nossas contas”, revela.
O superintendente executivo afirma que a operadora teve, inclusive, a preocupação com seus parceiros. “O Tacchini Sistema de Saúde manteve o fluxo mensal de pagamento para médicos e hospitais, equiparando o faturamento de 2019 independentemente da quantidade de serviços realizados durante a pandemia”, explica.
Como será o “hospital pós-pandemia”
“Elevamos muito nosso nível de excelência, segurança, humanização e cuidado com as pessoas. Isso não volta, isso se consolida. Há alguns anos trabalhamos nosso planejamento estratégico com a visão centrada no cliente, buscando um atendimento ágil, seguro e de alta qualidade. Vejo que evoluímos muito nessa direção durante 2020”, analisa.
Novas tendências do mercado: verticalização, fusões e aquisições e parcerias estratégicas entre hospitais
O Tacchini Sistema de Saúde está alinhado e atualizado com as tendências em alta do mercado da saúde. O superintendente executivo cita a expansão do plano de saúde Tacchimed, a implementação do plano Maturità e a parceria para realizar cirurgias cardíacas.
“Em primeiro lugar, estamos em processo de franca expansão de serviços no Tacchimed, nossa operadora de plano de saúde, tornando nossa estrutura mais robusta e garantindo um posicionamento dentro desse mercado tão competitivo”, diz.
Ele cita como uma das iniciativas dentro da verticalização de serviços o plano Maturità, para pessoas com mais de 60 anos. O foco do plano é oferecer cuidado completo com a saúde. Para que isso aconteça de maneira eficaz, os procedimentos necessários para prevenção, tratamento e recuperação dos clientes são coordenados pela equipe dos serviços próprios do Tacchimed, através da gestão integrada do cuidado do paciente (realização de consultas, exames, internações e revisões). “Ele é capaz de realizar a gestão completa de uma vida com base em evidências científicas e na excelência de práticas médicas”, diz.
Entretanto, o superintendente executivo afirma que tem “total consciência de que não há como uma instituição tornar-se uma ilha”. Por isso, o Tacchini tem uma série de serviços em parceria com outras instituições. Ele cita, como exemplo, as cirurgias cardíacas, que hoje não são realizadas no Tacchini, mas sim em um parceiro que tem um volume de atendimento que permita desenvolver essa especialidade. “Isso porque não há em Bento e região uma demanda que permite desenvolver a especialidade”, explica Mancio.
Telemedicina e LGPD
Mancio acredita que a telemedicina trouxe experiências positivas, tornando-se uma ferramenta que veio para ficar no setor de saúde.
“A telemedicina era algo que vinha sendo discutido antes da pandemia no mercado que precisou ser intensificada com esse episódio, uma vez que muitos médicos que fazem parte do grupo de risco não tinham como acessar seus pacientes. Esse é um processo que não tem mais volta. Na medida em que ele foi posto em funcionamento, obviamente tomando os cuidados necessários para que não se perca a essência e a qualidade do atendimento ao cliente, a gente nota experiências positivas sendo relatadas”, afirma.
Ele ressalta que é preciso entender que, para um grupo de clientes, a chegada da telemedicina tem muito valor. “Essa acessibilidade faz parte de um movimento de mercado. Não podemos encaixotar as necessidades do consumidor”, diz.
“Quanto à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados, em vigor no Brasil desde setembro de 2020), existe uma lei e todos temos que nos adaptar a ela. Com o passar dos meses as dúvidas vão sendo esclarecidas e vamos nos adaptando. No Tacchini encaramos essa situação com muita naturalidade e muito respeito às individualidades e a privacidade”, complementa.
Doenças por vírus seguirão sendo o foco do Hospital
Ao analisar qual será o foco da instituição para o próximo ano, Mancio salienta que doenças causadas por vírus seguirão em grande evidência, e que os hospitais deverão estar preparados para se adaptarem.
“Os assuntos relacionados a gripes vão permanecer em evidência. Se há um ano nossa preocupação era o vírus Influenza, no próximo ano continuaremos tendo o Influenza, a Covid-19 e outros que vão surgir com o tempo. O ponto positivo nisso é o aprendizado. Quando o próximo vírus surgir, já teremos toda uma experiência acumulada para lidar com a situação de uma forma mais controlada e tranquila. Acredito que o principal desafio é enxergarmos uma forma de tratar todo o resto das doenças sem deixar que esses vírus que vão surgir influenciem a rotina hospitalar. É uma questão de adaptação”, reflete.
Lições da pandemia
O superintendente executivo analisa que a pandemia impôs mudanças de logística que se consolidarão daqui pra frente. Ele acredita que haverá menos reuniões presenciais, investimento forte em home office, e ainda estima como será a nova realidade administrativa hospitalar.
“O primeiro impacto diz respeito à dinâmica das reuniões virtuais. Se antes da pandemia eu fazia uma reunião virtual a cada três meses, hoje elas se tornaram diárias. Isso modificou muito nosso cenário. Acredito que não se viajará mais a negócios com tanta intensidade”, diz.
O home office já está contemplado no plano de expansão do Tacchini. “O home office passou a ser uma realidade. Vejo que em algumas atividades haverá um investimento nessa direção, inclusive no Tacchini. Dentro do planejamento de expansão dos próximos anos, temos nossas novas áreas administrativas todas planejadas em modelo de coworking”, explica.
Mancio detalha como serão os novos ambientes de trabalho no ambiente hospitalar. “Neste novo modelo, as pessoas não terão mesa, terão ambiente. Ou seja, as pessoas chegarão para trabalhar com seus materiais em mãos, sentarão em cadeiras não determinadas, realizarão suas tarefas e, ao final do expediente, tudo será recolhido para que outras pessoas, no turno da noite, possam utilizar o mesmo espaço. Essa será nossa nova realidade na parte administrativa hospitalar”, afirma.
Mensagem de final de ano
“Gostaria de agradecer a todos os profissionais da área da saúde, à imprensa, que trabalharam intensamente para levar informação e a todos que de alguma forma se envolveram com o processo pandêmico, como por exemplo o setor público, que em Bento Gonçalves foi um grande parceiro. Durante esse processo, todos aprendemos e crescemos como profissionais e seres humanos. As coisas mudaram e precisamos nos adaptar às novas realidades. Tudo que vivemos até aqui faz com que tenhamos mais experiência para encarar os desafios que 2021 nos reserva. Trabalhamos com uma visão de perenidade do Tacchini Sistema de Saúde para que ele permaneça por séculos ajudando sua comunidade. Temos uma missão bela, bacana, desafiadora. Não faltará trabalho a todos que fazem parte desse projeto, mas tenho certeza de que, ao olharmos para trás, teremos orgulho desse legado”, finaliza.
Hilton Mancio
Hilton Roese Mancio atualmente exerce a Superintendência Executiva da Associação Dr. Bartholomeu Tacchini, tendo nos últimos 20 anos atuando em funções de direção em grandes empresas do setor saúde e outros 12 anos de experiência em funções gerenciais nas áreas de logística, projetos, administrativa, qualidade e gestão de unidades de negócios. Possui formação em Administração de Empresas pela PUCRS com especialização em Gestão da Qualidade, Dinâmica de Grupo, MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral e Post-MBA Program Leadership and Marketing – Kellogg Graduate School of Management.