Gestão e Qualidade | 9 de agosto de 2025

Clinical Research Summit Hospital Moinhos de Vento reúne os principais atores da pesquisa clínica no Brasil

Evento ocorreu nesta sexta-feira (8) em Porto Alegre e promoveu a troca de experiências e a construção conjunta de soluções para os desafios da área.
Clinical Research Summit Hospital Moinhos de Vento reúne os principais atores da pesquisa clínica no Brasil

Com auditório lotado, o Hospital Moinhos de Vento promoveu nesta sexta-feira (8), no Hotel Deville Prime Porto Alegre o Clinical Research Summit. O evento contou com a presença de renomados pesquisadores nacionais e internacionais e possibilitou a discussão de tendências globais e melhores práticas em pesquisa clínica. O portal Setor Saúde esteve presente na abertura do evento e conversou com o CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, o Médico Cardiologista e Head da Academic Research Organization do Hospital, Dr. André Zimerman e o Diretor do Instituto Butantan, Dr. Esper Kallas.


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Conforme Parrini, o evento pode ser considerado um marco para a área de pesquisa do Hospital Moinhos. “Primeiramente devo agradecer a presença de todos. É motivo de orgulho para a gente poder gerar um novo marco com o lançamento do nosso Instituto de Pesquisa Moinhos. A gente tem um projeto que vem ocorrendo nos últimos 10 anos no qual fizemos uma tríade entre a assistência médica, a educação e a pesquisa. Anteriormente nós tínhamos o IEP, que, na verdade, era a junção da educação com a pesquisa. E, aos poucos, fomos percebendo, principalmente através da nossa afiliação com a Johns Hopkins e com a Mayo Clinic, que, na verdade, educação e pesquisa são universos que se conectam, mas são paralelos. E assim a gente resolveu dar uma luz e uma cara própria para a pesquisa. Investimos pesado: já são mais de 20 milhões de reais investidos em pesquisa clínica, andares completamente novos e mais de 60 profissionais trabalhando em nossos estudos e pesquisas.”

hospital moinhos de vento mohamed parrini

“Ao longo deste período enviamos profissionais médicos para a Hopkins, Harvard, Beth Israel e Mayo Clinic. São fellows que estão agora retornando liderados pelo doutor André [Zimerman] e pelo doutor Eduardo Dytz Almeida [coordenador do Instituto de Pesquisa Moinhos]. Estamos muito orgulhosos de poder trazer o que de melhor há em ciência e pesquisa para o Brasil. Enquanto o Brasil não desenvolver pesquisa, ciência e tecnologia própria, a gente não vai conseguir se desenvolver como queremos e seguiremos dependentes de commodity e de produtos básicos. É isso que a gente não quer”, completou o CEO do Moinhos.

mohamed

“A gente quer possibilitar uma maior conexão, afinal, ninguém faz nada sozinho. A ideia é unir esforços também com o setor público, o privado e com a indústria farmacêutica, trazendo todas as principais indústrias. Queremos desenvolver tecnologia e ciência para ajudar a desenvolver o Rio Grande do Sul. O nosso Estado está sofrendo desde a pandemia e mais recentemente com as enchentes. Por isso precisamos dar protagonismo para o nosso Estado e o Brasil. Essa é a missão do Hospital Moinhos de Vento. Nós somos um hospital nacional no Rio Grande do Sul, gerando emprego aqui, mas principalmente, gerando emprego de qualidade, emprego técnico. Esperamos conseguir manter aqui os nossos cientistas, os nossos acadêmicos, os nossos pesquisadores. Queremos possibilitar condições para que eles não precisem sair do Rio Grande do Sul para se desenvolver e para fazer ciência. Eles podem atuar aqui no nosso Estado, retendo riqueza, gerando desenvolvimento. Queremos fazer com que os nossos amigos do sudeste, Rio, São Paulo, Brasília, peguem um avião e venham para o Rio Grande do Sul, para poder colaborar conosco”, vislumbrou Parrini.

Diversidade genética da população brasileira: uma oportunidade para pesquisadores e indústria farmacêutica 

Parrini também falou sobre a diversidade genética da população brasileira. O Norte, por exemplo, apresenta maior proporção de ancestralidade indígena; o Nordeste possui origens africanas; o Sul possui predominância europeia; e o Centro-Oeste e Sudeste apresenta diversidade e mistura das três origens. Conforme o CEO do Hospital Moinhos, estas características abrem um leque muito grande de oportunidades.

mohamed parrini hospital moinhos

“O mundo mudou de 30 anos para cá e o aumento do poder aquisitivo e do acesso à saúde dos países asiáticos e da população não branca mundial gerou uma oportunidade de desenvolvimento para a indústria. E sim, o alvo da indústria farmacêutica e outros atores é a população com diversidade genética, ou como os pesquisadores e estudiosos falam, ‘non-white population’, uma população não totalmente branca. Diferentemente do que ocorria antigamente, com estudos focados na Europa, nos Estados Unidos, hoje o que a indústria busca é exatamente o oposto.”

Clinical Research Summit Hospital Moinhos de Vento

“O Brasil apresenta grandes oportunidades por oferecer uma população que é miscigenada. Mesmo que na Europa haja hoje uma diversidade muito ampla, o Brasil se coloca de forma perfeita para pesquisas clínicas abrangentes. Hoje o que a indústria farmacêutica quer é organização, cumprimento de contratos com a estrutura hospitalar de alto nível, que é o que o Moinhos pode oferecer. Estamos muito contentes com este cenário.  Para nós, o objetivo não é econômico. O objetivo do Moinhos de Vento é poder colaborar com o desenvolvimento regional, gerando consequências positivas muito amplas para a economia e para a ciência. E consequentemente, para a população”, acrescentou Parrini.

Zimerman: “Faltava um evento que integrasse todos os agentes que fazem acontecer a pesquisa no Brasil”

André Zimerman (Head da Academic Research Organization do Hospital Moinhos), falou sobre a importância e a ideia que motivou a criação do evento. “A pesquisa clínica é o que realmente move as grandes transformações na saúde. Qualquer remédio que usamos hoje é oriundo de um processo rigoroso de pesquisa clínica, de método e de testes até chegar ao paciente. Frequentemente falamos mais da parte final da medicação, dos resultados, e não falamos muito sobre todo esse processo que envolve a pesquisa. Também queremos demonstrar que o Brasil é um país muito forte na pesquisa clínica. O Brasil tem um sistema de saúde organizado e tem muita diversidade. Faltava um evento que integrasse todos os agentes que fazem acontecer a pesquisa no Brasil”, explicou.

André Zimerman e Peter Libby

“Trouxemos universidades, o Ministério da Saúde, a Anvisa, hospitais de excelência do país, AROs [Academic Research Organizations] que são os grupos que coordenam os ensaios clínicos e as CROs [ Contract Research Organizations], que são empresas que fazem operação dos ensaios clínicos. Ou seja, todos os agentes estão aqui hoje para discutir não a cardiologia ou a neurologia, mas para discutir a pesquisa e as suas oportunidades, assim como as barreiras e o espaço do Brasil perante o mundo. Trouxemos palestrantes de fora do país para contribuir com uma visão internacional e entender como está o Brasil nesse processo e o que a gente pode fazer para alavancar cada vez mais a pesquisa”, completou Zimerman (à esquerda na foto acima, ao lado do Dr. Peter Libby).

André Zimerman

O Head da Academic Research Organization do Hospital Moinhos de Vento também falou sobre o potencial do Brasil e da característica única do país. “Eu vou dar um exemplo sobre estas características do nosso país. Nós estamos conduzindo um estudo com um tipo de marcapasso. Até hoje, todos os estudos testados com esse tipo de marcapasso foram predominantemente em países desenvolvidos e com homens brancos como a população prioritária, ou seja, a maioria dos pacientes eram homens e brancos. Aqui conseguimos desenvolver um estudo com 50% de mulheres e 60% não brancos, que é absolutamente inédito para esse tipo de estudo. Isso nos dá uma resposta não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. Uma demonstração de como a intervenção funciona em populações diversas, que é exatamente o que a gente quer em última instância.”

André Zimerman hospital moinhos de vento

“A gente não quer provar que um tratamento funciona para uma certa população específica, a gente quer ver como isso age para todo mundo. E as empresas do mundo inteiro já sabem que o Brasil oferece esse tipo de população. Então o pessoal tem vindo para cá. O Brasil já recruta muitos pacientes para estudos, mas ainda temos uma oportunidade muito grande de recrutar cada vez mais. E esse é um dos grandes motivos do Clinical Research Summit estar reunindo tantos especialistas de peso.”


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O papel do Hospital Moinhos no cenário de pesquisa clínica

Segundo Zimerman, o Hospital Moinhos está numa posição muito privilegiada porque ele consegue conectar diferentes agentes. “Frequentemente as universidades ficavam isoladas, a parte SUS ficava esquecida e o privado adormecido em seu casulo. Com o Moinhos e parceiros estamos ajudando a mudar isto. Somos um dos sete hospitais de excelência do Brasil [juntamente com os hospitais Einstein, Alemão Oswaldo Cruz, BP, HCor e Sírio Libanês], com um sistema privado forte, a partir de ações com o PROADI-SUS. O Moinhos é um hospital privado, mas também temos faculdade, mantemos constante interação com o Ministério da Saúde e com as empresas farmacêuticas por meio dos protocolos de pesquisa clínica patrocinados. O Moinhos é um agente que integra todos esses agentes que fazem acontecer a pesquisa clínica e é uma posição muito única que nos possibilita organizar e planejar os próximos passos da pesquisa clínica no Brasil. O Moinhos também tem um programa de fellowship que direciona alunos para o exterior para se qualificar e voltar. Com isso a gente consegue manter conexões e manter parcerias. Eu, por exemplo, fiz um fellowship na Universidade de Harvard, num grupo de pesquisa clínica cardiovascular. Voltei para o Brasil e hoje sigo atuando em vários projetos em parceria com o meu grupo dos Estados Unidos. A gente tem feito muitas parcerias acadêmicas. É uma forma de nós estarmos ligados internacionalmente no mundo, publicando e produzindo estudos de qualidade”, destacou.

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Potencial da pesquisa nacional e liderança global

O diretor do Instituto Butantan, Dr. Esper Kallas (foto abaixo), destacou o papel do instituto paulista, considerado o maior produtor de vacinas e soros da América Latina e o principal produtor de imunobiológicos do Brasil. “O Instituto Butantan desempenha um papel fundamental no desenvolvimento científico no Brasil, principalmente através de sua pesquisa clínica. Nós temos uma equipe composta por mais de 80 profissionais que conduzem estudos desde as fases iniciais até a fase 4, além de participarem de estudos de farmacovigilância. Essa estrutura permite que o Instituto contribua significativamente para a inovação e o avanço na área da saúde pública no país.”

Esper Kallas butantan pesquisa clinica

Kallas, que também é Diretor do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da FMUSP, elogiou o Clinical Research Summit promovido pelo Hospital Moinhos de Vento. E destacou o potencial dos pesquisadores e dos centros de pesquisa do Brasil. “O potencial da pesquisa científica no Brasil para a saúde coletiva é enorme. O país possui uma massa crítica de pesquisadores dedicados e capacitados, capazes de realizar pesquisa clínica de alta qualidade. Essa capacidade pode proporcionar respostas significativas para desafios na saúde coletiva, contribuindo para soluções inovadoras e eficazes”, adicionou.

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Para que o Brasil almeje atingir a liderança global, Kallas defende um movimento de conscientização junto ao setor político. “Acredito que a melhor coisa que a gente pode fazer para termos a possiblidade de nos tornarmos uma liderança global em pesquisa clínica é dialogar com os nossos políticos, não importa se eles sejam de direita, esquerda, centro. É convencê-los da importância da pesquisa, da ciência, da inovação e do desenvolvimento. Se a gente não fizer esse trabalho preventivo com cada um deles pode acontecer o mesmo que está ocorrendo hoje nos Estados Unidos. A pesquisa lá está desmoronando por causa de alguns que não tiveram essa noção de responsabilidade, de sensibilidade. É um trabalho de todos nós. A gente precisa destacar a importância do que é produzir desenvolvimento científico, inovação, pesquisa, com respeito às normas éticas fundamentais e com qualidade”, finalizou.

Clinical Research Summit

O Clinical Research Summit contou com os principais atores da pesquisa clínica no Brasil — incluindo representantes do Ministério da Saúde, Anvisa, universidades, centros de pesquisa e indústria farmacêutica — em um espaço de troca de experiências e soluções. Um dos destaques da programação foi a Aula Magna “Inflammation – a unifying feature of many diseases” com o Dr. Peter Libby, professor da Harvard Medical School e médico do Brigham and Women’s Hospital, reconhecido como um dos mais influentes cardiologistas do mundo. Com uma trajetória dedicada ao estudo da inflamação e da aterosclerose, o Dr. Libby é referência global na produção de conhecimento científico de alto impacto.

Peter Libby

Outro ponto alto do encontro foi o painel “Construindo Pontes: O Poder da Colaboração Público-Privada na Pesquisa Clínica”, que trouxe diferentes perspectivas sobre a integração entre setores e o fortalecimento de políticas que aceleram a inovação científica e o acesso à saúde. O evento também promoveu o debate “Entre Potencial e Protagonismo: O Brasil Pode Ser Referência Global na Pesquisa Médica?”, que abordará os desafios e oportunidades do país para se consolidar como um polo estratégico de pesquisa em saúde.

O evento contou com o patrocínios de TriNetX (ouro) e Elsevier, Gilead Kite, Polo Trial e UpFlux (bronze). O apoio foi da Move e Atrion Hospital Moinhos.

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Fotos: Leonardo Lenskij

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