Estatísticas e Análises | 16 de dezembro de 2017

Cirurgia rara no Moinhos de Vento transforma indicador em polegar

Criança passou por procedimento para ter a função de pinça, utilizada para segurar objetos
Cirurgia rara no Moinhos de Vento transforma indicador em polegar

Uma criança de dois anos de idade que nasceu com quatro dedos na mão direita teve o indicador transformado em polegar em cirurgia no Hospital Moinhos de Vento. O procedimento foi realizado em março deste ano pelo médico Paulo Henrique Ruschel, ortopedista e traumatologista – cirurgião da mão e microcirurgia reconstrutiva. Passados nove meses, a instituição e seus cirurgiões comemoram a confirmação do sucesso neste tipo de procedimento raro e complexo.

Chamado de policização, consiste em levar o indicador para o novo local. Mas não é uma simples transferência. O dedo ficará com o visual e a funcionalidade de um polegar. Por meio de microcirurgia, foram feitas alterações nas estruturas óssea, muscular e dos tendões. O indicador, por exemplo, tem quatro ossos e o polegar, três. Entre os tendões, cinco tiveram de ser modificados.

Avaliação médica comprova sucesso de cirurgia rara realizada no Hospital Moinhos de Vento (1)

“Mudam-se várias estruturas para se manter a função de pinça. Sem ela, a mão perde 70% de sua função” afirma o médico.

Na cirurgia, que durou três horas, a primeira etapa consistiu em manter a circulação e a inervação. Depois foi feita a pronação, que é deixar o novo polegar de frente para os demais dedos. Esse reposicionamento é importante para a mão conseguir segurar objetos, fazendo o movimento de pinça.

Avaliação médica comprova sucesso de cirurgia rara realizada no Hospital Moinhos de Vento (2)

O procedimento é realizado aos dois anos de idade por dois motivos, basicamente: as estruturas da mão estão maiores e porque o cérebro ainda não tem todos os registros do polegar, ficando receptivo à alteração. A mão ficará com quatro dedos, mas manterá grande parte das funções, permitindo diferentes atividades como escrever. Concluída a cirurgia, a criança teve alta no dia seguinte. Agora terá de ficar com a mão imobilizada por quatro semanas e, depois, fazer fisioterapia durante três meses. Conforme o chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, intensivista pediátrico João Ronaldo Krauzer, esse não é um procedimento frequente na instituição porque a agenesia de polegar é uma patologia genética considerada rara.

“Mas o hospital está preparado para uma complexidade muito além do habitual” afirma Krauzer.

Integraram a equipe os médicos Marcos Tanhauser (anestesista) e Cristian Stein Borges (cirurgião de mão, primeiro auxiliar). Ruschel tem pós-graduações em cirurgia da mão e microcirurgia no The Robert Jones Orthopaedic Hospital, em Oswestry (Inglaterra), e em cirurgia da mão e nervos periféricos no The Royal National Orthopaedic Hospital Londres, também na Inglaterra. Em 22 anos de atividades, Ruschel já havia realizado seis procedimentos semelhantes.

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