Tecnologia e Inovação | 8 de julho de 2017

Cirurgia de joelho realizada por robôs consolida nova era na saúde

Técnica promete procedimentos mais rápidos e melhores resultados em operações
Cirurgia de joelho realizada por robôs consolida nova era na saúde

As principais empresas de tecnologia médica do mundo estão se voltando para a entrega de robôs que podem ajudar em cirurgias de múltiplos órgãos, dentre as quais as de joelho complexas. Este segmento é considerado de grande potencial a ser explorado, e inicia uma “guerra” entre as principais fabricantes de soluções tecnológicas. A empresas prometem ajudar a entregar procedimentos mais rápidos e melhores resultados em operações que em muitas vezes, deixam pacientes insatisfeitos.

A demanda pela substituição de articulações naturais por artificiais vem crescendo rapidamente, à medida que os joelhos e os quadris se desgastam acompanhando a tendência de envelhecimento da população. Duas empresas com sede nos EUA, a Stryker e a Smith e Nephew, apostam em novos robôs para alcançar o sucesso neste mercado.

Fares Haddad, cirurgião do University College London Hospitals, é um dos primeiros na Grã-Bretanha a usar os novos robôs e ficou impressionado. No entanto, ele concorda que os profissionais de saúde precisam de mais dados para provar que vale um investimento que pode chegar a US $ 1 milhão por cada robô.

“O principal motivo para o uso de um sistema robótico é melhorar a precisão e poder atingir com segurança um alvo que varia de paciente para paciente”, afirmou. “É particularmente útil nos joelhos porque eles são mais problemáticos [do que os quadris] e [hoje] há um grupo de pacientes que não estão tão satisfeitos com os resultados da substituição do joelho”.

As taxas de satisfação dos pacientes alcançam apenas cerca de 65% nas operações do joelho, contra 95% dos quadris, de acordo com pesquisas. Os tipos de robôs rivais variam em custo e sofisticação, auxiliando cirurgiões com orientação de imagem de precisão para corte ósseo e inserção de articulações artificiais.

Máquinas de prestígio

As empresas do ramo ortopédico esperam seguir o sucesso da Intuitive Surgical, criadora do pioneiro robô denominado Da Vinciutilizado em hospitais possui mais de 4 mil máquinas instaladas em todo o mundo, inclusive Brasil – para procedimentos que incluem remoção de próstata, reparação de hérnia e histerectomias.

Robô Da Vinci realizando sutura

 

Além de vender em grandes mercados ocidentais, novas organizações querem expandir o uso de robôs na Índia, na China e em outros mercados emergentes. A Stryker, dos EUA, lidera as vendas com seu braço robótico MAKO, uma plataforma que a empresa adquiriu por 1,65 bilhão de dólares em 2013 e que foi pioneira em operações de joelho que utilizavam robôs para determinar o posicionamento ideal e depois ajudar com o corte ósseo.

A rival Smith & Nephew lançou um produto mais barato chamado Navio para substituições totais de joelho nos Estados Unidos. Isso deu início a uma “batalha de robôs”, já que ambas as empresas agora podem fazer substituições totais de joelho, o que representa a grande maioria dos procedimentos do joelho.

O MAKO, que usa apenas as juntas e implantes da Stryker, custa cerca de US $ 1 milhão para instalar, enquanto a Navio, que não tem tantas características e não está ligada exclusivamente aos produtos da Smith & Nephew, é vendida por menos da metade do preço. Ambas as empresas acreditam que seus robôs vão ajudá-las a capturar uma parcela maior do mercado ortopédico.

Custo e eficácia

A Stryker espera que seu sistema MAKO comece a receber ganhos de participação de mercado no final de 2017. “Esperamos começar a ver evidências de nosso trabalho em nossas partes do mercado”, disse Katherine Owen, chefe de estratégia da Stryker, em uma conferência de investimentos em junho. “Nosso objetivo com o MAKO é capturar centenas de pontos base de participação de mercado”.

Zimmer Biomet e Johnson & Johnson (J&J) , outros dois grandes nomes em ortopedia, estão atrasados na corrida da robótica, mas ambas empresas têm planos para entrar na área de diferentes maneiras. A J&J está trabalhando na robótica cirúrgica com Verily, enquanto a Zimmer comprou, no ano passado, uma participação majoritária na Medtech francesa, especialista em neurocirurgia.

Os analistas da consultoria de mercado Morgan Stanley acreditam que os robôs têm o potencial de fortalecer este novo mercado de demandas por articulações artificiais. Na visão do diretor executivo da Smith & Nephew, Olivier Bohuen, os robôs possibilitam que sua empresa tenha a chance de entrar no mercado de forma forte, apesar de estar em quarto no ranking de cirurgia reconstrutiva. Ele calcula que a robótica pode representar 20 a 40% das operações do joelho.

O cirurgião Fares Haddad, que experimentou ambas, disse que as máquinas eram muito diferentes e que os sistemas de saúde precisariam avaliar sua relação custo-eficácia à luz dos resultados dos ensaios clínicos. Para ele o benefício clínico é “bastante óbvio”, mas é necessário verificar se o desembolso alto será recompensado.

Mesmo que os robôs possam significar um menor trauma para os pacientes, além de uma recuperação mais rápida, eles ainda precisam provar que são seguros. Ainda levará alguns anos para que todas as respostas sejam obtidas.

Com informações Reuters. Tradução e edição SS.

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