Cerca de 70% das neoplasias de câncer de mama acontecem devido à mudança genética
Workshop promove troca de conhecimentos sobre a doençaCentenas de pessoas estiveram no workshop “Atualidades em câncer – o que mudou? O que você deve saber?”, realizado na quarta-feira, 31. O encontro promovido pelo Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (IMAMA) em parceria com o Hospital Moinhos de Vento apresentou temas muito atuais e pouco abordados sobre a doença. A atividade gratuita e aberta ao público ocorreu no Anfiteatro Hilda Sturm do hospital.
Na abertura, a chefe do Serviço Médico de Mastologia, Maira Caleffi, ressaltou que muitos dos tratamentos existentes ainda não estão disponíveis na rede pública de saúde. “As coisas melhoraram muito nas últimas duas décadas. Porém, o acesso dos pacientes ao tratamento adequado poderia ter sido mais rápido, uma vez que a medicina apresentou avanços importantes neste período”, disse. Segundo a presidente do IMAMA, o que preocupa ainda é a desinformação e o preconceito sobre o câncer de mama. “Existe uma dificuldade enorme dentro da área da saúde se compararmos o Brasil com países muito próximos como Argentina e Colômbia. Por isso, o paciente informado é o que mais tem chance de cura”, afirmou.
Especialistas abordaram temas relevantes sobre o câncer de mama, definidos a partir das dúvidas de pacientes atendidas no hospital. Entre os quais, pacientes e famílias com risco hereditário, como evitar a quimioterapia através de um teste genético no tumor, que avalia o risco de recidiva à distância em 10 anos, a importância da participação de pacientes na conquista de seus direitos, entre outros.
A médica psiquiatra Lorena Caleffi ressaltou que quando se recebe o diagnóstico da doença, parece que se inicia uma saga sem fim. Apesar disso, a perspectiva de futuro pode se transformar em algo produtivo e em crescimento durante e após o tratamento. “É normal que haja muita angústia e expectativa neste momento. Porém, é preciso cuidar para que não desencadeie uma depressão que impeça a vontade das pacientes em se tratarem, afetando sua qualidade de vida”, acrescentou.
Um dos principais destaques entre os temas abordados foi o risco genético. A médica do Centro de Oncologia da instituição, Alessandra Morelle, explicou que o câncer é uma doença genética por se tratar de uma alteração do gene. Porém, em algumas pessoas essa mutação é herdada, passando de pais para filhos. “Cerca de 70% das neoplasias de câncer de mama acontecem devido à mudança genética. A síndrome do câncer hereditário precisa ser tratada com atenção, principalmente em casos de histórico familiar, câncer em pessoas jovens e quando uma mesma pessoa tem mais de uma neoplasia”, explicou.
O workshop também contou com a participação de pacientes que puderem compartilhar suas experiências sobre como enfrentar a doença. O Rio Grande do Sul tem a maior incidência de câncer de mama no Brasil e é o estado com o registro de mais novos casos. São 90 a cada 100 mil habitantes.