Gestão e Qualidade, Mundo | 27 de agosto de 2015

Centros de bem-estar serão a “porta de entrada” dos hospitais do futuro

Modelo de atenção preventiva avança em sistemas de saúde norte-americanos
Centro de bem-estar serão a porta de entrada dos hospitais do futuro

Unidades de “bem-estar” (wellness) junto aos centros de saúde já foram consideradas como uma mera ferramenta de marketing. Hoje, são vistas como parte importante de uma instituição que busca um programa de gestão da saúde da população, principalmente em tempos em que os custos são cada vez mais altos.

A reforma da cobertura de saúde Obamacare, programa de saúde lançado pelo presidente norte-americano Barack Obama, vem mudando as diretrizes de reembolso para os hospitais e médicos, incentivando a saída do modelo fee-for-service (pautado pela quantidade), para o modelo de incentivo fee-for-value (baseado em parâmetros de valor e qualidade). O fee-for-value premia a prevenção e a qualidade dos serviços prestados, como exemplo a baixa incidência das reinternações de um prestador ou o menor tempo de recuperação do paciente.

A prevenção também passa a fazer parte de um novo modelo integrado de negócio para os hospitais e para as seguradoras de saúde. O governo norte-americano tem como meta alcançar 50% dos contratos do Medicare (plano de saúde gerido pelo governo para pessoas acima de 65 anos) reembolsados pelo modelo de valor (fee-for-value) até 2018, sendo 30% já ao final de 2016.

O vice-presidente de Serviços Clínicos da Beaumont Health, em Michigan (EUA), Joan Phillips, reforça que “a nossa comunidade e nossos funcionários querem e precisam de um lugar para focar tanto o fitness quanto o bem-estar”, disse, ao site Healthcare Finances. “A onda do futuro é concentrar-se menos na doença e mais na prevenção e bem-estar”.

Centros de bem-estar ligados a hospitais estão evoluindo para além da ginástica laboral e exercícios de academia. A maioria dos fisiologistas usam exercícios e outras atividades médicas complementares que demandam uma ampla gama de serviços hospitalares. Isso também permite definir metas específicas para os clientes (pacientes ou funcionários), mantendo-os responsáveis ​​pela sua própria saúde.

“Podemos olhar para fatores de risco de saúde e estamos treinados para fornecer um programa para ajudar a mitigar esses riscos. Também avaliamos todos anualmente para acompanhar as mudanças e prestação de serviços”, destaca Scott Kashman, diretor administrativo do Cape Coral Hospital, na Flórida.

Estudos realizados pela Medical Fitness Association (organização dos EUA sem fins lucrativos) auxiliam na integração de centros de saúde e fitness. A associação analisa e busca atender às necessidades das instituições e sugere que a construção de centros de bem-estar ofereça retornos sobre o investimento do hospital entre 6% e 10%. No entanto, isso pode ser dependente de decisões operacionais tomadas pela administração do hospital.

Centros de saúde estão integrando aos planos de saúde, serviços de wellness. Ao natural, uma população mais saudável reduz os custos hospitalares. Além disso, ajuda a manter o funcionário mais interessado em seguir na empresa que oferece programas de bem-estar. Embora a Medical Fitness Association defina algumas regras, não há obrigatoriedade na criação de um setor de bem-estar. Alguns hospitais de grande porte são capazes de financiar internamente estes centros. Outros podem firmar parcerias, com uma academia, por exemplo.

“Os hospitais que entendem o futuro estão começando a falar sobre o centro de bem-estar ser a nova porta de entrada para o seu sistema de saúde”, acredita Robert D. Boone, presidente e diretor executivo da Medical Fitness Association. “Instituições e médicos estão sendo avisados de que têm a responsabilidade de gerir o estilo de vida de seus pacientes. Obviamente, não é possível fazer isso com duas consultas de 15 minutos por ano, de modo que este é o ponto onde os centros de fitness medicamente integrados devem entrar”.

Manter as pessoas longe do hospital pelo máximo tempo possível, na verdade, pode ser bom financeiramente. Instituições vão precisar ajudar as pessoas a gerir ativamente a sua saúde, fornecendo os recursos necessários e, assim, reduzindo custos. “Se os hospitais não possuem uma unidade de bem-estar, eles terão que desenvolver ações para avançar em medidas de saúde para a população”, disse Boone.

A partir do momento que os pacientes não ocupam leitos, a necessidade de se construir mais leitos começa a desaparecer. “Na medida em que se reduz essa demanda, pode-se diminuir consideravelmente as necessidades de gastos da organização”, conclui.

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