Empregabilidade e Aperfeiçoamento | 26 de setembro de 2025

Centro da Memória do Hospital Moinhos de Vento promove simpósio para debate e atualização sobre a doença de Alzheimer

O Hospital Moinhos de Vento promoveu o I Simpósio do Centro da Memória com a presença de médicos neurologistas, neuropsicólogos e pesquisadores que discutiram atualizações sobre o tema.
Centro da Memória do Hospital Moinhos de Vento promove simpósio para debate e atualização sobre a doença de Alzheimer

Embora conhecida desde o começo do século XX e, mais recentemente, amplamente investigada, a doença de Alzheimer ainda está longe de gerar consenso na comunidade científica. As divergências concentram-se, sobretudo, nos critérios que definem o que é ou não indicativo da enfermidade. Em alusão ao Dia Mundial do Alzheimer, lembrado no último domingo (21), o Hospital Moinhos de Vento promoveu, nesta segunda-feira (22), o I Simpósio do Centro da Memória. O encontro reuniu médicos neurologistas, neuropsicólogos e pesquisadores, que discutiram, além do tópico que abre esse texto, atualizações sobre o tema.


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Descrito inicialmente como uma doença clínica, hoje se entende que ela começa a ocorrer no cérebro muitos anos antes do surgimento dos primeiros sintomas, o Alzheimer é definido — em consenso entre grandes entidades internacionais — como um comprometimento cognitivo com a presença da proteína amiloide, afirmou o médico neurologista Wyllians Borelli, coordenador de Pesquisa do Centro da Memória. Por outro lado, segundo o especialista, ainda não há unanimidade sobre os estágios pré-clínicos, mesmo quando há presença da proteína.


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“É muito discutido se ter essa substância no cérebro é definidor ou não. Para a Alzheimer’s Association, ter amiloide significa ter a doença, com ou sem sintomas. Já o International Working Group (IWG) criou o conceito de clínico-biológico, que defende que apenas ter a proteína não é definitivo”, salientou Borelli.


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Nesse contexto, que reconhece o papel da proteína amiloide na patologia, surgiram, nos últimos anos, algumas opções de tratamento que visam “limpar” as placas formadas pela substância. Com uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril deste ano, o donanemabe é uma dessas alternativas. Trata-se de um anticorpo monoclonal que se liga às placas de amiloide, impedindo sua progressão.


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Contudo, as terapias antiamiloide não são indicadas para todos os pacientes, salientou Borelli. São elegíveis apenas as pessoas que preenchem alguns requisitos, entre eles o diagnóstico correto, critérios de suporte — como apoio e compreensão familiar — e de segurança.


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“O que eu trago de mensagem é: o diagnóstico de Alzheimer ainda é questionado, embora haja consenso sobre declínio cognitivo e presença de amiloide; as novas medicações nos trazem muita esperança, porém, elas não são indicadas para todas as pessoas; e, por fim, que mesmo quando o paciente é elegível, é fundamental que a prescrição seja supervisionada, pois existe risco de eventos adversos”, ponderou o pesquisador.

Fatores de risco: o papel do sono

Multifatorial, a doença de Alzheimer encontra, em alguns hábitos de vida, terreno fértil para se desenvolver. Sabe-se que dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos e a manutenção de boas relações sociais têm poder preventivo. Soma-se a esses fatores o sono adequado, aquele que permite que o cérebro execute uma série de processos fundamentais, como consolidação de memórias, regulação das emoções, reforço e poda de sinapses, além da remoção de toxinas, enumerou a médica neurologista Brunna Teló. “Sabemos que as fases do sono mudam com o envelhecimento, mas é preciso observar quando isso deixa de ser normal”, disse a especialista.

Existe, então, alguma quantidade de sono recomendada para prevenir as demências? De acordo com Brunna, alguns estudos observacionais sugerem que menos de cinco horas diárias de repouso ou mais de 10 estariam relacionadas a um aumento de risco para demência e declínio cognitivo. Contudo, pesquisas com tempo maior de seguimento não confirmaram esses achados. “Então, faltam dados para confirmar que dormir pouco ou dormir muito vai aumentar, de fato, o risco dessa enfermidade”, analisou.

Em contrapartida, a apneia do sono, distúrbio que afeta 33% da população adulta da capital paulista, tem relação com o desenvolvimento de demência. Segundo Brunna, estudos com 15 anos de seguimento e mais de 1,3 mil participantes revelaram que indivíduos que sofrem desse distúrbio têm 43% mais risco de desenvolver demência. “O sono ruim não é só consequência do Alzheimer, ele também pode contribuir para o início e a progressão da doença”, destacou. “O ponto principal é atentar a nossos hábitos diários relacionados à higiene do sono. E, para pacientes com queixas de esquecimento, talvez devêssemos começar perguntando: como você tem dormido?”, completou.

O I Simpósio do Centro da Memória contou com 11 apresentações e debates com diversos especialistas no assunto. O evento, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, teve patrocínio da farmacêutica Lilly, fabricante do Kisunla, nome comercial do donanemabe.

Centro da Memória

Inaugurado em 2023, o Centro da Memória do Hospital Moinhos de Vento é composto por um time de neurologistas de renome internacional. O serviço tem como objetivo atuar tanto na investigação dos problemas como na prevenção e na modificação dos fatores de risco que podem levar a eles, como hipertensão, tabagismo, consumo abusivo de álcool, obesidade, entre outros. Estudos estimam que, no Brasil, cerca de 50% dos casos de demência são preveníveis.

Fotos: Leonardo Lenskij / Hospital Moinhos de Vento

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