Casa de Saúde Menino Jesus de Praga abriu suas portas para receber profissionais da saúde, do terceiro setor e a comunidade na Casa Experience 2025.
Nesta terça-feira, 2 de dezembro, a Casa de Saúde Menino Jesus de Praga abriu suas portas para receber profissionais da saúde, do terceiro setor e a comunidade na Casa Experience 2025, uma jornada inteira dedicada ao cuidado humanizado. Ao longo de 12 painéis temáticos, distribuídos em dois palcos e com a participação de mais de 30 palestrantes, o evento se consolidou como uma experiência imersiva que conectou conhecimento, colaboração e impacto social.
A data coincidiu com o Dia de Doar, movimento global que incentiva a solidariedade e reforça a importância do apoio às organizações sociais, cenário perfeito para celebrar o trabalho de uma instituição que é referência nacional em práticas de cuidado contínuo e humanizado.
Autoridades reforçaram a relevância do tema
Ana Costa, secretária adjunta de Saúde do Rio Grande do Sul, destacou o impacto do acolhimento adequado. “Fazer o melhor pela pessoa não significa, necessariamente, que ela esteja atrelada ao Estado. Hospital não é lugar para morar. Quando possibilitamos que o ecossistema funcione de forma saudável, abrimos caminho para o cuidado real.”
Já Beto Fantinel, secretário estadual do Desenvolvimento Social do RS, ressaltou o desafio do envelhecimento da população e o papel do acolhimento especializado. “Que bom que temos essa Casa. O leito hospitalar já não é o lugar mais seguro, visto o risco iminente de infecções hospitalares. Hoje, 20 acolhidos do Estado recebem aqui um cuidado qualificado, que se tornou referência nacional.”
Pablo Berger, presidente do conselho de administração voluntário da Casa de Saúde Menino Jesus de Praga, contextualizou a relevância da instituição ao lembrar que os 60 acolhidos atendidos atualmente permitem que cerca de 2.600 pessoas possam utilizar leitos e UTI do SUS por ano. Ele também destacou o impacto das práticas preventivas internas, que diminuíram em 75% a necessidade de hospitalização dos moradores entre 2024 e 2025.
Histórias reais que dão sentido ao cuidado
Durante o painel “Vozes reais: o cuidado que transforma vidas”, o psicólogo Cláudio Luciano Dusik revisitou sua história marcada por superações desde a infância. “Minha mãe ouviu dos médicos que eu seria como um boneco de pano. Mas ela me ensinou que eu poderia ser um menino de verdade. A criança sempre acredita no que seus pais dizem.” Caroline Fontella da Silva, mãe do acolhido Pedro, emocionou o público. “Aqui dentro ganhei anos a mais com meu filho. Ele é cuidado e amado.”
Já Karen Luciana Santos da Silva, avó do acolhido Oliver, celebrou o retorno do neto ao convívio familiar. “Ele está quase completando um ano em casa. Tudo o que alcançou começou aqui, com cuidado e humanidade.”
No painel que discutiu inovação, tecnologia e humanização, Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, fez uma reflexão profunda. “A gente não pode mudar o mundo. Podemos mudar a nós mesmos. O cuidado humanizado nasce das pequenas mudanças diárias, das pequenas entregas.”
Olhares, tecnologias e vínculos na segunda parte da programação
Diogo Azevedo, CEO do Complexo de Saúde do Pequeno Cotolengo do Paraná, falou sobre a criação de modelos próprios de cuidado interdisciplinar, baseados na singularidade de cada residente.
Em um dos momentos mais leves da tarde, o jornalista Luciano Potter abordou a solidão, a convivência e o poder das relações. “O Brasil lidera o ranking mundial de solidão. Essa Casa existe para salvar vidas e isso também é sobre vínculo”, enfatizou.
A mesa que reuniu iniciativas de inovação e humanização mostrou como a tecnologia pode apoiar equipes, por exemplo na fisioterapia, sem substituir o toque humano. Henrique Dias, da startup NoHarm.ai, defendeu que a inteligência artificial deve “devolver humanidade ao cuidado”.
O arquiteto Gustavo Seferin, responsável pelo projeto “Casa do Futuro”, trouxe reflexões sobre ambientes que influenciam emoções e comportamentos. A arquiteta Bia Rafaelli, pioneira em design biofílico, destacou como elementos naturais reduzem o estresse e promovem saúde integral.
A médica intensivista Lívia Biason encerrou a programação com uma fala marcante: “Não está faltando tecnologia. Está faltando gente. Humanizar é reconhecer a humanidade do outro. Hoje, cura e cuidado viraram coisas separadas, e precisamos uni-las novamente.”
Visitas guiadas no Palco Vida
Ao longo do dia, o público foi convidado a conhecer diferentes instalações da Casa, entre elas a Casa do Futuro, núcleos de atendimentos, consultórios de serviços (psicológicos, médicos e odontológicos), piscina aquecida para hidroterapia, salão para múltiplas terapias e o carro híbrido para transporte de cadeirantes e macas.
Um evento que reafirma um propósito
Com mais de 30 palestrantes e dezenas de instituições presentes, o Casa Experience 2025 mostrou que o cuidado humanizado é uma construção coletiva, feita de ciência, tecnologia, presença, escuta e, principalmente, humanidade. Dessa forma, a Casa de Saúde Menino Jesus de Praga segue cumprindo um papel essencial: cuidar por toda a vida, acolher quem mais precisa e inspirar um novo modelo de cuidado, em que cada pessoa é vista em sua totalidade.
Sobre a Casa de Saúde Menino Jesus de Praga
Fundada há 41 anos, a Casa de Saúde Menino Jesus de Praga é uma instituição filantrópica que oferece acolhimento de longa permanência em saúde, com habilitação e reabilitação multidisciplinar para pessoas com lesões neurológicas e motoras de alta e média complexidade. Localizada em uma área de 4,7 mil m², funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, com equipe de cerca de 170 profissionais. Reconhecida como modelo de atendimento multidisciplinar, oferece serviços que vão de enfermagem 24 horas, fisioterapia e fonoaudiologia a tratamentos especializados, como hidroterapia e odontologia. Atualmente, abriga 60 acolhidos.