Mundo, Política | 20 de janeiro de 2016

Candidato a presidente dos EUA promete reduzir gastos de saúde 

Democrata quer cortar 6 trilhões de dólares ao longo de 10 anos
Hillary Clinton e Bernie Sanders no último debate realizado no domingo, dia 17

O senador norte-americano Bernie Sanders (um socialista democrata, como se autointitula), que disputa com Hillary Clinton a indicação presidencial pelo partido democrata nos EUA, apresentou alguns detalhes sobre seu projeto para uma política de saúde universal. Sanders vem defendendo o sistema de saúde britânico como exemplo. Totalmente gratuito, o Serviço Nacional de Saúde (em inglês National Health Service – NHS) não cobra um centavo para o atendimento da população. Ele propõe a ampliação do programa Medicare (plano do governo para pessoas com mais de 65 anos de idade ou invalidez), para cobrir toda a população, desde o nascimento até a morte, como é feito no Canadá.

O plano de Sanders (ver aqui, em inglês) pretende requerer US$ 1,38 trilhões em aumentos de impostos para o financiamento. Enquanto impacta empregadores e indivíduos, o plano afetaria significativamente o sistema fiscal. A meta seria reduzir os gastos de saúde em US$ 6 trilhões ao longo de 10 anos.

Sanders disse no último debate com Hillary Clinton que “o atendimento médico deveria ser um direito de cada homem, mulher ou criança. Por que nós gastamos três vezes mais que os britânicos, que têm um sistema universal, e nós temos 29 milhões de pessoas sem seguro médico?”.

O plano descreve como pagar por cobertura universal de saúde, mas os céticos questionam se as economias de custos previstas são demasiadamente otimistas. Para Larry Levitt, vice-presidente da Kaiser Family Foundation (organização sem fins lucrativos com foco em questões de saúde dos EUA), os US$ 6 trilhões de economia “é uma contenção de custos tremendamente agressiva, mesmo depois de levar as economias administrativas em conta”, considerou, em entrevista ao portal Vox.

Outra questão relacionada ao plano é que a família americana de classe média pagaria apenas US$ 466 por ano. Impostos sobre os salários do empregador poderiam ser esperados, o que seria transmitido aos funcionários, o que custaria um adicional às famílias de cerca de US$ 3,1 mil. São pontos ainda nebulosos sobre o projeto.

O plano também não explica como o sistema realmente funcionará, como quem vai definir quais tratamentos terão cobertura e quais seriam as prerrogativas para essa decisão. “Sem saber isso, é impossível dizer se um sistema de pagamento único em particular é uma boa ou uma péssima ideia”, como destaca a reportagem da Vox, que considera o projeto “vago e irrealista”.

Os EUA gastam cerca de 17% do Produto Interno Bruto (PIB) com cuidados de saúde. França (11,6% do PIB), Canadá (10,7%) e o Reino Unido (8,8%) são exemplos de países que aplicam o sistema de saúde universal, na qual quem emprega os trabalhadores da saúde é o governo, além de oferecer medicamentos e manter os hospitais através de repasses oriundos dos impostos cobrados.

Bernie Sanders e Hillary Clinton vem duelando fortemente pelos votos dos democratas nas eleições primárias (onde democratas e republicanos escolhem seus candidatos). Um dos dois possivelmente irá enfrentar o republicano Donald Trump nas eleições para os EUA, marcada para este ano. Trump está com certa folga no embate do lado dos republicanos, à frente de Ted Cruz e de Marco Rubio.

Mesmo liderando a disputa a nível nacional, Hillary Clinton pode perder nas duas primeiras votações das primárias, em fevereiro em Iowa, onde aparece empatada com Sanders nas pesquisas, e na semana seguinte em New Hampshire, onde Sanders tem uma boa vantagem nas pesquisas.

Hillary Clinton e Bernie Sanders no último debate realizado no domingo, dia 17

Hillary Clinton e Bernie Sanders no debate realizado no domingo, dia 17

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