Estatísticas e Análises, Mundo | 11 de maio de 2015

Câncer de pulmão detectado de forma precoce pode ser curado em 92% dos casos

Estudo internacional mostra a importância da triagem
Câncer de pulmão detectado de forma precoce pode ser curado em 92 dos casos

Cerca de 80% das pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão em fase inicial através de um exame de ressonância magnética de baixa radiação permanecem livres da doença até 10 anos após a descoberta. De acordo com uma pesquisa realizada pela International Early Lung and Cardiac Action Program (IELCAP – grupo mundial colaborativo, constituído por peritos em câncer de pulmão), “92% dos pacientes detectados com um tumor em estágio 1 são considerados curados”. Os dados foram divulgados durante a 32ª Conferência Internacional sobre a Triagem do Câncer de Pulmão da IELCAP.

O responsável pela organização do evento, Javier Zulueta, diretor do Departamento de Pneumologia do Hospital Universitário de Navarra, Espanha, destaca que “uma mudança na visão de detecção precoce de câncer de pulmão é necessária; uma mudança que já está tomando as sociedades científicas espanholas, onde está sendo desenvolvido um documento de consenso para apresentar ao Ministério da Saúde, com a intenção de que se crie uma recomendação de triagem oficial”. Entre as instituições que assinaram e incentivam o documento estão: Sociedad Española de Oncología Médica, Sociedad Española de Enfermedades Respiratorias, Sociedad Española de Radiología e a Sociedad Española de Cirugía Torácica.

Os primeiros estudos da IELCAP sobre a eficácia da realização de tomografias junto a grupos de alto risco, para a detecção precoce de câncer de pulmão teve início há 15 anos. Atualmente, já foram analisados mais de 70 mil pacientes em centros em nove países.

Os resultados deste trabalho enfatizam a importância da implementação de um protocolo de diagnóstico (scanner de baixa radiação) para reduzir taxas de mortalidade por essa enfermidade. “Entre 80 e 85% dos tumores detectados por esta técnica encontra-se em fase inicial, enquanto o tradicional é que 85% destes tumores sejam encontrados na fase 3 ou 4. Por outro lado, mais de 80% dos pacientes com câncer de pulmão que foram diagnosticados através do nosso programa de rastreio ainda estão vivos depois de 10 anos”, salienta Zulueta.

Em fevereiro, o governo dos EUA anunciou a implementação de um programa de detecção precoce deste tipo de tumor. O plano consiste na realização anual de uma Tomografia Axial Computadorizada (TAC) de baixa radiação, para fumantes e ex-fumantes entre 55 e 77 anos, que tenham fumado o equivalente a um maço por dia durante 30 anos.

A decisão dos EUA de implementar um plano de rastreio para diagnóstico precoce corrobora com um estudo, realizado pelo The National Lung Screening Trial (NLST), que analisou mais de 50 mil indivíduos. A realização anual de uma TAC torácica de baixa radiação conseguiu reduzir a mortalidade por câncer de pulmão em pelo menos 20%.

Anualmente, mais de 1,5 milhão de mortes ao redor do mundo são causadas por câncer de pulmão, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse continua sendo o câncer mais agressivo, que mais causa mortes, tanto em homens quanto em mulheres. O câncer de pulmão é responsável por 12,3% de todos os novos casos de câncer no mundo. A sobrevida no câncer de pulmão ainda é uma das mais baixas, com 15% de pacientes com até cinco anos após o diagnóstico, uma taxa “bem abaixo do resto dos tumores mais prevalentes”, diz Javier Zulueta.

A alta taxa de mortalidade do câncer de pulmão é devido, em grande parte, ao fato do tumor começar a manifestar sintomas em estágios avançados, ou seja, quando é inoperável e o tratamento tardio acaba por ser efetivo em poucos casos.

Dr. David Yankelevitz, outro investigador do IELCAP, também destacou que “três em cada quatro cânceres de pulmão detectados através de um programa de rastreio são curados”. O especialista acrescentou, ainda, que com uma triagem em frequência adequada, aplicada sem interrupção em pessoas de alto risco, “a sobrevivência poderia ser de 100% entre os pacientes diagnosticados”.

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