Estatísticas e Análises | 15 de dezembro de 2023

Câncer de pele: o desafio do monitoramento em idosos

Maior dificuldade está na falta de atenção para os sinais.
Câncer de pele o desafio do monitoramento em idosos

O câncer de pele, o mais frequente no Brasil, está atingindo os idosos sem que esse público se dê conta do problema. “Com o envelhecimento populacional e o avanço da medicina, há uma série de desafios e um deles são as neoplasias em geral, sendo a de pele a mais comum”, afirma o Dr. Ronaldo Oliveira, cirurgião geral da Oncoclínicas RS (Oncoclínicas&Co) e diretor médico da DermaOnco.  

O especialista relata que é comum receber no consultório pacientes mais velhos já com vários tumores e mais tempo de evolução. “Eles vão dando prioridade para outras questões, doenças cardíacas, de próstata e vão deixando de lado o problema da pele por achar que este tipo de câncer não é nocivo o que não é verdade”, alerta Dr. Ronaldo. Ele afirma que na faixa etária próxima dos 80 anos ou mais, devido aos pacientes já apresentarem algum grau de senilidade, não conseguem identificar as lesões. Mesmo os que possuem cuidadores não estão fora deste risco, pois muitos desses profissionais não têm treinamento para identificar lesões suspeitas.     

Dra. Caroline Albuquerque, oncologista da Oncoclínicas RS e do Centro de Oncologia da PUCRS, frisa que um dos fatores de risco para esse tipo de câncer é a longevidade. “Quanto mais aumenta a idade, mais cresce a incidência”. Quando identificado precocemente, na maioria das ocorrências, como do melanoma, carcinoma basocelular, epidermoide, um tratamento local, como a remoção cirúrgica, resolve e cura. “Casos mais avançados, que já são mais agressivos, precisam de uma terapia sistêmica. Por isso, é tão importante fazer a detecção precoce desses tumores, quanto antes descobrir, melhor”, complementa Dra. Caroline.


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Influência dos raios solares e número de casos no Brasil e região Sul

A causa desses tumores nessa idade também é o sol. “Pacientes mais idosos são de uma época em que não havia protetor solar, que começou na década de 80. Antes disso, o que se usava era bronzeador. É uma geração que se expôs ao sol, muitas vezes pelo tipo de trabalho, sem preocupação com os danos”, destaca o cirurgião. Assim como a ocorrência em idosos, pacientes com menos de 30 anos também estão com mais diagnósticos de câncer de pele, o que pode estar relacionado ao aumento de atividades físicas ao ar livre sem a devida proteção.

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimados, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 220.490. Isso corresponde a 101,95 por 100 mil habitantes, sendo 101.920 em homens e 118.570 em mulheres. Na região Sul, é o mais incidente entre homens, com probabilidade de 135,86 casos por 100 mil. Quanto às mulheres, é o mais frequente em todas as regiões brasileiras, com previsão de risco de 164,79 por 100 mil habitantes.    

Atenção aos sinais

No entanto, a doença que pode surgir em qualquer parte do corpo, na forma de manchas, pintas ou sinais tem altos índices de cura se detectado precocemente. Ao primeiro indício de mudança nessas pintas ou sangramento, é preciso consultar logo um especialista. O diagnóstico é realizado através de exame clínico em consultório ou com o auxílio de exames complementares para a visualização das diferentes camadas da pele, além da realização de uma biópsia. Para o tratamento, é muito importante que o especialista avalie o estágio da doença. Porém, na maioria dos casos, a cirurgia é suficiente.

As alterações das manchas escurecidas ou pintas podem ser classificadas no sistema “ABCDE”, ou seja, Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro e Evolução:

Assimetria: quando uma metade da lesão não é igual à outra metade;


Bordas: quando a mancha, sinal ou pinta possui um contorno irregular;


Cor: caso a lesão tenha cores diferentes, entre vermelho, marrom, cinza e preto;


Diâmetro: quando a lesão apresenta um diâmetro maior do que 6 mm;


Evolução: caso a lesão tenha mudanças rápidas e recentes em suas características ao longo do tempo, como tamanho, forma e cor.

 



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