Dados inéditos do estudo DESTINY-Breast04, divulgados em 21 de outubro de 2023, durante o Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO), mostram que o medicamento trastuzumabe deruxtecana, fruto da aliança global estabelecida entre as farmacêuticas AstraZeneca e Daiichi Sankyo,  apresenta uma melhora clínica significativa e sustentada nos desfechos de sobrevida global e de sobrevida livre de progressão no tratamento de pacientes adultos com câncer de mama HER2 de baixa expressão irressecável ou metastático. O trastuzumabe deruxtecana é um tipo de anticorpo conjugado adroga (ADC), classe terapêutica em franca expansão para o tratamento de tumores sólidos como mama e pulmão, entre outros.

A atualização desse estudo de fase III confirma os resultados de eficácia do medicamento já observados na análise primária, com aumento da mediana de sobrevida global nos pacientes por intenção de tratar de 16,8 para 22,9 meses, e aumento em duas vezes da mediana de sobrevida livre de progressão, de 4,2 para 8,8 meses, em comparação com tratamento padrão. Mesmo com maior duração da exposição ao tratamento, o perfil de segurança permanece manejável, corroborando a indicação desse medicamento para o tratamento de pacientes com câncer de mama irressecável ou metastástico HER2 de baixa expressão, que tenham recebido uma terapia sistêmica prévia e sejam inelegíveis ou já tenham recebido terapia endócrina se positivo para receptores hormonais (RH+).

Também foi apresentada análise dos estudos DESTINY-Breast 01 (fase II), 02 (fase III) e 03 (fase III), com dados em relação à taxa de resposta intracraniana e sobrevida livre de progressão em pacientes com câncer de mama HER2+ metastático em sistema nervoso central.

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De 148 pacientes com metástase cerebral incluídos nos três estudos, 70,3% tinham lesões pré- tratadas e 29,7% tinham lesões não pré-tratadas assintomáticas. A mediana de sobrevida livre de progressão em sistema nervoso central dentre os pacientes com lesões pré-tratadas aumentou de 8,7 meses para 12,3 meses e de 4 meses para 18,5 meses em pacientes com lesões não pré-tratadas, em comparação com tratamento padrão. O medicamento também  aumentou a taxa de resposta objetiva intracraniana de 27,6% para 45,2% nos pacientes com lesões pré-tratadas e de 12% para 45,5% nos pacientes com lesões não pré-tratadas. O perfil de segurança nesse subgrupo de pacientes se manteve similar à população geral.

A notícia atual suporta os achados anteriores dos estudos DESTINY. Em dezembro de 2022, a AstraZeneca, junto com a farmacêutica de origem japonesa Daiichi Sankyo, já havia anunciado que trastuzumabe deruxtecana alcançou sobrevida global estatisticamente significativa, reduzindo o risco de morte em 36% versus o comparador em pacientes com câncer de mama HER2+ metastático. Além disso, em junho de 2022, as análises primárias do estudo em pacientes com câncer de mama metastático HER2 de baixa expressão com doença RH positivo e RH negativo mostraram redução no risco de progressão da doença ou morte em 50% versus quimioterapia.

“Os achados dos estudos DESTINY contribuem para o avanço no cenário do tratamento de pacientes com câncer de mama HER2 de baixa expressão, com o aumento de sobrevida global de 5 meses, e HER2+ com metástases cerebrais, com nova possibilidade de tratamento para pacientes com lesões ativas não tratadas. Estes últimos tendem a apresentar pior prognóstico e, em geral, estão sub-representados nos estudos clínicos”, afirma Daniela Rosa, médica oncologista e presidente da GBECAM, Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama.

“O câncer de mama é uma doença bastante complexa, com grande variabilidade do ponto de vista molecular. Explicando de forma mais didática, microscopicamente existem muitos tipos diferentes de câncer da mama – ou seja, há diversos subtipos de uma mesma doença. Por meio da descoberta destes vários subtipos e do que chamamos “biomarcadores”, buscamos o contínuo desenvolvimento de medicamentos inovadores que poderão tratar grande parte destes tipos do câncer de mama. Com isso, lideramos, junto à Daiichi Sankyo, uma revolução na oncologia e ajudamos a redefinir o tratamento da doença no Brasil e no mundo”, relata Karina Fontão, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil.

Câncer de mama no Brasil e no mundo

O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, estima-se que surgirão 73.610 novos casos de câncer de mama em 2023¹². O diagnóstico precoce vem acompanhado das maiores chances de cura, sendo que um em cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início. Conhecer o próprio corpo é fundamental para identificar sinais de anormalidades na mama. Para mulheres a partir dos 50 anos, o Ministério da Saúde recomenda a realização da mamografia a cada dois anos entre os 50 e 69 anos¹³. Abaixo dos 40 anos, a mamografia pode ser indicada para mulheres com suspeita de síndromes hereditárias ou para complementar o diagnóstico, em caso de nódulos palpáveis, se o médico determinar esta necessidade.

Referências 

1. Schettini F et NPJ Breast Cancer . 2021;7:1.
2. Tarantino P et al. J Clin Oncol . 2020;38:1951
3. Nakada et al. Chem Pharm Bull . 2019;67:173
4. Ogitani et Cancer Sci . 2016;107:1039 1046.
5. Modi S et N Engl J Med . 2022;387:9 20 .
6. Enhertu (fam trastuzumab deruxtecan nxki) for injection, for intravenous Prescribing information (Daiichi Sankyo, Inc. Inc., Basking Ridge, NJ, 2022) Enhertu. Summary of product characteristics. Pfaffenhofen, Germany: Daiichi Sankyo Europe GmbH; 2023).
7. Enhertu [package insert]. Daiichi Sankyo;
8. Cortes J et al. N Engl J Med . 2022; 368(12):1143 1154
9. Zimmer A et al. Cancer Reports. 2022;5:e1274. 4.U.S. Department of Health and Human Services Food and Drug Cancer Clinical Trial Eligibility Criteria: Brain Metastases. 2020.
10. Instituto Nacional do Câncer. Cartilha Câncer de Mama. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//cartilha_cancer_de_mama_2022_visu pdf. Acessado em 25/10/2023.
11. Instituto Nacional do Câncer. Cartilha Câncer de Mama: vamos falar sobre isso? Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files/media/document/cartilha-cancer-de-mama-vamos-falar- sobre-isso2014.pdf. Acessado em 25/10/202.