Estatísticas e Análises | 13 de junho de 2022

Câncer de mama: aumento da indicação de biópsia do linfonodo sentinela isolada evita cirurgia de esvaziamento axilar em pacientes

Técnica de diagnóstico pode ser aplicada na maioria dos casos de tumores invasores quando detectados precocemente
Câncer de mama aumento da indicação de biópsia do linfonodo sentinela isolada evita cirurgia de esvaziamento axilar em pacientes

Uma das práticas atuais mais usadas para avaliação do câncer de mama, o diagnóstico por meio da biópsia do linfonodo sentinela (BLS) aumenta seu espaço também no Brasil. A mastologista da Oncoclínicas RS Dra. Alessandra Borba (foto) explica que o linfonodo sentinela é definido como o primeiro linfonodo que recebe a drenagem linfática da mama e, em torno de 97% dos casos, encontra-se na região axilar. “Do ponto de vista prático, o câncer pode estar na mama e se espalhar para os linfonodos. Saber dessa informação nos ajuda na melhor decisão terapêutica posterior”. No Brasil, a prática começou a ser difundida a partir da década de 1990 e teve suas indicações ampliadas em 2011.

Os linfonodos são pequenos órgãos redondos que fazem parte do sistema linfático do corpo, o qual é uma parte do sistema imunológico. O sistema linfático consiste em uma rede de vasos e órgãos que contém linfa. Em uma pessoa com câncer, a linfa também pode transportar células cancerígenas que se separaram do tumor principal. Grupos de linfonodos estão localizados no pescoço, axilas, tórax, abdômen e virilha. Muitos tipos de câncer se espalham pelo sistema linfático, e um dos primeiros locais de disseminação desses cânceres são os linfonodos próximos.

A BLS é um procedimento cirúrgico no qual o linfonodo sentinela é identificado, removido e examinado para determinar se as células cancerígenas estão presentes. É usado em pessoas que já foram diagnosticadas com câncer invasor. Um resultado BLS negativo sugere que o câncer ainda não se espalhou para os linfonodos próximos ou outros órgãos. Já um resultado positivo indica que o câncer está presente no linfonodo sentinela e que pode ter se espalhado para outros linfonodos próximos (chamados linfonodos regionais) e, possivelmente, outros órgãos. Essas informações podem ajudar o médico a determinar o estágio do câncer (extensão da doença no corpo) e desenvolver um plano de tratamento adequado.


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Esvaziamento axilar

Este tipo de biópsia é muito importante porque o seu resultado pode influenciar nas escolhas terapêuticas de radioterapia e terapias sistêmicas, como quimioterapia, além de auxiliar na decisão da necessidade ou não de uma cirurgia mais extensa na região da axila, o chamado esvaziamento axilar. A mastologista informa que a biópsia do linfonodo sentinela é uma técnica cirúrgica desenvolvida com o objetivo de poupar o esvaziamento axilar, que implica a retirada de todos os linfonodos da axila. Tal procedimento cirúrgico era realizado em todas as pacientes com diagnóstico de câncer até a década de 1990 e associado com maior risco de desenvolver edema do braço, chamado de linfedema.

A biópsia do linfonodo sentinela é indicada na cirurgia por câncer de mama invasor sem comprometimento grosseiro da axila no exame físico ou nos casos de mastectomia por carcinoma in situ. Mas pode ser evitada em algumas situações de pacientes mais idosas com tumores pequenos ou em alguns casos selecionados, evitando o desconforto de procedimentos invasivos.

A Dra. Alessandra afirma que a avaliação definitiva do linfonodo sentinela ocorre apenas na cirurgia. “Exames de imagem como ecografia ou ressonância e até mesmo biópsia por agulha grossa ou fina guiada por ecografia junto com exame físico podem nos auxiliar a compreender melhor a extensão da indicação da cirurgia de biópsia de linfonodo sentinela, mas não substitui o procedimento cirúrgico”. A mastologista observa que houve uma grande evolução no tratamento cirúrgico com o objetivo de manter a segurança oncológica e reduzir as sequelas do tratamento. “Portanto, existem vários cenários que foram estudados e nos permitem reduzir a extensão da cirurgia axilar, evitando o esvaziamento axilar e suas sequelas”.

 



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