Gestão e Qualidade | 24 de outubro de 2013

Baixa remuneração de exames desafia laboratórios de patologia

SUS paga menos de R$ 7,00 por exame que previne câncer ginecológico
Baixa remuneração de exames desafia laboratórios de patologia

Os médicos patologistas e os laboratórios de patologia vêm enfrentando condições bastante desfavoráveis para a manutenção de suas atividades. Um dos exemplos mais alarmantes é o valor pago pelo SUS em exames solicitados por ginecologistas  para identificação de câncer do colo uterino, o Papanicolau, feito sob supervisão de médicos anátomo-citopatologistas. Muitos pacientes não sabem, mas operadoras costumam pagar até R$ 30,00 pelo procedimento, enquanto que o SUS paga apenas R$ 6,64.

Segundo o médico patologista Rogério Klemenchuk do Laboratório de Patologia Noroeste da cidade de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, a baixa valorização pelo Sistema Único de Saúde é uma das principais dificuldades atualmente. “Acredito que esta seja a maior dificuldade do médico patologista no momento. Saber lidar com estas diferenças é imperativo. O SUS não reajusta alguns procedimentos médicos a cerca de 11 anos, alguns planos de saúde não mantem um padrão de reajuste uniforme com a realidade financeira do país, sendo que apenas o valor dos procedimentos particulares é que refletem uma melhor valorização da profissão”. O exame para pacientes particulares pode chegar até R$ 90,00.

A inflação acumulada no período de janeiro 2001 a janeiro de 2013 foi de 161,44%, segundo o IGP-M. Além disto, os laboratórios costumam ter em seu corpo funcional bioquímicos, biomédicos e biólogos, sendo os encargos trabalhistas importante fator que pode influenciar no desequilíbrio das contas aliado à baixa remuneração dos exames.

O prejuízo é comum nestes tipos de exames segundo o médico que integra o grupo de Anatomia Patológica da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL). Os cerca de trinta laboratórios que se reúnem periodicamente na sede da entidade, lutam por melhores condições de remuneração, tanto por parte de operadoras como pelo SUS. O dr. Rogério Klemenchuk ressalta que “a baixa remuneração está mais relacionada a própria especialidade que por muito anos viveu de uma forma fragmentada e desunida, oportunizando desta maneira que houvesse discrepâncias na remuneração. Hoje, a especialidade está fortemente unida, analisando, debatendo e direcionando soluções praticas que visam a melhor valorização do patologista, frente a indiscutível importância da nossa especialidade no contexto médico”.

A coordenadora do grupo, médica Tamara Mattos, entende que o momento atual é de intensa mobilização para buscar uma nova realidade. “Os encontros, apesar de serem um pouco desgastantes, têm nos ajudado a pensar estrategicamente” destaca. O diretor executivo da FEHOSUL, dr. Flávio Borges, defende a união como solução para os problemas que têm ocasionado perdas e fechamentos de laboratórios. “Estamos em constante troca de informações, pensando e negociando com operadoras e setor público, para que os valores dos exames possam propiciar um retorno justo pelos serviços prestados”, conclui.

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