As inovações e transformações digitais na saúde foram tema de evento promovido pelo Grupo Fleury
5º Encontro Fleury de Jornalismo em Saúde ocorreu no dia 24 de setembroAs inovações e transformações digitais no setor da saúde ganharam ainda mais evidência desde o início da pandemia da Covid-19. Algumas das novidades no setor foram apresentadas no 5º Encontro Fleury de Jornalismo em Saúde, promovido pelo Grupo Fleury, no dia 24 de setembro. Nesta edição, o curso ocorreu de forma virtual.
Na abertura do evento, o CEO do Grupo Fleury, Carlos Marinelli, avaliou o tema da edição em um ano atípico e marcado por intensas transformações. “As tendências se materializaram de maneira muito rápida. Teve esse momento em que aquilo que era experimentado de modo não tão usual começou a acontecer de maneira muito intensa. Ficar em casa, o uso cada vez maior do digital, que passou a ser uma necessidade para muitas pessoas. E, em muitos setores, a palavra de ordem passou a ser transformação”, destacou.
Para Martinelli, o setor da saúde ainda não havia experimentado o processo em que as transformações e inovações se concretizam nos modelos de negócios. “A questão de atender e cuidar estava defasado em relação a outros segmentos”, disse, destacando o avanço da telemedicina nos últimos meses.
“O jeito de se relacionar com a saúde mudou”, disse Martinelli, que apontou o “Cuidar Digital”, lançado pelo Grupo Fleury, como um exemplo. O Cuidar Digital é uma das ferramentas do Fleury que foi lançada com o objetivo de auxiliar a população, a partir de teleconsultas gratuitas com médicos de todo o Brasil.
O CEO também abordou o recente lançamento da Saúde iD, empresa de tecnologia, baseada na ciência de dados e Inteligência Artificial, lançada a partir da base de dados de SantéCorp, uma empresa do Grupo Fleury. Com investimento de R$ 50 milhões, a Saúde iD é uma plataforma que integra produtos e serviços de saúde, de modo a garantir mais qualidade e eficiência a toda a jornada do paciente – que está no centro da estratégia.
Após a manifestação do CEO do Grupo Fleury, foram apresentadas as palestras do evento. Confira.
A inovação das plataformas pelo mundo e o que a saúde tem a ver com isso – apresentação de Bruna Viersa, manager da Kearney
A manager da consultoria global Kearney, Bruna Viersa, salientou a predominância das plataformas no modelo de negócio atual, que possibilitam interações multilaterais entre todos os envolvidos, diferente da lógica unilateral que era observada no modelo de pipelines. As plataformas se apresentam como um modelo de negócio que permite interações que criam e geram valor entre usuários, com infraestrutura aberta e participativa e regras claras. Viersa frisou que, em 2008, apenas uma empresa entre as 10 maiores do mundo tinha esse modelo de negócio, predominante atualmente entre as gigantes. Ela afirmou que, até 2024, até 40% da atividade econômica virá das plataformas.
“Os usuários criam, consomem e criam valor ao mesmo tempo, e é uma lógica muito focada no usuário. Não é mais uma lógica de um produtor e a empresa de um lado, e o consumidor do outro. Agora, todos são usuários e é preciso criar uma governança para resolver as necessidades multidirecionais”, explicou. Viersa destacou que as plataformas de sucesso atuam visando atração gravitacional a partir de um círculo virtuoso, em que a experiência do usuário passa a ser o foco principal.
Para a manager, o setor da saúde no Brasil vem passando por um momento de aumento de custos e diferentes reações dos players do setor, que refletem em tendências como a verticalização, ganhando cada vez espaço no mercado. Ao mesmo tempo, ganha força a tendência do cuidado centrado no paciente, com a integração dos cuidados e uma tendência de cuidados personalizados de prevenção, abrindo margem para soluções apresentadas por novas plataformas.
Viersa citou o exemplo de duas plataformas chinesas, a Ping and Good Doctor e a WeDoctor, que conectam usuários e médicos em diversas soluções de saúde acessíveis. A manager explicou que as duas iniciativas atuam que não necessitam verticalizar ou comprar ativos, e reordenam os ativos disponíveis no setor a partir de uma nova governança, sendo bem sucedidas na estratégia de gerar atração gravitacional, ao engajarem toda a jornada do paciente em uma plataforma, além de estarem conectadas com soluções de medicina preventiva.
A manager encerrou sua apresentação salientando que existe espaço para repensar a forma de entrega de saúde no Brasil, podendo ser reestruturada a lógica da cadeia de valor via plataformas, digitalização e tecnologia.
Novas formas de consumir saúde – Eduardo Oliveira, CEO da Saúde iD
Oliveira falou sobre a plataforma Saúde iD. Ele destacou alguns preceitos da plataforma: ela é aberta, ou seja, que conecta qualquer parceiro; apartada do Grupo Fleury, com nova metodologia; e é agnóstica, ou seja, as conexões podem ocorrer até mesmo com um concorrente.
O CEO da Saúde iD disse que a plataforma vem para contribuir em um sistema de saúde segregado e segmentado que existe no Brasil. A Saúde iD busca fazer a integração por meio da plataforma tecnológica, que visa com que todos estejam conectados no mesmo universo.
“Estamos num momento de evolução e maturidade da questão de tecnologia e modelo que permite trazer ao mercado aquilo que há muito tempo é tentado, que é integrar tudo na mesma base. Integrar tudo na mesma base significa obter várias entradas de informações distintas da saúde do indivíduo, como plano de saúde, medicina ocupacional, medicina preventiva, ou seja, tudo aquilo que é utilizado em toda a jornada daquele indivíduo é ofertado por diferentes players, em uma única solução”, disse. “Por isso, o Saúde iD vem como o primeiro marketplace do país, focado em uma única solução integrada, em que o indivíduo é colocado no centro”, descreveu.
Inovação na Saúde em Israel e a conexão com o Brasil – Yossi Bahagon, managing partner da Qure Ventures
“Todos sabem que o sistema de saúde mundial está quebrado”, disse Bahagon. Ele apontou a falta de qualidade, acesso, transparência e interoperabilidade, além de os serviços de saúde não serem personalizados o suficiente e serem muito caros como fatores problemáticos do setor atualmente. Ele acredita que, nos próximos anos, os serviços de saúde serão mais personalizados e proativos, e é disso que trata a saúde digital.
Bahagon salientou que Israel é um grande polo de inovação em saúde, com uma startup para cada 1.400 pessoas, sendo o primeiro país que mais investe em Pesquisa e Desenvolvimento no mundo, e terceiro no ranking de Inovação.
“Um exemplo específico para o Brasil é a empresa Sweetch, que tem uma parceria importante com o Grupo Fleury”, apontou. A partir de Inteligência Artificial, o Sweetch orienta o paciente a ter maior adesão com cuidados de saúde de forma ultrapersonalizada. O sistema recolhe os dados de vários dispositivos do usuário, podendo gerar uma abordagem personalizada.
Bahagon citou como exemplo o uso do Sweetch por pacientes diabéticos, que passam a contar com um aliado que busca ofertar o tratamento mais personalizado possível. A plataforma está sendo traduzida para o português, para posteriormente ser lançada no Brasil.
Tecnologia para integrar informações de saúde – Lasse Koivisto, fundador e CEO da Prontmed
Lasse Koivisto iniciou sua apresentação avaliando que o momento atual é atípico e apresenta, por um lado, uma possibilidade exponencial de mudanças em saúde, apesar de, por outro lado, também apresentar dificuldades para todos os segmentos.
Ele citou que a organização dos dados clínicos são fundamentais para a boa gestão na saúde, o que é um dos objetivos da Prontmed, uma startup de prontuário eletrônico que acumula uma base de dados dos pacientes, auxiliando as decisões clínicas. Recentemente, o Sabin e o Fleury compraram parte da startup.
“A Prontmed sempre acreditou que dados clínicos eram, são e serão fundamentais para a gestão de saúde, com o paciente no centro e com medicina baseada em valor, tendo o menor custo possível”, afirmou.
De acordo com Koivisto, a Prontmed nasceu com o objetivo de organizar as informações clínicas e entregar de forma segura e confiável. Mapeando a jornada dos dados do paciente, ele afirmou que foi percebido que grande parte das informações “nasce da caneta do médico”. “O ponto é fazer com que essa informação possa ser integrada de modo seguro, para que outros players da saúde tenham acesso a esses dados do paciente. Só conseguimos dar mais inteligência para o atendimento e para o cuidado do paciente se a informação que está na ponta estiver mais organizada”, salientou.
“Tudo está relacionado a ter uma informação melhor”, pontuou. Ele explicou que a Prontmed construiu um prontuário eletrônico, em um sistema em que o médico usa na ponta, mapeando as diferentes formas que cada médico interage com seus pacientes e padronizando a forma como os médicos colocam a informação dentro do sistema, para conseguir assim integrar todas as informações, não havendo desencontro nos dados.
Koivisto destacou a importância de as informações estarem estruturadas, além de enfatizar a cooperação necessária entre os diversos players da saúde, saudando a parceria recentemente estabelecida com o Grupo Fleury e o Sabin. “É fundamental traduzir as informações para parâmetros estruturados. Fizemos um protocolo para a Covid-19 em relação a isso, para termos os dados estruturados em relação à doença. Esse é um grande desafio para a saúde”, destacou. Ele ainda apontou que, desde o segundo semestre de 2019, a Prontmed se estruturou para se adequar às adequações impostas pela recém vigente Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Tecnologias avançadas e Inteligência Artificial na era da Covid-19 – Gustavo Meirelles, gestor médico de Inovação do Grupo Fleury
O gestor médico de Inovação do Grupo Fleury, Gustavo Meirelles, destacou que a empresa teve que passar por diversas mudanças de logística devido à pandemia, e que muitas das adaptações visaram auxiliar no enfrentamento da Covid-19.
Para Meirelles, a pandemia fez com que médicos ficassem ainda mais engajados. Ele citou o exemplo de um software de Inteligência Artificial que já era empregado para outras condições pulmonares e que passaram a ser integrados para avaliações de casos de Covid-19, que faz o mapeamento de lesões pulmonares e auxilia no diagnóstico da doença, com muita precisão.
O gestor médico também destacou a iniciativa Radvid-19, iniciada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em que o Grupo Fleury é um dos parceiros. A iniciativa busca montar um grande banco de dados com imagens de radiografia e tomografia computadorizada de pacientes com Covid-19, com uso de ferramentas de Inteligência Artificial e com a segunda opinião médica. De acordo com Meirelles, a iniciativa terá possivelmente o maior banco de dados de Covid-19 no mundo. No momento, a plataforma já conta com 30 mil exames de pacientes com Covid-19 na plataforma.
“Nossas unidades em todo o Brasil se reuniram. Enviamos dados anonimizados, de forma segura, para uma plataforma central hospedada em uma “nuvem” da Amazon, junto com dados clínicos. A partir disso, estamos permitindo o uso de soluções de Inteligência Artificial. A ideia é que tenhamos um banco de dados perene para que consigamos no futuro avaliar a correlação com outras doenças”, frisou.
Meirelles também apresentou a iniciativa “Segunda opção gratuita”, feita pelo Grupo Fleury em parceria com o aplicativo Join, oferecendo aos hospitais públicos que não possuem serviço de Radiologia uma avaliação de um profissional sobre tomografia e radiografias de tórax. Os hospitais credenciados recebem a opinião médica do grupo de especialistas em Radiologia Torácica do Grupo Fleury em até duas horas.
O gestor médico do Fleury também apresentou o Projeto Covid + Hemograma, feito em parceria com a startup Kunumi, que avalia a Covid-19 por hemograma, em um modelo de predição de apoio à decisão médica a partir da criação de algoritmos de Inteligência Artificial que sejam capazes de identificar padrões complexos em hemogramas de pacientes testados para a doença.