Estatísticas e Análises | 23 de agosto de 2016

As abordagens terapêuticas contra o herpes

Embora sem cura, vírus pode ser controlado para amenizar crises
As abordagens terapêuticas contra o herpes

O herpes simples, incurável, é uma infecção causada pelo vírus HSV (vírus do herpes simples humano tipo 1 ou 2). O tipo 1 frequentemente se associa a lesões orais, e o tipo 2, é responsável por 80% a 90% das lesões genitais. A contaminação ocorre pela exposição direta ao contato da pele e das mucosas com uma pessoa infectada. Se caracteriza pelo aparecimento de pequenas bolhas agrupadas especialmente nos lábios e nos genitais, mas podem surgir em qualquer outra parte do corpo.

Várias vacinas estão sendo estudadas atualmente, tanto para prevenir a ocorrência de herpes quanto para ajudar o corpo a se defender contra o vírus responsável.

Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o herpes atinge o total de 90% dos brasileiros e somente 10% consegue criar a imunidade necessária para que o vírus seja adormecido de maneira natural.

De acordo com o relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), compilado a partir de dados coletados em 2012, “3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos, ou 67% da população estão infectados com um dos vírus que causam a doença, o HSV-1. Quanto ao outro grande culpado, HSV-2, atinge cerca de 412 milhões de pessoas, especialmente mulheres”, diz artigo do jornal francês Le Figaro.

Os dois vírus se diferem em vários aspectos, tal como o seu modo de contaminação. O primeiro é transmitido através de um simples beijo, quando as membranas mucosas orais entram em contato com feridas ou com a saliva que contém HSV-1. Já o HSV-2 requer relação sexual. “O acesso à educação e à informação sobre os dois tipos de herpes e infecções sexualmente transmissíveis é essencial para proteger a saúde dos jovens antes que se tornem sexualmente ativos”, afirma Marleen Temmerman, diretora do Departamento de Saúde e de Pesquisas Reprodutivas da OMS.

Outra diferença é que quando aparecem (embora oito em cada dez casos, de ambos os vírus, só são revelados pelos sintomas), não costumam afetar as mesmas áreas: o HSV-1 ataca o corpo acima da cintura incluindo a boca, enquanto o HSV-2 é primariamente responsável por herpes genital (mas o HSV-1 também pode ser origem deste tipo de infecção). Ambos os vírus têm em comum o fato de que continuam vivendo naqueles que infectam. Os vírus “migram ao longo dos nervos e se alojam em gânglios nervosos, onde adormecem por um período indefinido, muitas vezes nunca se manifestando”.

Medicamentos antivirais

O tratamento do herpes tem por finalidade apenas aliviar as crises de lesões, devendo ser feito com medicamentos antivirais específicos. A priori, o organismo consegue manter o vírus adormecido. “Exceto em casos de stress, fadiga, outra doença infecciosa ou uma diminuição das defesas imunológicas, não se sabe realmente o que reativa o vírus. Uma coisa é certa: após o despertar, o vírus migra para os nervos novamente, mas em sentido inverso. Com o HSV-1, geralmente é uma ferida nos lábios e sem maiores perigos. Mas, em casos extremos e, felizmente, raros, pode haver complicações graves como encefalite”, diz o Le Figaro.

Já me relação ao HSV-2, “além de pequenas lesões, é capaz de induzir complicações graves. Existe também uma forma de herpes potencialmente fatal para os recém-nascidos, se expostos ao HSV-2 durante o parto”. Por essa razão, autoridades de saúde buscam desenvolver novas estratégias preventivas e terapêuticas. Para minimizar o risco de infectar recém-nascidos, é recomendada a cesariana para gestantes que possuem uma infecção ativa de herpes no momento do parto.

Para combater estes vírus, existem fármacos antivirais (como Aciclovir, Ezopen, Penvir) que melhoraram o tratamento nos últimos anos e são muito bem tolerados. Ao impedir a multiplicação do vírus, as drogas permitem uma administração por alguns dias, para acalmar a crise. E quando os surtos são muito frequentes (mais de seis por ano), o médico deve prescrever os antivirais de seis a doze meses, para evitar a recorrência.

É importante descobrir o diagnóstico o quanto antes, para que o tratamento também seja feito precocemente, e também porque o surto será de menor intensidade e de menor duração.

Se não tratado, a condição pode levar às seguintes complicações de saúde, como: erupção variceliforme (herpes espalhada pela pele), encefalite, infecção ocular, infecção da traqueia, meningite, pneumonia, infecção prolongada grave em indivíduos imunossuprimidos (sistema imune com baixa atividade).

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