Mundo | 20 de agosto de 2014

Arte ganha espaço em hospitais americanos

Pesquisas mostram os benefícios da arteterapia
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A Arteterapia, que enxerga o sujeito como uma unidade psico-orgânica, atua como um meio facilitador no processo doloroso de quem vive situações limites. A utilização dessa atividade com pacientes debilitados física e/ou emocionalmente em hospitais, ajuda no equilíbrio psico-corporal e tem recebido cada vez mais espaço em hospitais dos EUA.

Ao utilizar diferentes expressões artísticas, como música, pintura, escultura, entre outros, em ambientes de saúde, pesquisadores estão conhecendo mais sobre as formas como a arte pode ajudar pacientes e familiares no processo de cura. Estudos mostram relação direta entre o conteúdo de imagens e a reação do cérebro à dor, estresse e ansiedade, o que leva hospitais a considerar obras de arte não apenas como mera decoração.

Nos EUA, o Eskenazi Hospital Sidney & Lois, em Indiana, aplicou US$ 1,5 milhão na contratação de 19 artistas, que criaram obras focadas “no senso de otimismo, vitalidade e energia”, explicou Lisa Harris, nefrologista da instituição, em reportagem do The Wall Street Journal. “É o caminho necessário para promover a saúde”, completa. A Mayo Clinic, do estado da Flórida, possui um acervo de obras, mas também exibe peças emprestadas de museus. Cleveland Clinic, em Ohio, desenvolve diversas atividades musicais e mostras que adentram os corredores do hospital.

Quase metade dos hospitais norte-americanos tem programas de arte, como aulas de terapia de arte e apresentações musicais, de acordo com o relatório da Arts & Health Alliance, publicado em 2009. Muitas vezes, os fundos para esse fim são fornecidos pela filantropia, ou inclusos em orçamentos de construção de novas instalações. Para a escolha das obras de arte, gestores e administradores hospitalares se voltam para o Guia da Arte Baseada em Evidências (Guide to Evidence-Based Art), da entidade sem fins lucrativos Center for Health Design’s.

A pesquisa sugere que pacientes são positivamente afetados por temas como natureza e rostos positivos, que transmitem sensação de segurança. A resposta é pior à arte abstrata. Um estudo de 1993 descobriu que os pacientes expostos a uma imagem de natureza em um local pós-operatório reduz a ansiedade e o paciente era mais propenso a usar analgésicos mais fracos, em comparação àqueles que viram uma imagem abstrata ou nenhuma imagem.

Outra pesquisa, feita em 2011 em uma instituição do Texas, descobriu que imagens da natureza ajudaram na redução do ruído e de comportamento inquieto em salas de espera. Em 2012, uma publicação do Health Environments Research & Design Journal sobre ambientes de saúde notou que imagens de rostos com medo ou raiva, cenários ambíguos e falta de realismo provocam respostas emocionais negativas no cérebro.

Alguns pacientes relataram ainda, que se sentiram motivados a saírem da cama para ver as obras de arte, o que é positivo, visto que em muitos casos é importante que os pacientes realizem pequenas caminhadas acompanhados de um profissional, como é o caso da recuperação em algumas cirurgias. Já pacientes com transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de ansiedade generalizada relataram melhoria significativa no humor.

'Mike Kelley 1,' video arte por Jennifer Steinkamp exposta na Cleveland Clinic. Foto: The Cleveland Clinic Center for Medical Art and Photography

‘Mike Kelley 1,’ video arte por Jennifer Steinkamp exposta na Cleveland Clinic. Foto: The Cleveland Clinic Center for Medical Art and Photography

'Paths Crossed' por Aaron T. Stephan.  Estrutura presente no Eskenazi Health.

‘Paths Crossed’ por Aaron T. Stephan. Estrutura presente no Eskenazi Health.

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© Jaume Plensa, “Whispering” 2007-2008 (Foto: Thom Sivo Photography). Cleveland Clinic

Eskenazi Health com utilização de obras "orgânicas" que remetem à natureza

Eskenazi Health com utilização de obras “orgânicas” que remetem à natureza

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