Anticorpo em sangue de obesos regula apetite
Imunoglobulinas atuam de forma desregulada junto ao hormônio grelinaOs mecanismos fisiológicos envolvidos na obesidade ainda não foram precisamente esclarecidos. A questão passa por fatores psicológicos, como a Compulsão Alimentar Periódica (também chamada de Binge Eating Disorder), como por outros de origem genética. Recentemente, pesquisadores do INSERM (Nutrição, Inflamação e Disfunção do Eixo Intestino-Cérebro, em tradução livre) da francesa Universidade de Rouen, em parceria com a Universidade de Kagoshima (JAP), afirmaram que anticorpos presentes no sangue desempenham um papel fundamental neste processo. O estudo foi publicado em recente artigo na revista Nature Communications.
O estudo se baseia em experiências realizadas com ratos. Teoricamente, após um período de abundância de alimentos, um complexo sistema de regulação do apetite leva uma pessoa “normal” a comer menos. Para os obesos, esse mecanismo funciona de forma incorreta, sem ter precisão quanto às reservas de alimento e as necessidades corporais.
Ao contrário do que era esperado, o estudo não detectou no sangue desses pacientes, níveis relevantes de grelina, o hormônio que age no hipotálamo para estimular o apetite. Essa peculiaridade levaria a transportar um maior número de hormônios da fome ao cérebro e a estimular a ingestão de alimentos dos pacientes.
Um anticorpo presente no sangue, as imunoglobulinas, possui “diferentes propriedades em pacientes obesos”, diz Sergei Fetisov, principal autor do estudo, em reportagem do jornal Le Figaro. Testada em ratos (normais e obesos), as injeções de imunoglobulinas resultaram em imediato aumento de apetite.
Os pesquisadores identificaram um provável mecanismo de regulação do apetite, mas a questão da obesidade segue complexa. A flora (ou microbiota) intestinal provavelmente desempenha um papel fundamental nesse fenômeno. Devido ao “cérebro no estômago” – conjunto de neurônios no sistema digestivo -, pode-se afirmar que que uma dieta muito rica em gordura durante a infância gera um desenvolvimento desagradável no futuro.